O início de Verão com chuva e baixas temperaturas, a diminuição do poder de compra dos portugueses e até a realização do Euro 2024, que estará a concentrar turistas estrangeiros na Alemanha, são alguns motivos pelos quais vários hotéis da região registam quebras na ocupação de Junho e nas reservas dos próximos meses.
“Está mau desde Janeiro. Caiu abruptamente a ocupação na Nazaré”, aponta Serafim Silva, responsável pelo Grupo Miramar, que integra duas unidades hoteleiras de 130 quartos, no total. “O tempo é o motivo principal”, justifica o empresário.
“A incerteza das condições meteorológicas leva a que as reservas se façam à última hora”, salienta o hoteleiro, que coloca nas mãos de São Pedro o desfecho da época.
Concorrência do Euro 2024
Os últimos dois anos foram excepcionalmente bons, compara o hoteleiro. Geralmente, 30% dos hóspedes destas unidades [LER_MAIS]são público nacional e 70% provêm do mercado internacional. Serafim Silva também entende que a quebra de reservas deste ano se deve à redução do poder de compra, no caso dos portugueses, e ao campeonato europeu de futebol, que estará a atrair os turistas estrangeiros para a Alemanha. “Talvez pensem em vir depois para a Nazaré, se o tempo o proporcionar”, comenta.
Hugo Gaspar, administrador do Your Hotel & Spa Alcobaça, unidade hoteleira de 62 quartos, também acredita que será “difícil” alcançar a fasquia do ano passado. “Entre Julho e Setembro de 2023, estivemos sempre com uma taxa de ocupação de cerca de 95%”, recorda o responsável. “Este ano as reservas estão a evoluir de forma positiva, mas com ligeira retracção face ao ano passado”, compara o responsável, expectante com as marcações de última hora. Com público maioritariamente nacional, também Hugo Gaspar acredita que a classe média possa estar a retrair-se mais.
“Este Junho não foi melhor do que no ano passado. O tempo não ajuda”, justifica também Francisco Almeida Gomes, administrador do Grupo de Hotéis Cristal, que tem duas unidades hoteleiras na Praia da Vieira, num total de 175 quartos. “Quanto a Julho e Agosto, são imprevisíveis, porque as reservas são cada vez mais feitas à última hora”, refere o empresário.
Neste caso, as unidades contam habitualmente com maioria de turistas portugueses, a que se seguem clientes espanhóis, franceses, entre outros europeus. Além da proximidade da praia, Almeida Gomes valoriza a presença de uma equipa residente, que garante a animação nos hotéis, bem como a diversão assegurada pelo Mariparque. “Se bem que, até a afluência ao parque aquático depende da chegada do sol”, repara o empresário.
Já no Hotel Atlântica, estabelecimento de 18 quartos, estabelecimento de 18 quartos, em Martinho do Porto, as perspectivas são boas e Carlos Neto acredita que em Julho e Agosto a ocupação possa chegar a 95%, ligeiramente acima do ano passado. No entanto, resultado da crise, supõe também o sócio-gerente, a vertente de restauração desta unidade está a ressentir-se, com quebras de 40%.
No Monte Real – Hotel, Termas & Spa, a taxa de ocupação é “elevada”, “em linha com o ano passado”, refere Pedro Paixão, director desta unidade hoteleira de 101 quartos. Mas, neste caso, o sucesso não está tão ligado ao sol e ao mar. “É uma ocupação alavancada por eventos realizados na cidade de Leiria”, justifica o responsável.
Barómetro do Turismo
Profissionais antecipam Verão promissor a nível nacional
A nível nacional, os profissionais do sector turístico antecipam um Verão promissor em 2024 para Portugal, com um crescimento significativo no emprego, na procura externa e na actividade turística, com pontuações entre 59 e 63, numa escala total de 100. Esta é uma das principais conclusões da 71.ª edição do Barómetro do Turismo do IPDT – Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo, cujo painel considera, por outro lado, expectável que o investimento público venha a diminuir nos próximos meses – 80% dos inquiridos acreditam que este indicador possa vir a manter ou mesmo a diminuir o seu desempenho.
Comparando com o Verão de 2023, 84% dos inquiridos consideram que o mercado norte-americano irá aumentar a sua representatividade como mercado emissor de turistas no Verão de 2024, liderando no crescimento dos principais mercados emissores, tal como verificado nas edições anteriores do Barómetro do IPDT.