Há dois anos, a associação ambientalista Oikos denunciava a limpeza feita pela Câmara de Leiria nas margens da ribeira de Amor. Alertava que, tal como tinham sido feita a intervenção, as canas voltariam e com mais força.
Depois anos depois, “o resultado está à vista”, com as margens a serem tomadas por uma vegetação “ainda mais densa”, consta Mário Oliveira, presidente da Oikos.
“Um erro resultou num mega erro. A ribeira está transformado num canavial”, afirma o ambientalista, frisando que “agora, será necessário voltar um novo investimento para repetir o processo”.
Em resposta ao pedido de esclarecimentos do JORNAL DE LEIRIA, a câmara alega que a intervenção realizada em 2021 e 2022 na ribeira de Amor foi feita para “garantir as devidas condições de escoamento dos caudais líquidos e sólidos em situações hidrológicas normais ou extremas”, de forma a “melhorar o fluxo hidrológico da linha de água”.
Segundo a autarquia, apesar de os trabalhos terem abrangido a limpeza das margens, “não englobava a erradicação das canas ou a aplicação de herbicida para a sua eliminação”. A autarquia adianta ainda que, este ano, está prevista uma “nova intervenção” na ribeira.
Para o presidente da Oikos, era preferível fazer investimentos “faseados”, mas com intervenções “correctas”, seguindo as práticas “mais adequadas”.
“Ao cortar as canas devem plantar-se árvores que vão criar ensombramento e evitar a proliferação de invasoras. Dá trabalho e no imediato é mais dispendioso, mas a longo prazo os resultados serão diferentes”, salienta Sérgio Duarte, também da associação Oikos.
Esse tipo de intervenção está prevista no PERLA – Plano Estratégico de Reabilitação das Linhas de Água, aprovado pela câmara. “O PERLA está concluído. Trata-se de um documento orientador para os serviços do município, uma vez que todas as intervenções em linhas de águas inseridas em solo urbano são da sua responsabilidade”, refere a autarquia.
Na resposta enviada ao JORNAL DE LEIRIA, a câmara frisa que o PERLA é também uma “ferramenta importante para todos os munícipes confinantes com linhas de águas existentes em solos rústicos, pois são eles os responsáveis pela sua limpeza e manutenção”.