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Home Opinião

A Tirania do Frigorifico

Bruno Monteiro, professor por Bruno Monteiro, professor
Outubro 16, 2024
em Opinião
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Somos uma espécie que caminha na Terra há milénios, com uma alimentação enraizada na caça e na recolha de alimentos. À medida que a civilização emergiu, a agricultura trouxe alterações profundas à nossa essência, e a união entre civilização e cerealização moldou, ao longo dos séculos, um novo capítulo metabólico na vasta tapeçaria da nossa existência. A alimentação transcende a mera satisfação de uma necessidade biológica; é uma expressão fundamental da nossa humanidade. Cada escolha alimentar que fazemos não é um acto isolado; é um reflexo das nossas convicções, da nossa cultura e, em última análise, da nossa capacidade de moldar o nosso destino. A célebre reflexão de Eduardo Galeano ecoa a verdade de que somos, na essência, aquilo que fazemos para mudar o que somos.

Ao percorrermos os corredores de um supermercado, somos inundados por uma explosão de cores, sabores e promessas. O marketing, como um mestre astuto, apela aos nossos sentidos, criando a ilusão de que a satisfação pode ser encontrada em produtos ultraprocessados, repletos de sabores artificiais e ingredientes desconhecidos. Ultraprocessados são aqueles que, pela mão da indústria, se afastaram da sua origem, apresentando uma lista interminável de aditivos que pouco têm a ver com a nossa alimentação ancestral.

É imperativo que olhemos além do brilho e do apelo imediato. Estes alimentos, que nos oferecem gratificação instantânea, são frequentemente a raiz do aumento alarmante das taxas de obesidade, diabetes e síndromes metabólicas. A verdadeira batalha não se trava no frigorífico, frequentemente visto como o lar das tentações, mas sim no supermercado, onde as escolhas que fazemos têm um impacto profundo no futuro da nossa saúde.

Neste contexto crítico, devemos lembrar-nos da nossa herança cultural, particularmente da rica tradição da dieta mediterrânica que Portugal orgulhosamente preserva. Uma dieta centrada em alimentos frescos, locais e naturais — como carne, peixe, ovos, legumes e frutas — é o legado de gerações que compreenderam a importância de se conectar com a terra e com os seus produtos. A sabedoria dos nossos avós, que cozinhavam com ingredientes simples e genuínos, deve servir de guia nas nossas decisões alimentares.

Entretanto, a indústria alimentar, na sua incessante busca pelo lucro, exerce uma influência poderosa sobre as nossas escolhas. Os produtos ultraprocessados, elaborados para serem irresistíveis, manipulam os nossos desejos e desviam as nossas prioridades. As suas combinações hipnotizantes de açúcar, sal e gordura não apenas distorcem a nossa percepção do que é alimento, mas também afectam as estruturas sociais que sustentam as nossas comunidades. O resultado é um ciclo vicioso, onde a saúde pública se deteriora sob a pressão das campanhas de marketing que empurram os consumidores para opções prejudiciais.

Quando olhamos para as chamadas “zonas azuis” — regiões do mundo onde as pessoas vivem mais e com melhor qualidade de vida — encontramos não um único alimento mágico, mas sim um padrão de vida que integra alimentos naturais, frescos e minimamente processados, aliados a uma vida activa e a uma coesão comunitária. As dietas nestas regiões variam; algumas são ricas em carne, outras em laticínios ou vegetais. O que une estas comunidades é a diversidade alimentar, a conexão social e o respeito pelos ritmos da natureza.

No entanto, o panorama global das últimas cinco décadas é preocupante. A Organização Mundial da Saúde relata uma triplicação da obesidade desde 1975, afectando mais de 650 milhões de adultos em todo o mundo. Em Portugal, cerca de 27% da população adulta enfrenta o mesmo destino. Diante desta realidade, que devemos fazer? Como podemos mudar o nosso rumo?

A resposta está em repensar as nossas escolhas alimentares. Ao optar por produtos mais naturais e simples, não só promovemos a nossa saúde, mas também resgatamos a sabedoria ancestral que valoriza a qualidade sobre a quantidade. Cada decisão no supermercado, cada escolha em prol do genuíno e do saudável, tem o potencial de moldar não apenas o nosso corpo, mas também a sociedade que nos rodeia. Neste vasto universo interconectado, as nossas escolhas reverberam através do tempo e do espaço.

Assim, a tapeçaria da nossa vida é tecida a partir de um conjunto de escolhas e caminhos, onde a alimentação, o sono e o bem-estar formam o cerne do nosso equilíbrio. Respeitar a nossa rica herança cultural torna-se uma missão essencial. As decisões que tomamos hoje não afectam apenas o nosso bem-estar individual, mas também o da sociedade e das gerações futuras. Devemos aspirar a um futuro onde a saúde e a felicidade sejam as verdadeiras medidas de sucesso, onde o valor dos alimentos naturais supere o apelo do lucro fácil.

Deste modo, ao fazermos escolhas acertadas, não só evitamos os problemas que nos cercam, mas também criamos um mundo onde a alimentação é um acto consciente, onde cada refeição é uma celebração da vida e uma oportunidade de coesão familiar. Se nos mantivermos fiéis a esse caminho, poderemos um dia olhar para trás e ver que a nossa vida foi tecida com decisões sábias, moldando um futuro melhor — um futuro que somos nós.

Etiquetas: Bruno Monteiroopinião
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