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Marco Daniel Duarte: “Fátima é um mostruário do melhor que se fez em cada época do ponto de vista artístico”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Fevereiro 8, 2024
em Entrevista
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Marco Daniel Duarte: “Fátima é um mostruário do melhor que se fez em cada época do ponto de vista artístico”
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É autor do livro Fátima e a Criação Artística: o Santuário e a Iconografia, lançado no ano passado, momento em que, durante a apresentação, o historiador Vítor Serrão defendeu a candidatura do Santuário a Património da Humanidade da Unesco por acolher o melhor da produção artística em Portugal.

O livro de Marco Daniel Duarte baseia-se na sua tese de doutoramento pela Universidade de Coimbra. Marco Daniel Duarte é director do Museu do Santuário de Fátima e do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, além de director do Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima. Tem investigado e estudado no âmbito da iconografia e iconologia em áreas sobretudo ligadas à arte sacra antiga e contemporânea.

A investigação de doutoramento que publicou procura demonstrar que os melhores artistas trabalharam em Fátima, ou estão representados, têm obra, em Fátima.
Quando inicio este trabalho sobre a arte em Fátima, vou à procura de perceber como é que um lugar com esta magnitude e com esta escala a nível nacional mas também internacional se foi apetrechando ao longo do tempo e cresce a partir de uma construção que é completamente vernacular, não é trabalhada por nenhum gabinete de arquitectura, a Capelinha das Aparições, e em menos de um século é um dos lugares mais importantes do catolicismo a nível internacional e um mostruário cabal do melhor que se fez em cada época histórica do ponto de vista artístico. Há aqui três grandes fases, quatro talvez, de estéticas e de movimentos estéticos. Uma primeira fase relaciona-se com aquilo que eram os arquétipos da arquitectura, que já estavam ultrapassados para a época, mas que a Igreja Católica ainda preconizava, portanto, estamos já nas primeiras décadas do XX mas a fazer obras de arte segundo a estética do século XIX, e o exemplo máximo disso é a basílica antiga, numa linguagem revivalista. Depois, o Santuário de Fátima acerta o passo com a estética do momento, a partir dos melhores autores que trabalhavam em Portugal, desde logo, Cottinelli Telmo, que é o grande responsável por esta praça, este recinto de oração, que é claramente uma das praças mais bem traçadas do ponto de vista do urbanismo e do urbanismo ao serviço das massas, e com ele estão também presentes no Santuário de Fátima alguns dos artistas do Estado Novo que são grandes académicos. Nomeadamente, António Lino, que faz esta grande colunata que abraça os peregrinos quando aqui chegam, e uma série de estatuários que nessa altura pontificam, alguns mais conservadores e outros de linguagem mais moderna. Estamos a falar de Álvaro de Brée, Leopoldo de Almeida, Barata Feyo e António Duarte.

E depois há uma terceira fase.
Que é a fase dos anos 80, quando Fátima vai procurar um escol de artistas, improvável, na verdade, que vem trabalhar numa lógica de modernização daquilo que é este espaço.

Quem são eles?
Digo improváveis porque têm carreiras com larga dimensão quer nacional quer internacional e estão na vanguarda daquilo que é feito quer na pintura quer na escultura e por aí fora. Por exemplo, Júlio Resende, Lagoa Henriques, Rolando Sá Nogueira, Clara Menéres, Irene Vilar, Zulmiro de Carvalho, muitos deles ligados às artes da figuração mas outros a artes mais abstractas, que, a priori, não estaríamos à espera de os encontrar num espaço religioso tido como mais conservador, mas há de facto essa abertura às artes, que na verdade, não é apenas dos anos 80, vinha sendo desde o início. As novas construções minimalistas aparecem já com José Carlos Loureiro para o alpendre da Capelinha das Aparições, que é também dos anos 80, mas que abre depois uma longa estrada que vem a dar frutos na nova Basílica da Santíssima Trindade. E essa arquitectura podemos considerar então a quarta fase, ligada às linhas minimalistas típicas do século XXI.

Há uma preocupação dos gestores do Santuário, desde muito cedo, com a qualidade da arte que existe em Fátima?
Claramente. Aliás, se quisermos, essa ligação, esse casamento entre a arte e a Igreja é um casamento muito frutífero ao longo de toda a história do cristianismo. E Fátima não é excepção. Pelo contrário, é uma confirmação muito veemente dessa regra que une a linguagem do cristianismo (de sinal católico, aqui) com a linguagem da arte. Desde a primeira hora, desde logo a década de 20, há um investimento muito grande em obras de arte.

A ideia central da tese é que a arte é protagonista em Fátima.
Aqui a arte não é apenas cenário, é também protagonista porque ela vai levar a que se tomem inclusivamente decisões sobre a forma de celebrar e ela própria vai dialogar com a forma de celebrar.

Que papel é que a arte pode ter em lugares como Fátima de devoção religiosa e de vivência da fé?
Esse diálogo, na teorização dos teólogos, é denominado como a via da beleza, que significa que é um caminho. A arte para os teólogos nunca é a meta, é sempre mediadora para a transcendência. E aquilo que se passa aqui em Fátima é precisamente isso.

De que conceito de beleza estamos a falar?
Quando falamos de beleza na arte temos de ter alguma cautela porque na verdade a arte não vive só apenas do conceito de beleza, a arte é uma forma de pensar, um lugar de pensamento. A relação que o observador tem com a obra de arte pode levá-lo por caminhos de perturbação, de surpresa.

A arte que foi sendo produzida em Fátima foi livre ou procurava corresponder a um programa?
No contexto institucional da obra de arte há sempre pré-conceitos que os autores têm a partir de uma iconoteca que já dominam e que procuram depois organizar em ordem à produção de uma obra nova. E isso é que está por trás de uma coerência que se vê nesta monumentalidade do Santuário de Fátima. Ainda que haja obra de arte produzida em diferentes épocas, como essa obra tinha um programa sempre subliminar, era uma obra de encomenda, obviamente que os artistas tendem a ir ao encontro do encomendante, e ainda que sejam livres na sua forma de fazer, a arte que depois é apresentada ao peregrino tem sempre essa facilidade da comunicação. E, portanto, podemos dizer que em Fátima se cruzou quer a intenção do encomendante quer a liberdade do autor.

Conseguiu perceber as motivações das figuras que disse que poderiam ser consideradas improváveis pelo facto de estarem a trabalhar aqui?
Se caracterizarmos os autores não apenas pelas correntes estéticas, mas inclusivamente pelo pensamento político que têm, alguns deles vemos que esse pensamento não é coincidente com aquilo que a priori deveríamos imaginar ser defendido pela Igreja. Porque é que esses autores aceitam fazer obra para a Igreja? Porque entendem que a Igreja é um lugar onde se persegue essa ideia do belo.

Colaborações, por exemplo, com Joana Vasconcelos, inserem-se na mesma lógica de interacção com a arte contemporânea?
Sim. Na mensagem de Fátima, o terço é o instrumento para alcançar a paz. E aquilo que se pretendia era mostrar esse terço como símbolo específico naquele ano do centenário de Fátima. Portugal tem uma artista que está habituada a trabalhar a escala monumental e foi por isso que Joana Vasconcelos foi chamada a trabalhar essa temática.

Há muita produção artística que não está disponível para quem visita o Santuário?
Para além das obras que tem in situ, o Santuário tem muitas outras obras que estão musealizadas. Que estão expostas no Museu, na exposição permanente ou na exposição temporária, mas também toda uma série de obras que está em reserva e essas obviamente não estão acessíveis aos peregrinos.

É um número grande?
Sim, dezenas de milhar. Não todas com características artísticas. O espólio do Museu do Santuário é constituído por obra de arte mas também por objectos do quotidiano que os peregrinos oferecem à Virgem de Fátima.

Quais são as peças com avaliação mais alta?
A peça com valor mais elevado é sem dúvida nenhuma a Coroa Preciosa da Virgem de Fátima. É valiosíssima porque é de ouro, porque tem turquesas, safiras, diamantes, pérolas, uma série de gemas e pedras preciosas. A bala que atingiu o Papa João Paulo II, se quisermos, é a jóia da coroa no verdadeiro sentido do termo. Transformou-se numa coroa relicário, portanto, tem um valor incomensurável.

O professor Vítor Serrão defendeu que o Santuário devia ser Património da Humanidade. Concorda?
Acariando este lugar com outros que são Património da Humanidade, só aqueles que entendem que apenas deve ser Património da Humanidade aquilo que nos foi legado pelo passado mais longínquo é que ficam surpreendidos. Temos aqui, em menos de um século, um lugar que emerge a partir dos cuidados da arte e com nomes cimeiros da arquitectura, da pintura, da escultura, da ourivesaria em Portugal. Portanto, é claramente projectável que este território possa ser entendido a partir dessa classificação.

Um museu de arte sacra em Leiria faz sentido?
Faz todo o sentido. Aliás, Leiria é um território que pode vir a surpreender do ponto de vista da arte sacra, da arte religiosa, quer no presente quer no passado.

Porquê?
Leiria tem uma série de relações com a história da diocese que interessaria potenciar. Em primeiro lugar, a própria cidade só é cidade porque se cria uma diocese. D. João III, para a fazer cidade, ele vai dotá-la da cátedra do bispo e aí aparecem alguns edifícios profundamente marcantes na paisagem de Leiria, como são a Sé e a Igreja de Santo Agostinho, que está ligada a uma reforma que a Igreja vive nessa época de grande erudição, em que a Igreja está a dotar as suas elites a partir dos cuidados da intelectualidade. Isto precisa de ser demonstrado à cidade. Estou convencido que a cidade iria ter uma maior autoestima se percebesse que a sua fundação enquanto urbe está ligada à intelectualidade daquela época.

O património que existe é rico o suficiente?
Sim, o património que o próprio Museu de Leiria tem, património sacro, que herdou do antigo paço episcopal de Leiria, a pintura religiosa que o Museu de Leiria tem, alguma exposta, outra em reserva, deriva de uma colecção que pertencia à Igreja, e depois há também uma boa colecção de escultura que a própria diocese tem. Para além disto, seria muito interessante que as próprias comunidades que gravitam em torno da cidade e que pertencem ao território da diocese pudessem ver as suas peças expostas num lugar digno.

E que lugar seria esse?
Não vou dizer nada de novo relativamente a esse lugar: claramente, o seminário antigo, junto ao Museu de Leiria, seria o lugar propício.

Quais são as principais jóias no contexto do território da diocese?
O território da diocese de Leiria-Fátima tem peças notáveis de arte sacra. Apenas para falar das de arquitectura, podemos começar pela Sé, a Igreja de São Pedro, a igreja que está dentro de muralhas, a Senhora da Encarnação, que é uma pérola, podemos depois caminhar para o Santuário do Senhor dos Milagres, do século XVIII, e podemos falar de edifícios como o Mosteiro da Batalha, que pertence ao Estado. Mas depois há pequenos edifícios, que não se conhecem, ou que ainda não são valorizados, mas que mostram uma arquitectura de grande erudição, por exemplo, a Igreja de Santa Eufémia, que é estudada nas aulas de arquitectura pelos futuros arquitectos. Ou lugares recônditos que estão a ser requalificados a partir da obra de arte. Um exemplo muito claro disto é o que está acontecer numa comunidade junto à Batalha chamada Golpilheira, [que] requalificou toda a sua igreja com uma arquitectura completamente renovada [e] qualificou-a com obra de arte de uma artista de Leiria, a Sílvia Patrício, que fez uma série de vitrais que merecem que alguém saia de Lisboa para vir à Golpilheira ver. Portanto, há todo um património religioso para descobrir nesta região.

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