Os relatos de agressões na noite da região têm-se sucedido, com vídeos a circular nas redes sociais e com a polícia a ser chamada sistematicamente. A falta de efectivos das forças de segurança é o principal problema apontado por quem trabalha em bares e discotecas.
Pedro Marques, proprietário do Nalu Beach na Nazaré, foi obrigado a chamar as autoridades locais, na semana passada, quando dois clientes “desrespeitaram as normas da casa e tentaram subir para o espaço do DJ”. “Foi-lhes pedido para saírem e mantiveram uma postura de insultos e de desafios para com a equipa de segurança”, revela ao JORNAL DE LEIRIA.
Segundo Pedro Marques, falta policiamento junto aos estabelecimentos nocturnos. “Se estivessem presentes inibiria algumas situações. Primamos pela segurança do estabelecimento, pelo que defendo o reforço da polícia. Há colegas que não gostam de ter a polícia à porta. Eu até prefiro”, sublinha.
Este empresário nota que, depois da pandemia, “as pessoas têm comportamentos menos pacientes”.
Esta é também a perspectiva de Marciano, músico e DJ de Leiria, que acrescenta que as “pessoas estão com comportamentos mais extremistas e o rastilho é menor”.
Sentimento de insegurança
Marciano constata que lhe têm relatado “episódios de agressões” em bares e discotecas. “Nota-se que o ambiente já não é tão descontraído quanto isso. Esta também é a evolução dos tempos. O mercado de trabalho trouxe mais pessoas estranhas à cidade e, por vezes, pode haver um choque de culturas”, afiança o músico, ao referir que Leiria sempre foi uma cidade tranquila.
“O nível de insegurança aumentou bastante. Sentimo-nos demasiado desprotegidos, porque não há polícia. Ainda há dias chamei a polícia, já depois dos bares fecharem, porque estavam com colunas na rua a fazer barulho. A resposta foi que não tinham efectivos para ir à ocorrência”, relata Filipe Oliveira.
Um dos proprietários do bar Os Filipes, em Leiria, acrescenta que também receia quando fecha o estabelecimento e se dirige sozinho para o carro. “Não há policiamento e tenho sempre medo de poder ser agredido para me assaltarem”, diz, ao acrescentar que “mais de 99% das pessoas que saem à noite é “apenas para beber uns copos com os amigos e se divertir”.
“Há uma pequena percentagem que causa problemas e tem de ser controlados. A solução não é fechar casas, pois está-se a transferir o problema para outro lado”, constata.
Referindo que os bares e discotecas são importantes para a economia local, o empresário diz compreender os agentes, que acredita que também se “sentem desamparados”, por serem poucos. “Não é um problema da polícia, mas político.”
Um outro DJ, que prefere o anonimato, defende o consumo mínimo obrigatório nas discotecas, de modo a tentar controlar alguns clientes, apontando também a falta de policiamento como uma das causas para o aumento da insegurança.
“Só as câmaras de videovigilância não conseguem controlar tudo, se não houver polícias na rua. Estamos a viver um fenómeno cultural e social, que se tem repercutido em algumas situações de violência. Mesmo durante o dia, tem havido mais assaltos”, constata.
O comandante distrital da PSP, José Figueira, afirma que está a “decorrer o programa Fábio Guerra – direccionado para a segurança nas zonas de diversão nocturna – onde os “meios estão visíveis” junto de bares e discotecas.
“Leiria está mais insegura. Como cidadão e como pai preocupa-me e deve-se, em parte, à falta de meios que existe”, admite Rui Gaspar, representante da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.