Há pelo menos algumas dezenas de pessoas que já conhecem a experiência de ouvir melódicas a flutuar no rio Lis. A performance (e instalação efémera) de Andreas Trobollowitsch atraiu moradores das Fontes, mas não só, também gente de fora da aldeia, na estreia do ciclo de residências artísticas com foco no som que vai decorrer ao longo do ano de 2025. Uma iniciativa da Omnichord.
Natural da Áustria, Andreas Trobollowitsch esteve vários dias nas Fontes e inspirado pelo ambiente que se vive na aldeia (atravessada pelo rio Lis, que nasce ali) criou um momento inédito (e, ao mesmo tempo, irrepetível) baseado em 20 melódicas, 40 balões e água em movimento. “Uma composição no espaço”, explicou ao JORNAL DE LEIRIA. “Eu sou intérprete, o rio também”.
Em “Santa Melodica (sinking harmonies)”, as melódicas ligadas a balões cheios de ar fizeram soar notas pré-definidas, que se escutaram, com harmonias e melodias influenciadas pela força da corrente e pela posição do público em relação aos instrumentos, num troço de aproximadamente 100 metros e durante cerca de 20 minutos, no domingo, 9 de Março.
“A cenografia é muito importante aqui, sem essa cenografia seria outra coisa”, sublinha Andreas Trobollowitsch, que valoriza todos os imprevistos. “Para mim, é sempre um desafio a realização de um projecto. Muitas coisas podem acontecer. Isso interessa-me”.
A temporada de Fontes Sonoras tem co-direcção artística de Gui Garrido (responsável pelo festival Nascentes) e curadoria de Raquel Castro, investigadora e directora do Lisboa Soa e da associação Sonora. Mistura a exploração do som com a escuta dos lugares, das comunidades e das paisagens naturais.
Em Maio, será a vez de Inês Tartaruga Água e Xavier Paes. A terceira residência, que completará a primeira edição, está marcada para Outubro.