Às prioridades dos últimos anos – requalificação da linha do Oeste, despoluição da bacia do Lis, a transformação do Politécnico de Leiria em universidade e construção do novo hospital do Oeste -, os cabeças-de-lista pelo distrito acrescentam novas preocupações pelas quais prometem lutar no Parlamento caso sejam eleitos. Já ninguém fala da abertura da base aérea de Monte Real à aviação civil, um assunto que marcou sucessivas campanhas eleitorais.
Na lista de prioridades elencadas por 12 dos 14 candidatos – os representantes do Chega e do ADN não responderam -, surge a construção da linha de alta velocidade, com uma estação em Leiria, bem como a criação de uma rede de transportes públicos inter-concelhia, havendo quem defenda a sua gratuitidade (José Marques Serralheiro, da Alternativa 21).
Os candidatos do PS e da Aliança Democrática (AD) reconhecem a necessidade de requalificar o IC8 e o IC2. Telmo Faria (AD) e Miguel Silvestre (IL) promete também pugnar pela isenção de portagens na A19, sendo que o candidato da AD defende o mesmo para o troço da A8 entre Marinha Grande e Leiria.
Também na área da mobilidade, a candidata do Volt pede um estudo para uma nova linha ferroviária a ligar Tomar, Ourém, Fátima, Batalha e Leiria, enquanto os cabeças-de-lista do Livre, Nova Direita e PAN reclamam mais ciclovias.
‘Incubadora de políticas’
Entre as propostas dos candidatos está ainda a criação no distrito do ‘cluster do futuro’, que integre “a visão do projectado renascimento industrial europeu”, preconizada pelo Volt, ou de uma ‘incubadora de políticas’. Esta última ideia é de Miguel Silvestre que explica que o objectivo é desenvolver “uma cultura de prestação de contas aos eleitores do distrito com a iniciativa Parlamento de Leiria em que todos os partidos eleitos se comprometam a duas vezes por ano prestar contas do seu trabalho em diferentes pontos” da região.
Na área da habitação, a generalidade dos candidatos defende o reforço da oferta pública, nomeadamente através da reabilitação de edifícios devolutos do Estado, com Miguel Silvestre a apontar o exemplo do antigo bairro prisional de Leiria.
Já João Paulo Delgado (CDU) entende que, para responder à “emergência” actual, é preciso afectar 1% do PIB para habitação pública. A redução de impostos para a compra e construção de casa e a simplificação dos licenciamentos são outras das propostas apresentadas. O cabeça-de-lista do Ergue-te defende a proibição de venda de casas a estrangeiros não residentes.
A recuperação do corpo de guardas florestais, preconizada pelo BE, e a implementação de um novo modelo de gestão da Mata Nacional de Leiria, que, depois de o Estado definir “de forma clara os padrões de conservação”, permita a concessão a privados, defendida pela IL, são outras das propostas dos candidatos.
O cabeça-de-lista da Alternativa 21 sugere ainda uma rede de lares “com creche integrada em cada uma das 110 freguesias do distrito”. Já Magui Lage, do Volt, entende que o distrito precisa de “captar empresas estrangeiras que paguem salários europeus”.
O cabeça-de-lista da CDU recupera a proposta de criação do Museu da Floresta na Marinha Grande e sugere a classificação do promontório da Nazaré e da lagoa de Óbidos.
Ler a Bíblia… ou não ler nada
O inquérito lançado através do Guia do Eleitor, um microsite criado pelo JORNAL DE LEIRIA para as legislativas – que pode ser consultado em https://legislativas2024.jornaldeleiria.pt – perguntou também aos cabeças-de-lista qual o livro que recomendariam ao próximo primeiro-ministro. As propostas foram muito diversas.
O candidato da Nova Direita, por exemplo, sugere a Bíblia, enquanto o representante da AD propõe uma das biografias de Juscelino Kubitshek, que foi presidente do Brasil, e Miguel Silvestre (IL) o livro Naquele Tempo – Ensaios de História Medieval, do leiriense José Mattoso.
Levantados do Chão, de José Saramago, é a sugestão do representante da CDU, enquanto Brilhante Dias aconselha a Pedro Nuno Santos a “releitura” de A Queda de um Anjo, de Camilo Castelo Branco.
A sugestão de leitura de Rafael Henriques (BE) é o programa político do Bloco de Esquerda e, “como bónus”, o manifesto distrital do partido, “para que as preocupações do distrito não fiquem esquecidas”. Já o candidato do Ergue-te não faz qualquer sugestão, alegando que o que falta aos candidatos a primeiro-ministro “não se aprende com os livros, mas com o trabalho árduo, honesto”.
O JORNAL DE LEIRIA desafiou ainda os candidatos a identificarem um político que lhes sirva de inspiração. E também neste domínio as respostas foram muito díspares: Mário Soares, Jorge Sampaio, Maria de Lurdes Pintassilgo, Oliveira Salazar, Álvaro Cunhal, Winston Churchill, Papa Francisco, Nelson Mandela, Ramalho Eanes, Passos Coelho, Ursula Von der Leyen, António Guterres, Damião de Góis, Fernando Rosas, Al Gore, António Guterres, Freitas do Amaral, Vitorino Silva (‘Tino de Rans’), Sá Carneiro, Cavaco Silva e Gabriel Attal. Confira no microsite do JORNAL DE LEIRIA quem referiu quem.