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Nadar no céu

João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO por João Lázaro, psicólogo clínico e director do TE-ATO
Maio 30, 2024
em Opinião
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Peixe-Otto, o Primeiro (cognome aposto após lhe ter sido encontrado sucessor), foi nado num qualquer tanque plebeu, pelo que nunca mereceu nome de batismo que o diferenciasse dos demais seus irmãos e congéneres. Veio para aqui em tamanho pequeno, oferta de uma paciente que generosamente mo entregou num aquário redondinho, com a intenção de me dar sorte. Dizia a senhora que um peixe me ajudaria no negócio.

Entrementes achei acanhado aquele T0 circular e comprei um aquário retangular e mais espaçoso para o meu solitário peixe. Confirmo augúrio porque, pelo menos, todos os pacientes se encantavam com o cobreado das suas escamas e o leque de várias folhas da sua enorme barbatana caudal, e por apreciação prévia do ar cuidado que o Peixe-Otto I apesentava, presumiam que também haveria de saber cuidar deles. Creio que viveu feliz e gordo.

Nunca lhe ouvi uma queixa e uma e outra vez encontrei-o de barriga para cima num prenúncio de morte, pelo que lhe massajava delicadamente o ventre, ele fazia um cocózito maior que o costume e voltava à posição que lhe é natural. Assim coabitámos numa cumplicidade muda durante oito anos. Morreu, claro está!, como cumpre a tudo o que está vivo.

Pensava eu ser um recorde de longevidade até que ao ir a uma loja comprar outro que lhe viesse ocupar o espaço (não o lugar, que esse nunca é substituível por quem ou o quê vem depois), o meu filhote que me acompanhava para ajudar a escolher o sucessor comentou triunfante que o peixe tinha durado todos aqueles anos, ao que o senhor da loja (talvez estivesse num dia amargo, talvez?!), respondeu grosseiro: “E depois? Nos rios chegam a viver o dobro ou o triplo!”

O meu puto ficou triste na desilusão de saber que afinal a provecta idade do Peixe-Otto I não era assombrosa. Eu senti-me ofendido e vinguei-me escrevendo uma peça de teatro em que o nome dele seria relembrado enquanto protagonista. Agora tenho aqui ao alcance da vista o Peixe-Otto, dito o II, da sua nobre linhagem. É de um acinzentado indefinido e menos exuberante nas barbatanas. Discreto, portanto.

O aquário está perto de uma janela porque acredito que se ele olhar para cima pelo menos vê o azul à superfície e sempre se deve imaginar a nadar no céu. Já por aqui está há seis anos – sim, agora sei que não é nada de especial durar tanto tempo – e de há uns meses para cá resolveu que deveria permanecer de barriga para cima.

Ao princípio pensei ser problema gástrico e lá retomei as massagens. Nada feito, nem cocózito que se veja, tão-pouco redução da pança. Mantém-se a nadar por uns momentos na posição que amiúde vimos os peixes retratados, para logo a seguir se imobilizar num avesso à posição natural. Creio que é a posição que escolheu como mais confortável para dormir.

Os pacientes que ainda não lhe conhecem a mania, quando entram lamentam sempre um coitado, o seu peixe morreu. E lá vou eu agitar a água para que ele faça a demonstração que continua vivo e nadador exímio. Depois justifico o despropósito do Peixe-Otto II: “Ele gosta de nadar no céu!” 

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990 

Etiquetas: barrigacéucontocrónicaescritaJoão LázaroLeirianadaropiniãopacientespeixeregião de Leiria
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