Filas para entrar, claques com cânticos ensaiados e bancadas cheias. Este foi o cenário do Torneio de Futsal S. Pedro, no concelho de Porto de Mós, que ano após ano tem atraído mais equipas e público.
O Verão é propício à realização de torneios que esquecem a rivalidade entre clubes e dão primazia ao convívio entre as gentes das aldeias, que olham para estes eventos como um ponto de encontro e de amizade.
Pelo território, espalham-se os eventos que ora pretendem angariar fundos para as festas das freguesias, ora visam revitalizar os clubes que não desenvolvem actividade federada.
Esta última opção é o caso do Torneio de Futsal S. Pedro, organizado pelo Município de Porto de Mós em parceria com a associação que vence a competição do ano transacto. Segundo Eduardo Amaral, vereador com o pelouro do Desporto, têm “aumentado o número de pessoas a participar, bem como o número de equipas masculinas e femininas”.
“É uma forma de poder revitalizar os clubes, já que grande parte deles não desenvolve o desporto federado”, adianta o responsável, ao detalhar que os participantes têm de ser naturais ou residentes no concelho de Porto de Mós.
O torneio masculino viu realizada a sua 11.ª edição, enquanto o feminino surgiu pelo segundo ano, e os números são surpreendentes: mais de 350 jogadores entraram em campo, entre 21 equipas masculinas, quatro femininas e seis equipas das escolinhas, sem esquecer os 30 árbitros envolvidos.
Em média, ao longo do mês de Junho, o Pavilhão Municipal contou com três jogos por noite, graças ao calendário exigente e à adesão da população.
“O pavilhão enche porque também é uma altura em que as pessoas estão disponíveis. Acabam por vir ver a equipa da sua terra e isso também faz com que haja uma sensação de apoio directo, com a constituição de claques. Quanto mais fortes são as comunidades, mais fortes são as associações”, explicou o responsável pela pasta do Desporto, ao mencionar que Porto de Mós tem apenas cinco clubes que desenvolvem futsal federado, o que prova a adesão das restantes entidades associativas que promovem desporto amador.
Eduardo Amaral referiu ainda que a organização desenvolveu uma parceria com o Núcleo de Árbitros de Porto de Mós, que assegurou a terceira equipa em campo e apostou nos talentos mais jovens, a iniciar carreira.
Rivalidade saudável
Por sua vez, em Chãs (freguesia de Regueira de Pontes, em Leiria) o clube local organizou, uma vez mais, um torneio 24 horas considerado histórico. “Se não tem 25 anos, é quase”, adianta o presidente do Clube Recreativo de Chãs, Hélio Vieira.
Cerca de 150 atletas divididos por 12 equipas passaram pelo ringue cimentado deste clube, fora as centenas de pessoas que se deslocaram ao local para assistir e, claro, visitar o bar, que não teve mãos a medir.
“O campo transforma-se numa reunião de amigos, onde o convívio é excelente e só há lugar para a brincadeira.” Dentro de campo, a conversa é outra, uma vez que “toda a gente quer ganhar, sejam conhecidos ou não”.
Mas o torneio é pautado por uma rivalidade saudável, que dá lugar a brindes e risos entre adversários após o apito final.
O torneio, realizado no último fim-de-semana, permite angariar fundos para desenvolver a actividade do CR Chãs, que volta a apostar na equipa principal de futsal para disputar os lugares cimeiros da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Leiria.
Ainda no mesmo concelho, os mordomos das Festas da Bidoeira de Cima deram seguimento ao torneio histórico cuja memória já não consegue recordar o seu início. “Existe pelo menos desde 2010”, garante Bruno Lisboa, um dos organizadores, que este ano introduziu a novidade do torneio feminino, conseguindo angariar cinco equipas, às quais se somaram doze conjuntos masculinos, totalizando cerca de 200 atletas.
“Já é tradição. Mesmo não havendo a comissão de festas, a população pergunta se há torneio ou não”, afirma o responsável.
Apesar de aberto a toda a comunidade, o torneio, que terminou apenas no último fim-de-semana, funciona como um ponto de encontro para os habitantes de Bidoeira de Cima.
“As pessoas da terra sabem que neste mês têm de ir lá à noitinha beber um cafezinho.”
Com um ambiente que evidenciou o espírito de união daquela comunidade, Bruno Lisboa espera que a próxima comissão de festas mantenha o torneio, que ajuda a recolher receita para as celebrações de Agosto.