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Home Viver

Livro de parede. O “marisco” do Janardo alimenta um conto escrito a várias mãos

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Outubro 17, 2024
em Viver
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Livro de parede. O “marisco” do Janardo alimenta um conto escrito a várias mãos
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Tarde de domingo, na Biblioteca Sousa Santos, e dezena e meia de pessoas junta-se para trocar recordações do “marisco” do Janardo, o primeiro protagonista do conto que o escritor Paulo Kellerman está a preparar com a população de duas aldeias. Há memórias de uma fonte rebentada a tiro, de viagens de burro para Leiria, de reguadas na escola, dos anos da fome e da guerra, e, não menos importante, da rivalidade com os “vizinhos” de outra povoação acostumados a roubar pela calada os andores das festas religiosas.

“A ideia é montar um livro de parede, que consta de algumas histórias à volta do tema orientador, que é o tremoço”, explica Acácio Bárbara, no arranque da sessão, a primeira em que, depois de escolhido colectivamente o esqueleto do texto, por sugestão da comunidade, se procura tecer o corpo que vai ganhar vida em cada frase.

Durante décadas, o negócio do tremoço une as linhas do tempo de dois lugares – Janardo e Outeiro das Barrocas – com relevância suficiente para sustentar famílias inteiras numa época em que a expressão “família numerosa” nem sempre significava privilégio social ou económico.

Burros e cargas de pólvora

“Em Leiria, as pessoas diziam que o Janardo era a terra do marisco”, mas a origem da actividade, de facto, situa-se no Outeiro das Barrocas e na nascente mais tarde destruída com cargas de pólvora.

“Aquela água era morna” e “transformava os tremoços em farelos”, lembra Maria Emília. “Formava-se um olho, que estava separado das outras águas e depois havia um lago grande. Esse lago, as mulheres construíram lá barracas em madeira. Nasci em 48 e quando nasci já lá estavam. A minha avó era tremoceira. Conheci aquelas mulheres quase todas a vender tremoços”. Na cidade, para onde se deslocavam de burro, já havia clientes certos. “Cheguei a andar mais a minha avó por Leiria, nos bairros, cada tremoceira tinha o seu bairro”.

O tremoço pode não ser marisco, mas, no Janardo e no Outeiro das Barrocas, é assunto sério e há pelo menos um relato que o demonstra. “Eu andava na escola quando ela ainda curtia lá [perto] os tremoços, a Ti’Carnação, em setenta e poucos. Alguns lembraram-se de ir abrir os sacos e tirar uma mão cheia de tremoços. Ela no outro dia foi à escola fazer queixa à professora, levámos todos reguadas”.

Quando a última tremoceira abandonou o ofício, a tradição manteve-se associada a festas religiosas e ao dia do bolinho. E hoje, se há eventos, é quase certo que a Graciete faz uma bacia de tremoços.

Da tarde de domingo, fica muito mais do que conversas relacionadas com o tremoço e o enredo que começa a emergir vai, muito provavelmente, acomodar-se em novos ângulos, que reflectem espírito de solidariedade e resiliência. “A ideia forte é que era uma comunidade muito unida”, explica Paulo Kellerman. E, também, durante anos, isolada.

Rota entre aldeias

Para o escritor de Leiria, “as pessoas que participam nas sessões são o ponto de partida e o ponto de chegada” e “são elas que, com as suas partilhas, despoletam todo o processo criativo, ajudando a definir temáticas, tons” e “abordagens”. Serão elas, também, “que irão examinar o resultado final, avaliando até que ponto se revêem no que foi escrito e definindo a necessidade de ajustes ou alterações”. Esse é mesmo “o principal desafio”: como “criar um texto literário que seja de alguma forma universal, permitindo que qualquer pessoa se relacione emocionalmente com ele, mas ao mesmo tempo em que a especificidade local esteja presente de forma clara e reconhecível pelos participantes no projecto e demais comunidade local”.

“Não pretendo escrever uma estória que seja apenas plenamente compreensível para as populações de Janardo e Outeiro das Barrocas, nem que seja tão genérica que essas populações não revejam nela as suas especificidades”, comenta Paulo Kellerman.

De acordo com a União das Freguesias de Marrazes e Barosa, que apoia a iniciativa, o conto vai ser apresentado em várias fachadas de edifícios e funcionar como roteiro a ligar o Janardo e o Outeiro das Barrocas. Há já uma lista prévia com mais de 20 nomes de pessoas que disponibilizam paredes. O projecto deverá estar concluído no primeiro semestre de 2025.

Catarina Dias: Proteger “tradição” e “identidade”
 
Povoação “aberta” e com “sensibilidade para a cultura”, segundo Catarina Dias o Janardo distingue-se também por ser um território “onde ainda existe muito sentido comunitário” e por ser “um dos dois lugares” da União de Freguesias de Marrazes e Barosa “ainda considerado rural”. Dai, parecer “o local ideal” para “desenvolver o projecto” sugerido por Paulo Kellerman, que, acredita a secretária da União de Freguesias de Marrazes e Barosa, pode proteger a “identidade”, a “tradição” e o “património” construídos ao longo de décadas. Por outro lado, contribui para dissipar o “eventual isolamento” sentido pela população, com “muitos idosos”, e faz com que sejam “apreciados e reconhecidos pelo que sabem e pelas vivências que tiveram”.
Etiquetas: JanardoLivro de ParedePaulo Kellerman
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