A casa onde nasceu a irmã Lúcia, em Aljustrel, Fátima, vai reabrir ao público na sexta-feira, dia 5, após obras de requalificação, que contemplaram uma nova museografia. Em fase de estudo, encontra-se a intervenção na casa de Francisco e Jacinta Marto, localizada também em Aljustrel.
Segundo Marco Daniel Duarte, director do Museu do Santuário de Fátima e coordenador do projecto de museologia do espaço, as casas dos videntes de Fátima recebem, em média, 300 mil visitantes por ano. Número com o qual “só ombreiam alguns monumentos de Lisboa”, salientou o responsável, durante uma visita ao espaço, realizada esta segunda-feira.
Com um custo estimado em 340 mil euros, a intervenção na Casa da Irmã Lúcia abrangeu a requalificação estrutural do edifício, o restauro do mobiliário e a definição de uma nova museografia, que permite uma experiência “mais aprofundada” do espaço, “trazendo para o seu interior o que são as memórias da vidente sobre o tempo” em que ali viveu, entre 1907, ano em que nasceu e 1921, quando saiu de Fátima para seguir a vida religiosa.
Segundo Marco Duarte, a intervenção resulta, por um lado, da constatação de que o anterior projecto museológico, feito nos anos 90, estava “obsoleto”, e por outro, do “aprofundamento da informação” sobre a casa, a partir das memórias e de cartas da vidente, nas quais Lúcia de Jesus descreve a habitação “divisão a divisão”.
“Queremos trazer a sua memória e a sua voz para o espaço, que peregrinos são convidados a redescobrir partir da museologia do século XXI”, refere Marco Duarte, segundo o qual a intervenção quis também evidenciar uma realidade que ainda não fora trabalhada. “Nesta casa havia cultura livresca. Existiam livros. Era um lugar onde se aprendia à lareira. Aprendia-se a rezar, mas também a história dos santos e histórias profanas, a partir da leitura”, assinala o responsável.
Em informação enviada ao JORNAL DE LEIRIA, o Santuário de Fátima fala de “um intervenção minimalista”, que possibilitará aos visitantes usufruírem dos diferentes espaços da casa. “Acrescentaram-se conteúdos a partir da subtileza que os novos recursos tecnológicos permitem, usados com discrição, mas pontuando a casa a partir das palavras que Lúcia usou nos seus escritos quando se referiu” ao edifício.
Entrada gratuita
A entrada dos visitantes faz-se pela designada “casa de fora”, onde sobressai uma fotografia de Lúcia no tamanho real que teria aquando das Aparições, bem como um crucifico dessa época e um relógio que marca a hora em que a vidente nasceu.
Os visitantes podem depois percorrer os vários espaços da casa, que tinha três quartos, sala de tear, cozinha, despensa, onde dormia o único rapaz da família, e a zona do forno.
As ovelhas, que antes da requalificação da casa se encontravam no pátio, foram retiradas, por “não corresponderem à verdade história”, justifica Marco Daniel.
De acesso gratuito, a Casa da Irmã Lúcia pode ser visita todos os dias, das 9 às 13 horas e das 14 às 18 horas, com a última entrada a fazer-se quinze minutos antes do encerramento.