Casar ou renovar os votos naquele que é considerado “o altar do mundo” está a tornar-se uma opção para muitos casais. No ano passado, foram celebrados no Santuário de Fátima 37 casamentos e 565 bodas matrimoniais (288 prata, 240 ouro e 37 diamante).
Segundo dados facultados pela instituição ao JORNAL DE LEIRIA, se antes eram os portugueses que mais procuravam este serviço, nos últimos anos, “a afluência de noivos estrangeiros tem crescido significativamente”.
Dos 37 matrimónios celebrados em 2024, 20 envolveram noivos portugueses e 17 estrangeiros, entre os quais, oito casais brasileiros. Houve ainda um casamento por cada uma das seguintes nacionalidades: Reino Unido, Índia, Cabo Verde, Estados Unidos da América, França, Alemanha, Timor, Moçambique e Holanda.
Entre os noivos que, no ano passado, deram o nó no Santuário estão Camila Navarro e Gustavo Pontes. Ambos brasileiros, ela nascida no Rio de Janeiro e ele em Brasília, viviam separados pelo oceano Atlântico, Camila do lado de lá, e Gustavo, do lado de cá, em Aveiro. Conheceram-se no final de 2021, quando ambos frequentavam um curso de formação online.
Começaram “a conversar com mais frequência” no início de 2022 e, em Junho desse ano, iniciaram o namoro. A relação evoluiu e tomaram a decisão de casar. Um dos passos seguintes foi escolher o local, uma tarefa da qual ficou incumbida a noiva.
“O plano inicial era casarmos no Brasil, mas, durante a pesquisa de igrejas, surgiu também o Santuário de Fátima. Achei incrível. Nunca tinha pensado nessa hipótese, porque não fazia ideia de que era possível”, recorda Camila Navarro, psicóloga clínica, de 34 anos, que já tinha estado, por duas vezes, na Cova da Iria.
Segundo conta, foi “muito fácil” convencer o noivo, que lhe confidenciou que, foi, durante uma visita ao Santuário que tomou a decisão de avançar para “algo mais do que a amizade” que vinham cimentando. “Achou a escolha maravilhosa.”
Dois templos disponíveis
O casamento aconteceu a 19 de Outubro de 2024 na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, um dos dois espaços do Santuário disponíveis para casamentos, bodas e baptizados. A outra possibilidade é a Capela de São José. Na basílica, a celebração “é aberta ao público”, enquanto na capela a cerimónia “é fechada”, esclarece a instituição.
Para Camila e Gustavo, ter estranhos a assistir à cerimónia – durante as celebrações, a Basílica continua aberta à visita de turistas – “não foi problema”. Pelo contrário. Trouxe “uma emoção acrescida”, já que mais pessoas puderam “testemunhar o sacramento” do casamento, uma vez que, da família dos noivos apenas puderam estar os pais de Camila e a mãe de Gustavo.
“Para casar no Santuário, que seja na basílica, que é um lugar lindo. Foi uma experiência muito emocionante”, confessa a psicóloga, que considera “um grande privilégio casar num lugar tão especial”.
Na resposta enviada ao JORNAL DE LEIRIA, o Santuário esclarece que processo para celebração de matrimónio nos seus espaços “desenvolve-se tendo em conta as exigências canónicas para a transferência de processo de matrimónio, habitualmente tratado na diocese de origem dos noivos”.
De acordo com informação disponível no site da instituição, os casamentos apenas são celebrados ao sábado, com dois horários disponíveis, às 12 horas, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e às 15 horas, na Capela de São José. No primeiro caso, o sacerdote é indicado pelo Santuário, enquanto nas celebrações na capela a responsabilidade cabe aos noivos.
Como noutras igrejas, são cobradas taxas, uma de 50 euros destinada ao Santuário de Fátima e outra de 36,50 euros, que reverte para a Câmara Eclesiástica de Leiria. 37