O que se apresenta em palco, com antestreia no próximo sábado, 20 de Abril, “é um clássico do teatro português”. Escrito, aproximadamente, há meio milénio, por aquele que é considerado “o primeiro grande dramaturgo português”, mantém, no entanto, a actualidade.
“Faz sentido fazer esta peça hoje”, acredita o encenador Pedro Oliveira, que argumenta: uma sociedade desigual, em que “para poucos há muito, para alguns há alguma coisa e para a maioria não há nada”, e a prevalência de guerras, até na Europa. “Não está muito diferente, passados 502 anos”.
Fala-se de Pranto da Maria Parda, de Gil Vicente, na versão O Nariz Teatro, para ver este fim-de-semana pela primeira vez no Espaço Nariz / Recreio dos Artistas, em sessão com início às 21:30 horas.
O monólogo interpretado por Francisca Passos Vella, com 35 minutos de duração, tem estreia agendada para o mês de Maio, a ocorrer, provavelmente, também na sala da companhia de Leiria.
“Deve ser dos primeiros textos, das primeiras peças de teatro, em que aparece a palavra Leiria”, assinala Pedro Oliveira. “Centra-se numa mulher que quer beber e o vinho não existe”, durante um período de fome e seca, em que a protagonista vagueia através da cidade (Lisboa) num cenário de “tabernas fechadas e falta de comida”. Ou seja, o texto “é representativo de outras coisas”.
“Não é uma comédia, também não é uma tragédia, é drama”. diz ao JORNAL DE LEIRIA.
Pranto da Maria Parda é o primeiro novo espectáculo d’O Nariz em 2024. Anteriormente, a companhia de teatro de Leiria tinha estreado Agripina, a Menor, também um monólogo, que abriu em Setembro de 2023 a programação do 28.º Acaso Festival Internacional de Teatro, com interpretação de Isabel Muñoz Cardoso e encenação de Pedro Oliveira.