Texto publicado originalmente na edição em papel do JORNAL DE LEIRIA de 8 de Fevereiro de 2024
Fundado em 2011, o Leirena é hoje uma estrutura em que trabalham 33 pessoas, das quais sete profissionais a tempo inteiro. A programação para 2024, a partir de Leiria, inclui a primeira internacionalização (na Arábia Saudita) e a estreia de Ondas da Liberdade (sobre o 25 de Abril de 1974) e Terra (em que o palco será uma plataforma insuflável a instalar no rio Lis).
De acordo com o director artístico da companhia, Frédéric da Cruz Pires, na apresentação realizada na sexta-feira, 2 de Fevereiro, as palavras “intervenção, mediação, acessibilidade e capacitação” funcionam como pilares para a actividade a materializar em Leiria, Porto de Mós, Nazaré, Pombal, Marinha Grande, Ansião, Ourém, Figueiró dos Vinhos, Alvaiázere, Montemor-o-Novo, Caminha, Évora, Amarante, Cacém, Ovar ou Loulé. E, também, no estrangeiro, pela primeira vez. “Vou trabalhar com a comunidade local e com a comunidade portuguesa”, adianta. Uma semana na Arábia Saudita, em Riade, “para desenvolver um projecto de teatro”. Em 2025, existe a ambição de marcar presença na Guiné, no Brasil e em Moçambique.
A magia da rádio
Noutra frente, a partir de conversas com os protagonistas envolvidos no lançamento das senhas da revolução de 1974, o Leirena concebeu Ondas da Liberdade, que se insere nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e é uma coprodução com o Município de Porto de Mós, a Associação 25 de Abril e o Regimento de Artilharia N.º 4, em parceria com o Município de Leiria e o Teatro José Lúcio da Silva.
Três camiões do exército vão receber o cenário que simula o estúdio de cada uma das rádios e está prevista a apresentação em Porto de Mós e em sete freguesias do concelho de Leiria, além de um programa, nas instalações do RA4, com artes plásticas, dramaturgia, conversas, concerto pelos Índios da Meia Praia (tributo a Zeca Afonso) e a reconstituição de uma escola do passado, em articulação com o Museu Escolar de Marrazes e a Casa-Museu João Soares.
Outra novidade, já com datas em Leiria e na Vieira, é a ocupação do Lis pelo projecto Terra, em que o Leirena vai colocar no rio um insuflável de 12 metros de comprimento por três metros de largura onde irão actuar bailarinos e artistas de circo, com música ao vivo da autoria de Surma. “Teatro do movimento” e “de intervenção”, sem texto, focado no tema do ambiente, antecipa o director artístico da companhia. Num planeta “pós-apocalíptico” e “coberto de água”, vários personagens envolvem-se na “luta por um recurso que é escasso”, um “paraíso flutuante”.
Segundo Frédéric da Cruz Pires, “o objectivo com este espectáculo é a sua internacionalização” para que possa “estar em qualquer rio de uma cidade europeia”. Trata-se de uma coprodução com o Teatro José Lúcio da Silva e o Teatro Stephens, em parceria com o Município de Leiria.
Base nos Marrazes
Ao longo de 2024, o Leirena, que é apoiado pela Direcção-Geral das Artes, anuncia ainda a continuidade dos projectos Sob a Terra, O Globo de Saramago 1993, A Maior Flor do Mundo e as Pequenas Memórias, Estações Efémeras, Festival Novos Ventos, Festival de Teatro de Rua de Porto de Mós, Colmeia e Climarte, entre outros, quase sempre com iniciativas de co-criação com a comunidade.
Agora com base nos Marrazes, o Leirena pretende construir 10 espectáculos com a população da freguesia e um deles (escolhido pelos participantes) será seleccionado para integrar a programação de 2025.