No contexto actual, quando se acendem várias guerras em vários pontos do globo e, ao mesmo tempo, se multiplicam fenómenos extremos, como a seca, ondas de calor e incêndios, consequência das alterações climáticas, o Parque Tecnológico de Óbidos prepara-se para receber o Centro de Excelência para a Gestão de Risco, Segurança e Resiliência.
A notícia foi avançada ao JORNAL DE LEIRIA por Miguel Silvestre, director-executivo do parque, quando este assinala o 10.º aniversário dos edifícios centrais.
“Não se trata apenas de um centro dedicado ao combate ao cibercrime, mas de algo mais abrangente. O objectivo é fazer também a gestão de risco associado a fenómenos ambientais e até de questões geo-políticas”, salienta o responsável.
O parque prepara-se ainda para receber um investimento da Valvian, startup liderada por Nuno Prego Ramos, que quer instalar em Óbidos “um centro de produção e investigação científica com ambição europeia, reforçando o posicionamento de Portugal como território de inovação em saúde, farmacologia e inteligência artificial”.
O projecto integra unidades de I&D e uma fábrica de produção biotecnológica avançada, prevendo-se a criação de dezenas de postos de trabalho altamente qualificados e o fortalecimento do ecossistema tecnológico da região Oeste, refere o responsável.
“Este investimento confirma a capacidade do Parque Tecnológico de Óbidos em atrair empresas de base científica com visão global. A aposta da Valvian demonstra que é possível fazer ciência e tecnologia de ponta fora dos grandes centros, promovendo desenvolvimento económico, atracção de talento e inovação com impacto real na sociedade”, sublinha Miguel Silvestre.
Além do centro de biotecnologia, Nuno Prego Ramos anunciou também o desenvolvimento do projecto Hospital do Futuro, que irá recorrer à inteligência artificial para melhorar os cuidados prestados no Serviço Nacional de Saúde, tornando-os mais eficazes, acessíveis e sustentáveis.
Miguel Silvestre adiantou ainda que, para breve, está também a criação de um data center neste parque tecnológico, com área superior a mil metros quadrados, que resultará de um investimento privado.
Uma década de crescimento
Desde que foi constituído, o parque tem vindo sempre a somar empresas, nacionais e multinacionais, de diferentes dimensões e graus de maturidade, cumprindo o objectivo de promover sinergias e partilha de conhecimento.
Actualmente, existem cerca de 70 empresas no parque, 40 das quais integradas através de escritório virtual.
No total, as empresas mantêm 300 pessoas a trabalhar em permanência nas instalações de Óbidos.
Além de ter atingido praticamente a sua capacidade máxima nos edifícios centrais, o parque já vendeu todos os 29 lotes em seu redor.
Cinco dos quais têm unidades construídas e outros tantos têm projectos em fase de licenciamento na câmara, contabiliza Miguel Silvestre.
A maior parte das empresas instaladas são de software, tecnologias da comunicação e da informação, aplicada a diversas áreas de actividade.
O futuro centro de biotecnologia, por exemplo, irá reforçar a área da saúde, onde já actuam várias empresas do parque.
Mas são também relevantes as empresas que operam com inteligência artificial e a aplicam em domínios como a pedra ou a agricultura, exemplifica o director.