Está consumado o negócio e venda do edifício da Rodoviária em Leiria. O imóvel, propriedade da Rodoviária do Tejo, foi comprado pelo comendador Armando Lopes, empresário natural de Ourém há muito radicado em França, com vários investimentos na cidade do Lis, entre os quais, o Edifício 2000 e o edifício da Companhia Leiriense de Moagem, recentemente requalificado e rebaptizado com o nome de Moagem Heritage.
A transacção foi confirmada ao JORNAL DE LEIRA por Armando Lopes, que não revela o valor do negócio nem do investimento previsto. “Queremos fazer algo interessante para a cidade e modificar completamente essa zona de Leiria com um projecto de qualidade”, promete o empresário, adiantando que o contrato com o arquitecto responsável pelo projecto será assinado no dia 11 de Dezembro.
“É um dos melhores de Portugal e estará à altura do desafio”, limita-se a dizer, sem desvendar o nome. Sobre o futuro do edifício, Armando Lopes explica que o objectivo passa pela requalificação do imóvel para habitação e comércio, com a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, “com cerca de 450 lugares” que servirá de apoio também à zona histórica.
Está ainda prevista “uma fachada em vidro” virada para o Lis. “Não podemos estar de costas voltadas para o rio”, defende o empresário, convicto que a intervenção irá “modificar” toda aquela área.
Uma “excelente” oportunidade
Em relação a prazos, a expectativa do promotor é que a obra possa ser iniciada no princípio de 2025, dependendo, no entanto, da conclusão do novo terminal rodoviário, a construir na zona desportiva e que, segundo presidente da câmara, se encontra “em fase de projecto”.
“Faremos um esforço para que se consiga coordenar os prazos da construção do terminal com a obra no actual edifício da Rodoviária”, avança Gonçalo Lopes, que acredita que esta é “uma excelente oportunidade” para requalificar um “importante” espaço da cidade.
“Termos alguém com a experência do senhor comendador em projectos imobiliários de sucesso em Portugal e em França é um sinal muito positivo, que nos faz acreditar que podemos ter aqui uma intervenção diferenciadora”, afirma o presidente da câmara.
Também Lino Ferreira, presidente da Acilis – Associação de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo da Região de Leiria, olha para a requalificação do edifício da Rodoviária como uma “boa oportunidade” para Leiria.
“Acredito que irá revitalizar aquela zona e que a cidade ganhará muito com isso. Só fica a faltar a pedonalização da avenida [Heróis de Angola]”, defende o dirigente, que espera que possa ser encontrada “alguma forma” de salvaguardar os interesses dos comerciantes actualmente instalados no edifício da Rodoviária.
Para já, os lojistas receberam cartas da Rodoviária a informar que os contratos de arrendamento não serão renovados. “Não sei o que vai ser de nós. Estou aqui há 46 anos e antes já os meus sogros tinham a loja. Agora, temos de ir embora”, desabafa a proprietária de uma loja de roupa, frisando que “há muitas famílias” a depender dos negócios instalados no edifício, que dispõe de 11 lojas.
De fora do negócio, fica a parte do quarteirão que faz esquina entre a Avenida Heróis de Angola e o Largo do Papa, até ao portão da Rodoviária. Ao longo dos últimos anos, houve várias propostas para intervir no edifício.
Em 2008, chegou a entrar na câmara um pedido de informação prévia que apontava para a “demolição” das instalações e a sua transformação num edifício para comércio e serviços. Já em 2019, a Rodoviária do Tejo propunha uma intervenção de fundo, com a alteração da fachada do imóvel desenhado por Camilo Korrodi.