Na passada quinta-feira, a Direcção- Geral de Saúde (DGS) e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) recomendaram, no seguimento da detecção de – até então -187 casos suspeitos de toxinfecção alimentar, associados ao consumo de broa de milho, que se evite o consumo deste alimento.
Mas ainda a recomendação não tinha sido feita e já as vendas tinham caído a pique em muitas lojas, fruto de receio que se generalizou entre a população. Para muitos fabricantes e vendedores, a opção foi mesmo suspender a produção e a venda deste produto.
“Neste contexto de suspeita [LER_MAIS]de toxinfecção alimentar, é recomendável que se interrompa o consumo deste alimento nas áreas geográficas identificadas, enquanto decorre uma investigação por parte das autoridades competentes. Esta é uma medida preventiva e de carácter transitório. Assim, até que este alimento seja considerado seguro, apela-se à colaboração dos cidadãos”, consideravam a DGS e a ASAE.
As zonas onde foram diagnosticados casos relacionados com o consumo de broa, e para onde esta recomendação foi emitida, foram os distritos de Leiria (concelhos de Pombal, Ansião, Leiria, Marinha Grande e Pedrógão Grande), Santarém (concelho de Ourém), Coimbra (Figueira da Foz, Condeixa-a-Nova e Coimbra) e Aveiro (Ílhavo e Vagos), especificavam as autoridades.
No distrito de Leiria, antevendo que a broa de milho deixasse de se vender por completo, várias padarias decidiram suspender a sua comercialização logo no dia seguinte ao comunicado das duas entidades. “No nosso caso, a quebra de vendas não representa prejuízo com expressão. Porque não é um produto que vendamos em grande quantidade”, explicava Rosa Gaivoto, responsável pela Real Padaria, estabelecimento de Leiria com fabrico próprio.
“O nosso fornecedor contactou-nos e informou que não temos nenhum dos lotes de farinha que estão a ser analisados. Mas, mesmo assim, vamos suspender a venda a partir de amanhã”, comentava Rosa Gaivoto, para quem não faz sentido produzir um produto que não terá saída.
Também Ernesto Cunha, proprietário do Intermarché da Marinha Grande, onde se vendiam “centenas” de broas por dia, refere que a opção do supermercado foi suspender a venda de broa, quer o produto fresco, que chega ao Intermaché pronto a vender, quer a broa ultracongelada e pré-cozida, cuja confecção é concluída na sua loja.
O empresário não teve conhecimento de alguém que tenha tido toxinfecção com broa adquirida no seu estabelecimento, mas, antecipando que os clientes iriam parar de comprar, teve a iniciativa de retirar este artigo do supermercado. Contudo, acredita que não terá prejuízos, porque o cliente continuará a comprar outro tipo de pão.
Convicção diferente tem Nuno Almeida, proprietário da Ritus do Pão, insígnia que conta com fabrico próprio e pontos de venda em Amor, Monte Redondo e Telheiro (Leiria) e também no Reguengo do Fétal (Batalha), de onde costumavam sair diariamente 70 a 80 unidades, mas que na semana anterior à recomendação da DGS e ASAE só tinha vendido oito.
“Consigo assegurar que a nossa farinha é boa, fornecida por um produtor com moinho nas Cortes”, salienta Nuno Almeida, que se congratula com os resultados das análises ali feitas recentemente pela Direcção-Geral da Alimentação e Veterinária e pela ASAE. No entanto, reconhece que as pessoas estão receosas e que, até tudo ser apurado, é preferível suspender as vendas.