As viagens de estudo ao estrangeiro das turmas de 9.º ano da EB 2,3 D. Dinis, em Leiria foram canceladas. A decisão, tomada pelos vários órgãos do agrupamento, está gerar a contestação de pais, alunos e professores.
Um dos encarregados de educação que abordou o JORNAL DE LEIRIA sobre o assunto lamenta que a decisão tenha sido tomada “antes de ouvidos os pais” e que não tenha sido colocada a hipótese de encontrar uma forma de comparticipar as viagens dos alunos que não pudessem participar por carência económica.
“O que sabemos é que alguém escreveu à direcção a dizer que, segundo a Constituição, se um miúdo não tinha dinheiro, não ia ninguém”, revela.
Na comunicação feita aos pais, a presidente da Comissão Administrativa Provisória (CAP) explica que as “visitas de estudo” não se realizarão este ano lectivo por “não estarem reunidas todas as condições que permitam a aplicação dos princípios consagrados na Constituição e o estipulado no Regulamento Interno do Agrupamento”.
Em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, Raquel Oliveira, presidente da CAP, justifica o cancelamento com as “condições económicas” de algumas famílias que não permitiam que “todos” os alunos pudessem participar e a “falta de recursos” da escola para garantir a “normal actividade lectiva” aos estudantes que ficassem.
“Há muita coisa em jogo, nomeadamente, o garantir a igualdade de oportunidade para todos, o ir à viagem e o direito a ter aulas”, alega a docente, que assume que foi uma decisão “muito difícil” e “bastante reflectida”, que envolveu o Conselho Geral, o Conselho Pedagógico e a própria CAP.
Segundo a docente, “houve duas pessoas que se manifestaram por escrito contra a realização da visita nestas condições”, mas, garante, “não foram as únicas a expressar essa posição”.
Reconhecendo que “as crianças estão muito tristes” e que “há professores com alguma indignação”, a presidente da CAP lamenta “os transtornos causados às famílias”, mas entende que, se o processo avançasse, “os transtornos seriam ainda maiores”.
Raquel Oliveira assegura ainda que a decisão foi explicada aos pais e aos alunos e que houve “algumas diligências para ajudar famílias” com dificuldades em assegurar as visitas, mas que, “em tempo útil”, não foi possível “reunir as condições necessárias”.
As visitas de estudo, que tinham sido previamente aprovadas pela escola, abrangiam as seis turmas do 9.º ano. Os destinos escolhidos eram Madrid, Paris e Salamanca.