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Home Entrevista

José Manuel Silva: “Os telemóveis estão a ser completamente demonizados”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Maio 30, 2024
em Entrevista
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José Manuel Silva: “Os telemóveis estão a ser completamente demonizados”
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Há vários anos que estuda a educação. Nota evolução nas escolas?
Tem havido uma evolução significativa nos aspectos tecnológicos. Mas, o que me parece é que se está a sentir, cada vez mais, um distanciamento entre aquilo que é a evolução da sociedade, as suas faltas de comunicação e a forma como as escolas funcionam. Se alguém hoje entrar num hospital vai notar diferenças brutais face há 50 anos. Uma pessoa entra na escola e, tirando os aspectos da modernização, o essencial mantém-se. Tem de se fazer um grande esforço para a escola mudar o seu paradigma de funcionamento, porque os alunos têm competências que não tinham e a muitos professores, sobretudo aqueles que já têm mais idade, faltam-lhes muitas vezes competências, até treino, para lidar com crianças que são substancialmente diferentes daquelas que existiam quando eles começaram as suas carreiras. Hoje a capacidade de motivar os alunos para as aprendizagens está muito diminuída, usando as técnicas que se usavam há uns anos.

Como encara a utilização dos telemóveis na escola?
Quando fui para a escola ainda se aprendia a escrever com uma caneta de aparo. Quando apareceram as esferográficas, éramos proibidos de as usar, porque estragava a letra. Os telemóveis estão a ser completamente demonizados, quando é absolutamente impossível deixarmos de os usar. A escola tem de utilizar de uma forma positiva e criativa todos os equipamentos que existem e introduzi-los no próprio processo de aprendizagem. Se todos os alunos têm telemóvel, há imensas coisas que os professores podem fazer com eles nas aulas, utilizando-os de uma forma positiva para os estudantes. Evidentemente que alguns os utilizarão para coisas menos positivas, mas se os professores criarem hábitos de trabalho, tiverem capacidade de mobilizar os estudantes e motivá-los, eles passam a direccionar-se para aquilo que é fundamental.

Por que é tão difícil fazer estas mudanças nas escolas?
Em grande parte é um problema político e de liderança. Em Portugal tem-se feito um esforço reduzido para formar os líderes escolares, porque se parte do princípio que qualquer pessoa serve para dirigir uma escola. Uma escola é uma empresa e não é qualquer pessoa que gere as empresas. Em certos momentos são as pessoas que menos qualidades têm que são postas a gerir as escolas, pois são aquelas que vão chatear menos os colegas. Sem bons líderes as organizações não podem ser boas. O esforço que devia ser feito na formação dos gestores das escolas era fundamental para mudar o próprio ambiente. Temos de construir uma escola onde estão os aprendentes. Isto é, a escola vai ao encontro das pessoas. Não é preciso os alunos irem à escola sempre. Não defendo que as escolas deixem de existir e de serem locais de socialização e de aprendizagem. O que defendo é que as escolas têm de mudar o seu paradigma e ir ao encontro das pessoas onde elas estiverem. Por exemplo, não entendo que esta falta de professores não seja corrigida com aulas online. Isto nem é uma coisa inovadora. Tivemos em Portugal a telescola. Não há aulas porque o Ministério, o sistema, a escola, seja quem for, não cria condições para haver aulas onde quer que estejamos.

Hoje a capacidade de motivar os alunos para as aprendizagens está muito diminuída

Isso resolveria a falta de professores?
Hoje temos condições para assegurar que as aprendizagens chegam a todos os locais. Se uma escola não tem um professor, o Ministério devia garantir que essas falhas eram corrigidas, através de outros docentes que pudessem dar aulas à distância, na própria sala de aula. Poderia estar lá um monitor. Não há nenhuma razão objectiva para os alunos estarem sem aulas.

O ensino no superior deveria ser mais focado para a pesquisa?
Acredito que isso é uma estratégia que está a ser utilizada a todos os níveis de ensino e não só no superior, onde a maior parte dos professores não tem formação pedagógica. É isso que se está agora a tentar fazer com a criação de um centro de excelência pedagógica, que é acrescentar valor à formação dos professores do ensino superior. É a criação de espaços de aula imersivos adequados. Isso implica uma mudança total no paradigma de trabalhar. O professor deixa de ter um papel privilegiado de transmissor de conhecimento para passar a ser um mediador de conhecimento. Essa é uma das questões que constitui um maior desafio para os professores, porque hoje os alunos sabem muitas coisas, às vezes até mais do que os professores relativamente a certas matérias. Temos de ser suficientemente humildes para perceber que hoje um aluno interessado pode ser nosso parceiro no trabalho.

Como é que idealiza a escola, onde os alunos gostem de aprender?
Uma das coisas importantíssimas seria adaptar os currículos à realidade do mundo actual, porque atrevo-me a dizer que uma parte dos programas não vai servir aos alunos para nada. A única coisa que serve é para os maçar e, por isso, é que a escola é uma seca. Quando os professores dizem que os alunos não aparecem nas aulas, desculpem lá, mas a culpa é deles. Se der uma conferência e não aparecer lá ninguém, é porque aquilo que vou dizer às pessoas não interessa a ninguém, não é? Portanto, se tenho uma turma e os meus alunos não aparecem, é porque aquilo que eu digo não lhes interessa. Não consigo motivá-los para eles aparecerem. Outra coisa que me faz imensa confusão é que hoje entramos numa aula e, com raras excepções, o ambiente é de turbulência. Alguém tem de pôr ordem nisto. Quando fui director regional de educação, já lá vão quase 20 anos, visitei várias escolas, e lembro-me de duas escolas PIEF [Programa Integrado de Educação e Formação] em particular. Numa aquilo era uma miséria. Os alunos insultavam os professores, não faziam nada. Noutra era um aprumo. O que é que variava? A direcção. As lideranças são absolutamente decisivas.

O que o levou a fundar a Caregivers Portugal – Associação Portuguesa de Cuidadores?
A nossa preocupação não é com os cuidadores informais. É muito em particular com os cuidadores profissionais, porque, por razões eminentemente políticas, o País tem vindo a dar muita atenção aos cuidadores informais e não se preocupou com os cuidadores formais. Sempre me pareceu que isso era uma atitude errada. Dedicámo-nos à formação de cuidadores profissionais e abrimos essas formações aos cuidadores informais. A associação foi criada em 2017, praticamente como uma spin off, da Escola Superior de Saúde Santa Maria. Temos um curso técnico superior profissional em gerontologia e cuidados de longa duração, que dá formação altamente qualificada a cuidadores. Criámos a associação como uma extensão desse curso. O que temos procurado fazer com a associação tem sido chamar a atenção para a importância dos cuidadores em geral e dos cuidadores profissionais em particular, dando oportunidade aos cuidadores informais para também fazerem formação. Há um princípio que algumas pessoas esquecem, é que não basta amar para cuidar, é preciso saber.

O Governo deveria apostar mais nos cuidadores profissionais?
Obviamente devem estimular e dar todos os apoios aos cuidadores informais e familiares. Mas não esquecer que os problemas que se nos vão colocar no futuro não podem ser resolvidos pelos cuidadores informais, até porque cada vez mais as famílias perdem condições para ter alguém da família ajudar. Os filhos vivem longe, as famílias deixaram de ser o que eram antigamente… A ideia de que a resolução dos nossos problemas na velhice vai ser feita através dos cuidadores familiares não colhe. Tem de ser a rede solidária em conjunto com o Estado, naturalmente, e também com responsabilidade das pessoas. Cada um de nós tem de se preparar para o futuro. É aterrador viver num país como Portugal e pensar que daqui a uns anos as pessoas vão chegar à idade da reforma com meio ordenado ou menos do que isso. Temos de reverter isto. Os miúdos mais novos não podem olhar para o seu futuro e pensar, o que é que eu vou fazer quando chegar a essa altura? Vamos passar os últimos anos de vida na miséria? Temos de ser capazes de criar condições no País para mudar essa realidade. Temos de ser capazes de criar os mecanismos necessários para dar apoio às pessoas, para que possam ter qualidade de vida, mesmo vivendo sozinhos.

Dever-se-ia promover mais a criação de condomínios, onde a pessoa pudesse manter a sua individualidade com apoio diário?
Essa é uma boa solução, mas infelizmente não se tem ido por aí, porque politicamente é muito mais interessante criar lares. Tentámos concretizar um projecto no Porto, que não avançou, que era a criação de um espaço intergeracional. Apartamentos T0 para estudantes e para pessoas idosas, com serviços partilhados. Era uma forma de não criar guetos. Em Espanha têm desenvolvido essas comunidades. Nos Estados Unidos há um projecto federal que permite que as pessoas, a partir dos 65 anos, se possam candidatar a um apartamento, e depois têm um conjunto de serviços de apoio, mas não estão institucionalizadas. Somos muito pela institucionalização, porque permite uma gestão mais barata.

Pôs fim à sua participação na vida política partidária?
Continuo a ser militante do PS. Mas não me revejo na actual direcção do Partido Socialista. Envolvi-me na campanha para as últimas eleições. Apoiei José Luís Carneiro. Neste momento, não tenho nenhuma actividade especial, sou um militante de base, que acompanha criticamente o que se vai passando. Nas reuniões a que vou, digo o que penso.

E ambições políticas?
Ambições políticas não tenho nenhumas. O rumo da política em Portugal é cada vez mais desgostoso. Há uma falta de qualidade brutal nos actores políticos actuais de uma forma geral, tirando um ou outro caso. O debate político, na maior parte dos casos, está inquinado, não se põem os interesses do País acima dos interesses partidários e não posso rever-me em políticos que nunca fizeram nada na vida. A política é uma actividade que deve resultar de uma intervenção cívica. As pessoas na política deviam ter vida profissional, vida social, provas dadas ao serviço da comunidade e depois darem o seu contributo na política. Agora, quem vem de juventudes partidárias e passa para a política sénior e nunca saiu daquela bolha, não conhece o País. A maior parte dos debates que vejo feitos por políticos responsáveis não têm nada a ver com a vida das pessoas. Desloco-me muito de transportes públicos e vejo que entre o comum dos cidadãos e o debate político vai uma distância brutal. É por todas estas coisas que temos o nosso panorama partidário como está. Para aquelas pessoas que não percebem por que é que o Chega tem 50 deputados na Assembleia da República basta olhar à volta. Se isto não parar corremos o risco de ir por um caminho cada vez mais complexo, porque as pessoas não se revêem naquilo que são hoje muitos dos princípios da política. 

 

Percurso
Entre a educação e a política
Natural de Redondo, Évora, José Manuel Silva,74 anos, dedicou parte da sua vida à educação e à investigação na área. Presidente da Escola Superior de Saúde de Santa Maria, é doutorado em Ciências da Educação e foi director da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria durante 11 anos. Tem experiência profissional como docente e gestor nos ensinos básico, secundário e profissional, tendo sido director regional de Educação do Centro e perito avaliador externo da Inspeção-Geral da Educação e Ciência. Foi vereador da Câmara de Leiria pelo PS, tendo cumprido dois mandatos, um deles com o pelouro da Educação e Juventude. Foi várias vezes eleito deputado municipal, tendo exercido o cargo de presidente da Assembleia Municipal de Leiria, entre 2013 e 2017. Fundou e é presidente da Caregivers Portugal – Associação Portuguesa de Cuidadores.

 

Etiquetas: câmara de Leiriacuidadores informaiscuidadores profissionaiseducaçãoensinoentrevistaescola superior de saúde santa mariaESECSJosé Manuel SilvaPSsociedade
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