“Aprendi imenso”, diz ao JORNAL DE LEIRIA. “Foi fantástico”. Aos 30 anos, Daniela Claro estreia-se no cinema e logo com veteranos da representação como Custódia Gallego e Carlos Areia.
A actriz de Pombal, com percurso ligado ao teatro, integra o elenco de A Bela América, de António Ferreira, realizador que anteriormente dirigiu, entre outros, os filmes I (a partir da obra homónima de José Saramago) e Respirar Debaixo d’Água (que entrou na selecção do Cinefondation em Cannes).
São José Correia e Estêvão Antunes lideram a trama de A Bela América, comédia dramática em que o amor tem como pano de fundo assuntos que hoje invadem a actualidade fora do grande ecrã: as desigualdades sociais, o populismo, a ideia de meritocracia na sociedade contemporânea. Ela é América, estrela da televisão que concorre a presidente; ele é Lucas, um humilde cozinheiro (apaixonado por América) que vive com a mãe e fica sem casa depois de um despejo.
“Cada vez mais actual”, conclui Daniela Claro, acerca do ponto de observação adoptado pelo realizador António Ferreira para tratar uma realidade que serve crua, conforme se anuncia na promoção do filme. “Eu sou a Noémia, a melhor amiga do Lucas, que tem um negócio com ele de entrega de comida por aplicativos”.
Atenta ao carrossel político, apaixonada por Lucas, activista, aspirante a jornalista, Noémia “acaba por perceber” que América “é uma farsa”. O primeiro papel no cinema da antiga aluna do Colégio de São Teotónio dá vida a uma personagem “com muitas camadas”, tão “sensível” como “racional”, mas, sempre, empenhada em “tentar desmascarar” a candidata que encanta Lucas como um sonho americano. “Acabei por me inspirar na minha própria experiência”.
A crise da habitação, segundo Daniela Claro, é um dos pontos de contacto da longa-metragem de António Ferreira com o quotidiano do país. “Custa-me imenso”, assinala. “Estamos a priorizar o turismo e as pessoas são despejadas”.
As gravações de A Bela América decorreram nos meses de Novembro e Dezembro de 2021 e Daniela Claro destaca “o ritmo acelerado” que encontrou, após anos de experiência em palcos e ensaios. “É o auge da minha carreira enquanto actriz e acabei por assegurar uma nova oportunidade” – uma pequena participação numa série da TVI.
“Ainda não sou agenciada, é algo que quero tratar agora”, antecipa. “O meu objectivo é conseguir mais trabalho em cinema, e, quem sabe, televisão”.
Entretanto, na companhia ADN de Palco, com sede no concelho de Montemor-o-Velho, Daniela Claro continua a participar em espectáculos de teatro para a infância como O Feiticeiro de Oz, Alice no País das Maravilhas e O Principezinho. Em Dezembro, deverá estrear uma nova peça: O Reino do Gelo.