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Home Opinião

Dicionário improvisado (XVIII) 

Paulo Kellerman, escritor por Paulo Kellerman, escritor
Agosto 3, 2023
em Opinião
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Armazenamento 
Dizia que queria agarrar a vida, correr atrás dela e segurá-la entre os dedos; que queria senti-la na pele e nunca – nunca – permitir que lhe fugisse; estava sempre a repetir isso: não vou deixar de correr atrás da vida até ao último momento. Ninguém lhe explicara – na escola, na catequese, no TikTok, nos almoços de família ao Domingo – que cada pessoa armazena dentro de si a sua própria vida, no avesso da pele. Ninguém lhe explicara que viver não é perseguir algo externo; que a vida não é uma prova de atletismo. Ninguém lhe explicara que a vida é armazenamento. 

Contorno 
Sim, sou uma pessoa bonita; sim, sei que o meu corpo é sensual; sim, percebo como as pessoas me olham com admiração; sim, vejo como desperto desejo. Não, não me sinto ouvida; não, ninguém me pergunta pelos meus pensamentos ou emoções; não, ninguém finge interesse em escutar os meus sonhos. Parece-me que o mundo se importa apenas com o meu contorno; e perante isso, sinto-me vazia; como se me estivessem a negar a interioridade, a essência, a identidade. Reduzem-me a um contorno, e dizem-me: amo-te. É triste, mas faz-me rir. 

Libertação 
Era uma vez uma janela que fugiu de casa. Não se pode dizer que fosse infeliz, mas sentia que tinha sonhos para viver e que seria difícil concretizá-los permanecendo presa a uma parede. Por isso, numa noite silenciosa e sem luar, fugiu. É preciso agarrar o destino com as próprias mãos, mesmo quem não tem mãos; pensou a janela enquanto decidia para onde fugir.

Morte 
O tempo pára. Silenciosamente, senta-se ao nosso lado; e sorri. O que nos irá dizer? 

Perenidade 
Olho para ti e penso: nunca mais vou esquecer esse sorriso. Gosto de acreditar que as memórias nascem sempre de uma decisão. 

Processo 
Quase todos os dias a vejo trazer o cavalete e a tela para a varanda; enquanto o sol desaparece e os pássaros aumentam a intensidade dos seus cânticos, ela abandona-se a um mundo cromático e figurado: ao mundo que cria com as suas próprias mãos. Pinta sem pressa, como se previamente estudasse cada traço, como se não quisesse deixar qualquer espaço ao improviso; como se a pintura fosse mais um assunto de reflexão do que de instinto; como se a criação pudesse ser controlada. Gosto de acompanhar os seus movimentos serenos e fluidos, de observar as expressões que espelham dúvida, reflexão, decisão, alegria; sempre por esta ordem, antecedendo cada movimento do pincel. Gosto de acompanhar a lenta evolução do seu trabalho, a forma quase carinhosa como dá vida a cada pintura, pigmento após pigmento, traço após traço, sombra após sombra. São assim quase todos os nossos finais de dia: ela a criar, eu a observar; ela seduzida pela criação, eu seduzido pela observação. Cada um na sua varanda, desconhecedores do nome do outro. Ambos indiferentes ao facto – completamente inequívoco e irrefutável – de que as suas pinturas são de uma fealdade atroz. 

Etiquetas: atletismocatequesecorpodestinodicionárioemoçõesluarmemóriaopiniãoparedesPaulo Kellermansonhotrabalhovida
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