Walter Salles regressa com Ainda Estou Aqui, um filme lindíssimo que, apesar da realização não estar nomeado para os Óscares, merece uma atenção especial. A sua realização é precisa e emocionalmente envolvente, conduzindo-nos por uma narrativa que conduz para um passado e presente com uma sensibilidade cativante.
O grande destaque vai para Fernanda Torres, cuja interpretação transcende o ecrã. É, sem dúvida, uma das grandes candidatas ao Óscar de Melhor Atriz, conseguindo transportar-nos para o ambiente da sua personagem com uma verdade impressionante. No entanto, apesar do seu desempenho brilhante, não creio que vença – não por falta de mérito, mas porque a concorrência este ano é forte. Ainda assim, seria uma vitória merecida.
A fotografia é outro dos pontos altos do filme. Há um toque nostálgico, usando película antiga, que confere ao passado uma textura mais palpável, mais real. A banda sonora, repleta de música clássica dos anos 70 do Brasil, encaixa na perfeição na imagem, reforçando a carga emocional da história.
Se há algo a apontar, seria um certo arrastar da narrativa a meio do filme. Em alguns momentos, há repetições de sentimentos e informações. No entanto, a montagem de Affonso Gonçalves mantém um ritmo ideal.
No final, Ainda Estou Aqui é um daqueles filmes que puxam a lágrima, por isso, convém ter um lenço por perto. Com uma realização sensível, uma fotografia belíssima e uma atuação inesquecível de Fernanda Torres, é uma obra quase perfeita.