Era suposto ser só dois meses, mas as necessidades levaram a que a obra durasse cerca de ano e meio. O Centro de Acolhimento de Leiria (CAL) já está de portas abertas, renovado e pronto para dar mais conforto àqueles que procuram um espaço onde se sintam bem, sem julgamento sobre a sua condição socio-económica.
Durante ano e meio, a pergunta que o padre José Augusto Rodrigues e Edite Tojeira, coordenadora do CAL, mais ouviram foi: “Posso ver?” A ânsia de conhecer o novo espaço terminou na sexta-feira e todos os que se relacionam com esta casa entraram no local que já conhecem há vários anos, agora com uma nova ‘cara’.
Antes, a Igreja da Misericórdia foi pequena para acolher aqueles que queriam ver, em 1.ª mão, o centro de acolhimento renovado. Numa sessão que antecedeu a inauguração, a palavra mais ouvida foi “Obrigado”.
A empreitada ascendeu aos 80 mil euros para a renovação total do edifício, cedido pela PSP de Leiria ao Centro de Acolhimento em 1998, com mais de 50 entidades, cidadãos e anónimos a comparticipar a obra.
Além de tornar o espaço acolhedor para os beneficiários, as obras dão também melhores condições aos trabalhadores desta instituição. A cozinha passou de um “espaço pequenino” para um local onde é mais fácil confeccionar uma refeição, com uma despensa de apoio. Também a casa de banho, único sítio onde muitos podem tomar banho, está agora mais moderna e espaçosa.
A sala de estar e de refeições adoptaram um estilo open space que permite acolher mais utentes. As paredes têm cores mais claras e acolhedoras, além de ter sido remodelada a parte eléctrica.
Esta renovação responde às novas necessidades daqueles que procura o centro de acolhimento. Segundo Edite Tojeira, a população que recorre a esta entidade alterou-se ao longo do tempo. No início, era a população jovem que procurava o centro. Hoje, são as pessoas entre os “50 e 60 anos” que predominam.
E os números falam por si. No ano passado, o CAL acompanhou 227 pessoas e, este ano, já se contabilizam 122. Foram fornecidas 20.630 refeições em 2023, número que já ultrapassa as 9 mil em 2024 – o CAL nunca parou a sua actividade durante as obras.
Nesta nova etapa, a Casa de Acolhimento vai continuar a ser “um espaço de apoio aos excluídos onde, gratuitamente, se possa oferecer o mínimo que a dignidade humana exige”.