A exposição O Vil Metal promete deixar mais ricos, pelo menos em conhecimento, os visitantes do Armazém das Artes, em Alcobaça, incluindo o público dos 3 aos 18 anos de idade, a quem se dirige o projecto “Mão na Massa” para escolas e famílias, com as sessões “História de Portugal contada por moedas”, “O que têm em comum o dinheiro e o barro?” e “Vem desenhar a tua própria moeda!”, entre outras actividades.
Também iniciativas do programa “Mão na Massa” são a visita guiada “Vem descobrir moedas e medalhas de José Aurélio – com o próprio”, a acontecer em Dezembro, e a leitura dramatizada de um conto inspirado numa das peças da exposição, o pantógrafo, aparelho inventado no século XVII e utilizado para redimensionar figuras, antes dos sistemas digitais.
Inaugurada a 11 de Novembro, com o apoio do Município de Alcobaça, a exposição temporária de longa duração O Vil Metal – que pode ser vista até 3 de Março de 2024 – é organizada em parceria com a Imprensa Nacional – Casa da Moeda e encontra-se distribuída por dois pisos do Armazém das Artes.
No primeiro, é destacada a obra de José Aurélio (fundador do Armazém das Artes) na concepção de moedas (correntes e comemorativas) e medalhas desde a década de 60 do século XX. “Não só introduz cor como muitos outros elementos inesperados”, explica a filha, e gestora do espaço, Maria Manuel Aurélio. “Foi bastante inovador”. Além de aproximadamente uma centena de peças e outros tantos modelos, “praticamente todos os que fez”, está patente o ateliê do artista, deslocado para o edifício. “É sempre incrível termos acesso a estes lugares, que não deixam de ser muito íntimos e privados, como uma mesa de trabalho gasta pelo tempo”. É, em Portugal, um dos mais requisitados e consagrados autores, com participação, por exemplo, nas edições que assinalaram os 25 anos e os 45 anos da revolução de 25 de Abril de 1974, as Olimpíadas de Atenas ou os 20 anos do Euro.
No segundo nível, revelam-se os aspectos históricos e tecnológicos, do fabrico à circulação. “Aprendemos coisas supercuriosas e posso partilhar uma delas, que tem a ver com o facto de o dinheiro poder passar todo o processo mecânico para ser igualzinho à moeda que temos no bolso, dois euros, vamos supor, mas se o Governo não decretar que aquilo é dinheiro, ela não é dinheiro”, comenta Maria Manuel Aurélio.
Um vídeo, duas vitrines e seis painéis informativos apresentam todas as ferramentas, materiais e processos relacionados com a criação, cunhagem e produção, e também conceitos, do passado até à actualidade. Por exemplo, sobre as duas faces da moeda, que se chamam anverso e reverso.
Em Portugal, a Casa da Moeda, única instituição autorizada a produzir moedas, com prensas capazes de aplicar até 300 toneladas por pancada, conta mais de 750 anos de história. O dinheiro é um embaixador silencioso – que movimenta factos ou efemérides – e quem decide que temas são celebrados é um grupo de especialistas da numismática, medalhística e produção de moeda metálica que inclui elementos designados pelo Ministério das Finanças e pelo Governador do Banco de Portugal.
A equipa do Armazém das Artes – equipamento que reabriu em 2023, após 11 anos de interregno – espera receber 4 mil visitantes, até ao encerramento da exposição, em Março. O acesso é gratuito.
Entretanto, nos próximos meses, o Armazém das Artes vai continuar a acolher a iniciativa “Vinil à Hora”, audição e comentário de discos da colecção de Manuel da Bernarda, e deverá receber concertos e inaugurar uma nova exposição.