Sexta-feira, dia de mercado semanal em Porto de Mós. Na paragem de autocarros em frente ao cine-teatro acumulam-se passageiros e mercadorias, à espera do Vamós, o circuito urbano de transportes deste concelho, que completou, esta semana, cinco anos de funcionamento, com cerca de 25 mil passageiros transportados.
“Está atrasado, mas também não tenho pressa”, diz Deolinda Sousa, de 78 anos, que mora em Fonte dos Marcos e que, naquele dia, usou o Vamós para ir “fazer umas compras”. Previa voltar à tarde para ir à piscina. “Se não fosse o Vamós, não podia fazer piscina. Os filhos estão longe e os outros autocarros não têm horários que me sirvam”, diz Deolinda Sousa.
Ao lado, Anabela Gomes, de 68 anos, é também uma utilizadora regular do Vamós. A residir no Bairro de São Miguel, numa das entradas da vila, conta que “para baixo” vem a pé, mas que o regresso a casa é feito no Vamós. “Custa-me a subir as escadas. São 183 degraus”, justifica, reconhecendo que o Vamós “é muito útil” e “melhorou muito” a vida de pessoas que, como ela, não conduzem.
Mas, “nem tudo são maravilhas”, adverte Anabela Gomes, que, à semelhança de outros passageiros com quem o JORNAL DE LEIRIA falou, se queixa dos atrasos “constantes” dos autocarros, desde que, em Setembro, o percurso foi alargado a Alqueidão da Serra e ao Juncal. “As outras terras também precisam, mas têm de pôr outro autocarro, para poderem dividir a volta e cumprirem os horários”, defende Isabel Pereira. O mesmo reparo faz Graça Salgado, que também se queixa dos atrasos, “não por culpa dos motoristas”, mas porque “a viagem é muito grande”.
“Neste momento, são os circuitos e os horários possíveis”, alega a Câmara de Porto de Mós em resposta ao JORNAL DE LEIRIA, adiantando que, no âmbito do concurso internacional promovido pela Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, há a possibilidade de aquisição de um segundo autocarro “amigo do ambiente”.
Com esse reforço da rede, “será possível alargar os circuitos” e ter o Vamós a funcionar das 7 às 19 horas, “sobretudo para dar resposta às necessidades das pessoas que trabalham junto de complexos industriais e empresariais”. Ainda que “haja espaço para [o Vamós] crescer”, o município considera que “esta é, sem dúvida, uma aposta ganha, porque permitiu à população aceder com maior facilidade a vários serviços primários”.
“Dá muito jeito”, confirma Daniel Correia, de 90 anos, residente em Alqueidão da Serra, que, na passada sexta-feira, usou o Vamós pela segunda vez para regressar a casa, depois de ir a Porto de Mós rever antigos colegas de trabalho. Antes ia de carro, à sexta-feira, mas quando fez 90 anos já não renovou a carta e deixou de ir. “Agora, tenho o Vamós.”