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Home Abertura

Tradição e futuro. Há 490 músicos nas filarmónicas do concelho

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Outubro 8, 2023
em Abertura
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Tradição e futuro. Há 490 músicos nas filarmónicas do concelho
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Lá fora, roncam os motores do Leiria Sobre Rodas; do lado de dentro, no Teatro José Lúcio da Silva, plateia vazia e o palco entregue aos músicos da Associação de Filarmónicas do Concelho de Leiria (AFCL) que preparam o espectáculo com o cantor e compositor Tiago Bettencourt.

Durante o ensaio, escuta-se a mais conhecida de todas: a “Carta”.

Rita Duarte posiciona-se no naipe de clarinetes, quase ao centro. “Podemos fazer coisas pop rock, podemos fazer um concerto de bandas sonoras de filmes, somos muito versáteis”, diz ao JORNAL DE LEIRIA. O compromisso “é exigente” e implica profissionais (são cada vez em maior número) e amadores, “que semanalmente trabalham para os resultados saírem”.

Ela tem 21 anos, estuda no Porto e mantém viva a história da família iniciada pelo bisavô materno na Filarmónica do Arrabal, em que conta com a companhia da mãe, que também toca clarinete. De geração em geração, há uma luz que não se apaga. “Venho todas as semanas a Leiria para não faltar aos ensaios da minha banda”, assinala. “Os meus melhores amigos quase todos são da Filarmónica”.

A meio da tarde, troca de regentes. A direcção do conjunto de 60 instrumentistas é partilhada e Simão Francisco, em representação da SAMP – Sociedade Musical Artística dos Pousos, dá momentaneamente o lugar a Paulo Clemente, da Filarmónica de São Tiago de Marrazes, que comenta: “Não são só festinhas e arruadas. Hoje, as bandas têm possibilidade de tocar em qualquer lado e com qualquer artista porque têm músicos que são capazes de o fazer”. E colaborações com figuras como Tiago Bettencourt contribuem “para a captação de público”.

A banda sinfónica da AFCL existe há 10 anos e é constituída por uma selecção de elementos das 11 filarmónicas do concelho de Leiria, que, no total, juntam 491 músicos, dos quais, segundo estimativas da associação, 15% são profissionais (músicos e professores de música). A mais antiga é a Filarmónica de Nossa Senhora da Piedade, de Monte Redondo, fundada em 1872. No ano seguinte, surgiu a SAMP, conhecida por ter tido Eça de Queirós como associado e cujo primeiro presidente, o Barão de Viamonte, dá o nome à rua a que todos chamam Rua Direita. Só em Sintra e Figueira da Foz existe o mesmo número de bandas.

Em 2024, em data por definir, vai estrear-se um novo colectivo, para músicos com mais de 55 anos de idade. Passam a três, as formações criadas no contexto da AFCL: a banda veterana, a banda sinfónica e o ensemble de sopros, constituído por profissionais, e estudantes de licenciatura em instrumento, com direcção artística do maestro Alberto Roque.

O ensemble de sopros (estabelecido em 2020) tem sido responsável pela gravação e edição (áudio e texto) dos Cadernos Filarmónicos, disponíveis nas plataformas digitais de streaming, que vão para o quinto volume em 2024 (com obras de Beethoven, Alfred Reed, Serge Lancen, Marcos Romão e, no próximo ano, Fernando Lopes Graça).

“Dados retirados em Março mostram-nos que nas gravações dos três cadernos já publicados já foi atingida a marca do meio milhão de ouvintes”, adianta o presidente da AFCL, Nuno Pedrosa. “Este agrupamento tem gerado grande aceitação e uma onda de elogios no meio musical, tanto a nível nacional como internacional, projectando Leiria como região demarcada de sopros”. Alberto Roque acrescenta que o projecto, “na sua vertente gravada, já foi ouvido em mais de 70 países”.

Filarmónicas do concelho de Leiria
 
Monte Redondo: fundada em 1872, 35 músicos
Pousos: 1873, 55 músicos
Maceirense: 1875, 56 músicos
Cortesense: 1878, 45 músicos
Marrazes: 1880, 50 músicos
Chãs: 1896, 48 músicos
Arrabal: 1899, 41 músicos
Bidoeirense: 1920-1954, refundada em 1978, 25 músicos
Caranguejeira: 1945, 53 músicos
Soutocico: 1946, 53 músicos
Bajouca; 2003, 30 músicos

No último ano, o ensemble de sopros da AFCL esteve envolvido na masterclass e no concerto dirigido pela maestrina eslovena Andreja Šolar durante a pós-graduação em Direcção de Bandas oferecida pelo Politécnico de Leiria, a única do género em Portugal, com Lisboa (licenciatura) e Aveiro (mestrado). Em Novembro, irá apresentar-se com o Quarteto de Cordas de Matosinhos no âmbito do ciclo Cordas Sopradas que está a desenvolver em parceria com o Teatro José Lúcio da Silva.

A colaboração com a Leiria Cidade Criativa da Música, por outro lado, tem resultado na encomenda e apresentação de novas composições originais para sopros, de que são exemplo o programa O Som das Palavras, executado ao vivo no dia da cidade a 22 de Maio de 2022, sobre textos de Rodrigues Lobo, Camões e Kurt Schwitters, ou o concerto dedicado ao centenário de José Saramago inserido no I Festival Leiria Cidade Criativa da Música, em Novembro, também no ano passado.

O maestro convidado, o inglês Nicholas Reed, “ficou completamente abismado com o nível” dos instrumentistas, conta Daniel Bernardes, director da Leiria Cidade Criativa da Música. “Se temos esta distinção da Unesco é porque há uma validação e um reconhecimento dos números e desta realidade, que é incontornável”, conclui.

No ensemble de sopros da AFCL actuam músicos que aprenderam “o b-a-bá” nas filarmónicas e que actualmente ombreiam com os melhores, em Portugal. “Eles próprios têm a ambição de se internacionalizarem”, refere Daniel Bernardes. Um dos objectivos da Leiria Cidade Criativa da Música passa por proporcionar condições para se “exportar cada vez mais essa qualidade, através de parcerias internacionais”, explica. “É a nossa identidade”.

Também a banda sinfónica da AFCL vem trazendo a Leiria maestros nacionais e internacionais de referência, entre eles, já em 2023, no Concerto de Ano Novo, o suíço Felix Hauswirth.

Entretanto, as filarmónicas da AFCL continuam a assegurar romarias, arruadas e festas, entre outros serviços, como a cerimónia das comemorações do 25 de Abril, a abertura da Feira de Leiria e o tradicional desfile.

Durante o ensaio no TJLS (Fotografia de Ricardo Graça)

Nas várias freguesias, a dimensão social e humana das filarmónicas não esmorece. “A banda sempre foi e continua a ser um espaço de e para todos, onde não há lugar para qualquer tipo de discriminação ou preconceito. A banda integra lado a lado novos e velhos, ricos e pobres, brancos e negros, pessoas das mais variadas profissões, onde o objectivo é transversal a todos: tocar música em conjunto”, aponta o investigador Bruno Madureira. “As crianças e jovens aprendem a cumprir horários e regras e são-lhes transmitidos valores éticos e morais. Há uma hierarquia a ser respeitada e uma grande noção de grupo”.

Durante décadas, mais de um século, as bandas “substituíram o Estado na sua missão de proporcionar aos cidadãos o ensino da música”, lembra Bruno Madureira. “Foram a grande escola de música do nosso país”. Onde não existe outra oferta, ainda são. “A rede de ensino oficial de música não chega a todo o território, sobretudo fora dos centros urbanos, e é aí que as bandas continuam a desempenhar um papel importante”.

A maior ameaça que enfrentam será, provavelmente, o ritmo a que a sociedade se transforma. “Hoje os jovens têm mais opções e é preciso cativá-los”, afirma Paulo Clemente. São necessários recursos financeiros, também, para pagar aos que querem seguir uma carreira na música. E mais conhecimento e uma gestão mais organizada. Para o presidente da AFCL, Nuno Pedrosa, “o principal desafio das bandas continua a ser a sua afirmação enquanto pólos de dinamização cultural, no plano musical, nas comunidades em que estão inseridas”.

A sustentabilidade económica e a integração de novos elementos, os horários e os compromissos familiares dos músicos, são outros temas por resolver. “Antigamente eram mais territoriais e bairristas na sua vivência diária, e as filarmónicas eram o complemento ideal depois de uma semana de trabalho”, nota Nuno Pedrosa.

Entre o passado e o futuro, há o sonho de uma banda sinfónica profissional em Leiria, com quadro permanente e estrutura de apoio. “É possível, se o município quisesse apostar e ter uma orquestra. Mas custa dinheiro. Músicos há e até seria uma forma de os fixar”, conclui Paulo Clemente.

Alberto Roque: “Mundo da música profissional”

JL – O que diferencia Leiria de outras regiões na música de sopros?
AR – As suas 11 bandas filarmónicas e o que a sua associação, com o apoio do município, tem realizado com toda essa matéria-prima. A nível nacional apenas os concelhos de Sintra e Figueira da Foz têm o mesmo número de bandas. Ao longo dos últimos anos, a Associação das Filarmónicas do Concelho de Leiria conseguiu criar a sua banda sinfónica, que realizou a sua estreia a 5 de Janeiro de 2013. Estamos a celebrar 10 anos deste importante projecto que tem trazido maestros nacionais e internacionais de referência, permitindo aos músicos das nossas 11 bandas o contacto com o grande repertório original para banda, representativo de diversos países, compositores e estéticas. Tem também servido como importante veículo de formação. Em 2020, a associação deu mais um importante passo ao criar o seu ensemble de sopros, formado por músicos profissionais que iniciaram a sua formação nas nossas 11 bandas filarmónicas.

JL – A percentagem de músicos que são profissionais cresceu, nos últimos anos, no universo das filarmónicas?
AR – O nosso concelho tem assistido a um forte crescimento de músicos que escolhem o mundo da música como actividade profissional. Vários deles optam pela carreira de professor e outros pela carreira de músico nas diversas bandas militares.

JL – O que mais importa destacar no trabalho que a AFCL tem desenvolvido?
AR – O projecto que destacaria, quer pela sua originalidade quer pelo alcance que o mesmo tem, são os Cadernos Filarmónicos. Na sua vertente gravada, já foi ouvido em mais de 70 países.

* Nota: na versão impressa do artigo, erradamente, escreve-se que o quinto Caderno Filarmónico será dedicado a Sérgio Azevedo, quando, na verdade, será dedicado a Fernando Lopes Graça, embora incluindo música de Sérgio Azevedo

 

Etiquetas: Associação de Filarmónicas do Concelho de LeiriaFilarmónicasLeiria
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