As deslocações semanais a Rio Maior, Turquel ou Benedita, para que os filhos possam ter acesso ao serviço da Rede Expresso, entraram na rotina de Margarida Jorge, que vive em Arrimal, num dos extremos do concelho de Porto de Mós. Foi assim com o mais velho, que entretanto já terminou o curso em Lisboa, e é agora com o mais novo, também a estudar na capital. “É um serviço básico, que não temos no concelho, obrigando-nos a recorrer aos municípios e distritos vizinhos”, lamenta.
O mesmo desabafo é feito por Leonardo Sousa, que quase todas as semanas faz mais de 150 quilómetros para ir levar e buscar o irmão, que trabalha em Lisboa, ao Expresso a Leiria ou a Fátima. “Infelizmente, não somos caso único. São muitos os utilizadores do serviço que têm de se deslocar a concelhos vizinhos para usufruírem de transporte rodoviário para outros locais, seja em viagens de trabalho, escolares ou até mesmo de lazer”, diz o jovem, que acredita que a implementação do serviço poderia também trazer a Porto de Mós “pessoas vindas de grandes centros turisticamente massificados e que procuram destinos calmos e em harmonia com a natureza”.
A residir na sede de concelho e a estudar em Coimbra, Mariana Pereira optou, este ano, por utilizar o carro nas suas deslocações semanais. “Bem sei que não estou a ser amiga do ambiente, mas o tempo e o combustível que os meus pais gastavam a ir a Leiria ou Fátima para me levar e buscar todas as semanas também pesava”, alega.
Leonardo Sousa aponta ainda a necessidade de criação de um interface rodoviário, que possa acomodar o serviço da Rede Expresso, mas também dar melhores condições a quem utiliza os transportes públicos no concelho e servir de alavanca ao alargamento à rede Vamós. O munícipe recorda que o interface “é uma promessa eleitoral” do actual executivo, defendendo que “deve sair do papel”. “A mobilidade é uma área onde o município precisa de fazer melhorias. As opções são muito poucas”, reforça Margarida Jorge.
O presidente da Câmara, Jorge Vala, reconhece que há trabalho a fazer, mas sublinha os progressos registados, nomeadamente com a implementação do Vamós, cujo reforço está a ser ultimado com a Rodoviária do Lis no âmbito da nova concessão contratualizada pela Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria.
Para já, o serviço contempla duas linhas, servindo apenas as freguesias de Porto de Mós, Calvaria e Pedreiras. “Estamos a articular com a Rodoviária estender o Vamós, numa lógica de serviço à população, mas também de alguma sustentabilidade dos circuitos. Iremos ainda implementar o serviço Transporte a Pedido em algumas freguesias”, adianta o autarca, escusando-se, para já, a avançar mais informação sobre as novas rotas.
Em relação ao serviço de Expresso e ao interface, o presidente da câmara admite que a abertura do novo arruamento junto à escola secundária, com ligação à Avenida Doutor Licínio Moreira da Silva, que funciona como variante a Porto de Mós, possa criar condições para a concretização do projecto. Não há, no entanto, projecto nem prazo para a sua concretização.