Sete idosos com idades entre os 70 e os 92 anos saem hoje do Centro Social Paroquial dos Pousos, em Leiria, para cumprirem o percurso dos Caminhos de Santiago, com as devidas adaptações à sua idade.
O projecto Academia dos Sonhos tem vindo a cumprir os desejos de muitos idosos, alguns em fim de vida. Alexandra Neves, secretária da direcção, salienta que têm realizado “acções muito disruptivas” e “personalizadas”.
Além do trabalho que é desenvolvido individualmente com os idosos, há também acções em conjunto, como a que levou um grupo de idosos a estar com o Papa Francisco, em Roma, no ano passado.
“Este ano quiseram fazer os Caminhos de Santiago. Claro que será adaptado a eles e às suas idades. O peregrino mais velho que temos tem 92 anos”, salienta Alexandra Neves, que irá acompanhar os sete idosos com mais nove cuidadores, onde se inclui o pároco da instituição, uma enfermeira, membros voluntários dos órgãos sociais da instituição e cuidadoras formais.
O planeamento do percurso foi estudado ao pormenor. Os idosos irão percorrer o caminho um bocado a pé, um bocado de cadeira de rodas e ainda de carrinha, num total de cinco a seis quilómetros diários. Ao longo dos quatro dias, o grupo terá momentos espirituais, culturais, gastronómicos e turísticos. A primeira paragem será em Vila Praia de Âncora.
“Procurámos um trajecto que fosse plano e sem obstáculos”, explica Alexandra Neves, ao acrescentar que depois de pernoitarem em Valença, seguirão para Tui, passando a ponte de cadeira de rodas.
Em Padrón, os idosos vão visitar a pedra da barca de Santiago. A última etapa é cumprida pelo caminho francês, pelo trilho do Monte do Gozo à Catedral de Santiago de Compostela. Chegados ao destino, o grupo irá assistir à missa do peregrino e receber depois o certificado do peregrino em cadeira de rodas.
Alexandra Neves revela que este projecto da Academia dos Sonhos pretende “inspirar” outros a proporcionar “toques de felicidade” e afiança que a instituição “não gasta um euro do seu orçamento”.
“Os custos são suportados através de angariação de fundos e das políticas sociais das empresas, que contribuem com um apoio. O objectivo é que nem a instituição nem as famílias dos utentes tenham de gastar dinheiro. Tentamos, por isso, envolver a comunidade e as empresas locais”, reforça.