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Lavar as mãos: um gesto simples que pode salvar vidas

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Julho 31, 2025
em Abertura
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Lavar as mãos: um gesto simples que pode salvar vidas
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Na urgência de Leiria, uma mulher de 66 anos deu entrada com sintomas respiratórios: dor no peito ao respirar, tosse e falta de ar, sem febre. O diagnóstico confirmou uma pneumonia. A paciente, que entrou consciente e orientada, com um quadro clínico estável, não apresentava grandes co-morbilidades.

Após o agravamento do diagnóstico de pneumonia pneumocócica, a paciente foi submetida a ventilação mecânica invasiva, um procedimento essencial, mas que, como tantos outros em ambiente hospitalar, não está isento de riscos. Dias depois, e após apresentar melhorias significativas, o seu estado clínico agravou-se subitamente: febre, queda da pressão arterial, e sinais de infecção generalizada, explica João Morgado.

O médico interno de Saúde Pública da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL) revela que a suspeita de uma infecção adquirida a nível hospitalar foi confirmada. Tratava-se de uma infecção no sangue, provocada por um catéter necessário para administração de medicamentos. “Quanto maior o tempo de introdução dos catéteres para a administração da medicação, maior é o risco de uma infecção da corrente sanguínea por esses catéteres. Foi o que aconteceu”, adianta João Morgado.

A rápida intervenção da equipa médica, aliada ao uso de antibióticos específicos, permitiu ultrapassar a situação. Foi um desfecho positivo, mas nem todos os casos de infecções hospitalares terminam assim, pelo que a Unidade Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos da ULSRL tem insistido na formação dos profissionais de saúde, que incluem os assistentes operacionais. Sempre que chegam novos funcionários às unidades de saúde é realizado um dia de formação para lhes incutir práticas de higiene. “Queremos que tenham consciência do impacto que coisas simples podem ter na vida dos utentes”, explica Cristina Santos, enfermeira com funções de gestão na ULSRL.

Problema invisível, mas evitável

As infecções associadas aos cuidados de saúde são contraídas durante o internamento ou em tratamentos clínicos, e não estavam presentes no momento da admissão. Pneumonias associadas à ventilação mecânica, infecções urinárias por sondas, infecções cirúrgicas ou infecções da corrente sanguínea por catéteres são algumas das mais frequentes. O impacto é evidente: prolongam o internamento, elevam os custos dos tratamentos, aumentam o risco de complicações graves e, em muitos casos, podem levar à morte. Mas muitas destas infecções poderiam ser evitadas com um gesto simples: desinfecção das mãos.

Rui Passadouro, coordenador da Saúde Pública da ULSRL, sublinha que lavar as mãos entre cada contacto com pacientes pode reduzir drasticamente a transmissão de bactérias em ambiente hospitalar. “É o procedimento mais importante na prestação dos cuidados de saúde, porque muitas das infecções hospitalares têm como meio de transmissão as mãos dos profissionais. Portanto, se as lavarmos, não transmitimos infecção. Um acto tão simples pode salvar vidas”, reforça.

As infecções, que antes se chamavam “nosocomiais” por ocorrerem no hospital, passaram a ser designadas como “infecções associadas aos cuidados de saúde”. Isso porque os doentes circulam entre lares, hospitais e domicílios, e as bactérias com eles. “Hoje, os doentes estão em todo o lado, não sabemos exactamente onde apanharam a bactéria. Mas sabemos que no hospital o risco é maior”, afirma Rui Passadouro, lembrando a rotação de profissionais, os turnos e os múltiplos cuidadores, que aumentam o risco de transmissão entre doentes.

Colonizado não é infectado

Um dos desafios é distinguir entre infecção activa e colonização. Um doente colonizado transporta no organismo uma bactéria resistente, sem apresentar sintomas. “É um conceito que ainda cria muito medo”, diz Cristina Santos. As pessoas vêem o familiar internado em isolamento no hospital e entendem que, ao ir para casa, continua a precisar das mesmas restrições. “Mas as mesmas regras já não se aplicam se a pessoa está colonizada e não doente. A bactéria que vive consigo, mas pode ser transmitida e trazer problemas a pessoas que tenham as defesas mais diminuídas”, desmistifica Rui Passadouro. Não é necessário isolamento social. As precauções centram-se na higiene. A principal recomendação é usar luvas de uso único nos cuidados de higiene, não partilhar material e desinfectar sanitários. Máscara? Só se houver infecções respiratórias transmissíveis.

“A maior parte destas bactérias está nas fezes e na urina, não se transmitem pelo ar”, afiança o coordenador da Saúde Pública, sublinhando que estes são os cuidados que se devem ter no dia-a-dia dos lares. “Há a ideia que pessoas colonizadas têm de ser tratadas no hospital com antibióticos, mas isso não é verdade.”

O controlo das infecções é uma responsabilidade de todos e envolve os próprios utentes, familiares e as estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI). É com esta preocupação que a unidade de Saúde Pública de Leiria tem também realizado formações para os funcionários dos lares, até porque um utente pode ter recuperado da infecção hospitalar, mas manter-se colonizado e levar a bactéria para o lar.

Por isso, ao receber alta, o doente não é deixado sem monitorização. As equipas do hospital articulam com os cuidados de saúde primários e com as ERPI para assegurar a continuidade de vigilância. “Enviamos orientações claras, até sobre como lavar a roupa ou desinfectar casas-de-banho. Não queremos criar grande preocupação, mas dizer-lhes para estarem atentas a sinais de alarme”, diz Cristina Santos.

“Também desmistificamos junto das famílias. Houve um caso de uma idosa de 92 anos que a queriam manter isolada durante um ano. Isso é condená-la à morte social”, adverte Rui Passadouro.

Nos hospitais, a prevenção ultrapassa a higienização das mãos. “É muito mais complexo” e vai além das pessoas. “Há procedimentos rigorosos desde os equipamentos nas salas de imagiologia de intervenção até aos blocos operatórios ou sondas. Tudo o que entra tem de estar esterilizado.”

Em alguns internamentos são utilizadas cortinas bacterianas descartáveis para evitar contaminações e o hospital está dotado de quartos de isolamento ou pressão negativa para dar resposta aos casos mais complicados.

KPC e MRSA: as superbactérias

As bactérias multirresistentes mais comuns são a Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC) e o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).

No hospital de Leiria, os rastreios são realizados à entrada nas urgências (resultados positivos válidos por um ano), sobretudo a doentes vindos de ERPI. A KPC não tem tratamento específico, é preciso manter os cuidados de higiene e esperar que o organismo elimine a bactéria ao longo do tempo. Já o MRSA pode ser eliminado com ciclos de descontaminação com cloroxidina. “Tudo isto é para diminuir o risco. Se a pessoa está colonizada com uma destas bactérias e for para casa, o risco de transmissão é muito baixo, porque quem vai tratar dela é um grupo muito reduzido.”

Se a pessoa ficar no lar ou no hospital com estas superbactérias, a precaução tem de ser maior, porque os profissionais são mais e os contactos com outros doentes mais prováveis.

A ULSRL desconhece ainda o número de mortes devido a infecções hospitalares. Estão a ser avaliados todos os processos de infecção, que “cumprem os critérios para serem infecções adquiridas no hospital”. “Quando esse trabalho estiver concluído, já se conseguirá ter uma noção da mortalidade atribuída a estas infecções”, afirma Bartolomeu Alves. O médico de Saúde Pública acrescenta que estão a ser monitorizados os micro-organismos, onde se incluem as KPC e o MRSA. “Falamos desses dois grupos especialmente por causa das resistências elevadas aos antibióticos, não pela gravidade em termos de mortalidade.”

Perigo do uso inadequado de antibióticos

O uso inadequado de antibióticos representa uma ameaça crescente à saúde pública global, pois contribui para a criação de superbactérias, resistentes a essa terapia.

A toma de antibióticos é destinada a eliminar as bactérias nocivas. No entanto, a sua acção elimina todas, incluindo as ‘boas’. Esse efeito propicia um ambiente para a selecção das bactérias mais resistentes, aquelas que sobrevivem e se proliferam, tornando-se ainda mais difíceis de erradicar, explica Rui Passadouro, coordenador da Saúde Pública de Leiria.

Num mundo globalizado, os antibióticos consumidos na produção agrícola e pecuária são também um risco por fazerem parte da cadeia alimentar humana, acrescenta Bartolomeu Alves, médico de Saúde Pública. A ingestão de carne tratada com antibióticos pode resultar em resistência, mesmo para aqueles que nunca utilizaram esses medicamentos.

Por isso, é essencial a consciencialização da população. Nesse sentido têm sido desenvolvidas campanhas de literacia junto das escolas, para que os jovens, ao se tornarem adultos, possam adoptar práticas mais responsáveis e, até, influenciar o comportamento dos mais velhos.

A prescrição de antibióticos tem sido monitorizada na Unidade Local de Saúde da Região de Leiria. “Verificámos que em 12 anos a redução do consumo diminuiu para cerca de metade. A consciencialização da população é muito importante”, sublinha.

A nível hospitalar foi criado um grupo que faz a validação de antibióticos e tem verificado que o seu uso tem sido o mais adequado, havendo já uma preocupação para prescrever o medicamento “com o mínimo espectro, para não matar todas as bactérias”.

A higiene ambiental também não pode ser subestimada. A enfermeira Edite Vieira defende a rigorosa limpeza e desinfecção dos espaços, especialmente onde se encontram pacientes com micro-organismos resistentes.

Rui Passadouro alerta também que se a resistência antimicrobiana continuar a crescer sem controle, a medicina poderá retroceder 150 anos, afectando a qualidade de vida e a longevidade das gerações futuras.

Hospital de Leiria
Carta microbiológica
O Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos de Leiria tem feito a carta microbiológica do hospital, que se irá estender aos cuidados de saúde primários. “Com base no histórico de um determinado período dos resultados analíticos aos vários doentes, conseguimos ter uma imagem global do tipo de micro-organismos que circulam dentro do hospital e o seu perfil de sensibilidade. Isto é muito útil para adequar a antibioterapia inicial”, constata Bartolomeu Alves. Com este trabalho é possível reduzir a quantidade de antibióticos inadequados e utilizar os de menor espectro, em vez de largo espectro, que “devem ser sempre a última linha”. Esta carta microbiológica permite aos médicos fazer “uma antibioterapia empírica mais dirigida à realidade da instituição”.
Etiquetas: antibióticoshospital de LeiriaInfecções Hospitalaressaúdesaúde públicasociedade
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