Em Janeiro deste ano, a pequena Lívia Izepon, de apenas um ano, foi diagnosticada com um neuroblastoma, um tumor que afecta crianças até aos cinco anos, já num estágio bastante avançado.
A viver no Brasil, com os pais, as ajudas são escassas, mas deste lado do oceano há quem esteja a angariar fundos para ajudar a Lívia, através do desporto.
A tia da menina, Danielle Izepon, já vive há cerca de 20 anos no Louriçal, no concelho de Pombal, e, quando soube do diagnóstico, contou com a mobilização imediata do seu grupo de amigos, que não ficaram indiferentes à situação.
Na procura de formas para ajudar esta família, a solução foi encontrada no desporto, mais precisamente com a organização de um torneio de futsal de antigas glórias do Instituto D. João V (IDJV), local onde se realizou o evento. E a comunidade aderiu.
“O Louriçal é uma freguesia que não é muito grande, toda a gente acaba por se conhecer e estamos cá para ajudar”, confessou Gonçalo Ramos, amigo de Danielle Izepon, que organizou toda a vertente desportiva do evento.
Associar causas solidárias ao desporto já não é uma novidade para Gonçalo Ramos, que teve a iniciativa de chamar antigos jogadores do IDJV para integrar o evento.
O responsável pela componente desportiva acredita que “o mais importante desta vida é ajudarmo-nos uns aos outros” e, através do desporto, fazer a diferença na vida das pessoas.
Imbuídos neste espírito, o IDJV cedeu o pavilhão para a realização dos jogos e o grupo de amigos envolvidos no projecto preparou bolos e refeições rápidas para o público, cujas receitas também revertiam para os tratamentos da Lívia.
As bancadas do pavilhão encheram no último domingo para assistir aos dois jogos solidários e, apesar de a entrada ter um preço simbólico de 2,50 euros, muitos foram aqueles que deram valores superiores, movidos pela vontade de ajudar.
Sandra Nazaré, do mesmo grupo de amigos que organizou o evento, mostrou-se de coração cheio ainda no decorrer da primeira partida, por ver a freguesia onde reside a aderir à causa.
“Estava expectante e, ao mesmo tempo, ansiosa, porque foi a primeira vez que organizámos um evento desta natureza. É uma causa muito importante,não só para os tratamentos, mas também para ajudar os pais. Estou com o coração cheio de alegria”, reforçou a responsável, que recebia à entrada todos os que quiseram assistir aos jogos.
O grupo de amigos contabilizou a presença de cerca de 1.200 pessoas no pavilhão e, com as receitas das entradas e do serviço de bar, conseguiu angariar 4.500 euros, algo que ultrapassou largamente as expectativas dos organizadores.
As primeiras a entrar em campo foram as antigas glórias femininas da Associação do Louriçal contra a equipa de juniores da mesma instituição. Seguiu-se o jogo entre as também antigas glórias masculinas do Instituto D. João V (IDJV), contra o ARL Pik-Nik/Louriçal Futsal.
Em ambos os jogos, os resultados não interessaram e o fair-play vigorou durante toda a tarde.
O evento ganhou um cariz ainda mais especial por ter sido a primeira vez que se juntaram os antigos jogadores do IDJV, e contou com alguns nomes de peso: Nuno Dias, actual treinador da equipa de futsal do Sporting CP, e ainda André Sousa, guarda-redes da equipa do SL Benfica, fizeram questão de marcar presença, dado que passaram pelo IDJV no início da carreira.
“Chegar e ver este pavilhão outra vez com tanta gente é giro e recorda-me dos tempos vividos aqui”, comentou Nuno Dias na chegada ao pavilhão escolar.
O técnico representou a escola do Louriçal, como jogador de futsal, entre as épocas de 1997/1998 e 2002/2003, regressando mais tarde à equipa, já enquanto treinador, entre as épocas de 2007/2008 e 2010/2011.
Nuno Dias assistiu aos jogos e recordou o local que o viu crescer. “É nossa obrigação estarmos e colaborarmos”, assumiu.
Mesmo longe, Danielle Izepon garante que os pais da Lívia, que tiveram de deixar de trabalhar para apoiar a filha, ficaram emocionados quando perceberam a mobilização da freguesia do Louriçal ao redor deste evento.
“Eles choram e o meu irmão diz: ‘Cada publicação que vejo do outro lado do oceano acalenta-nos. Saber que estas pessoas todas estão, tão longe, a apoiar a menina, alivia o nosso coração’”, contou a familiar, também comovida pelo gesto da comunidade.