PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Viver

Manual de boas maneiras para elevadores. Conto de Natal, por João Paulo Silva

por
Dezembro 24, 2023
em Viver
0
Manual de boas maneiras para elevadores. Conto de Natal, por João Paulo Silva
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

Como estamos no Natal, permitam-me que vos fale de elevadores.

Existe um código informal de utilização deste meio de transporte, uma espécie de manual de boas maneiras, de grande importância para a salutar sobrevivência em vizinhança.

As regras são, basicamente, do bom senso, da boa educação, do civismo, do recato e da higiene.

Dada a dignidade do assunto, proponho uma abordagem seguindo os cânones da boa dialética. Debrucemo-nos, então, sobre esta problemática sob os pontos de vista religioso, sociológico e político.

Religioso

A função de elevação vertical do indivíduo oferecida pelo elevador, i.e. ascensão, confere-lhe uma dimensão metafísica que não pode ser ignorada.

Não é preciso pregar muito para arranjar meia dúzia de mandamentos adequados à doutrina que me proponho catequizar: não profanar o templo da ascensão, não cuspir, não grafitar, não sujar, não gasear (flatus ou tabacos); não invocar o botão de alarme em vão; não cobiçar o elevador da vizinha, nem a vizinha no elevador. Ainda que o elevador seja um mecanismo de elevação, não consumar.

Sociológico

O elevador social também tem as suas regras.

A distribuição de passageiros segue os preceitos dos wc’s masculinos (para quem não frequenta, pode ser descrito como um axioma geométrico que distribui os homens pelos urinóis da forma o mais afastada possível).

Já a interação, que se quer frugal, deve respeitar a regra da selva, nunca olhar nos olhos.

Em caso de violação desta lei, recomenda-se o recurso ao sorriso genérico e uma simulação de mensagem no telemóvel.

A paz do prédio pode estar em causa. Espaço pleno da igualdade, no elevador não há quotas, nem género.

É chegar e embarcar. O botão, seja para chamar ou selecionar o andar, deve ser premido uma única vez.

Não há qualquer relação entre o número de vezes que se prime e o tempo de espera.

Uma vez dentro da cabine, selecione o piso e limite-se a esperar, o botão de fechar as portas é um mito urbano.

E urbanidade, por favor. Quando o alarme do excesso do peso soa, evite olhar para a pessoa mais obesa.

Político

Há hierarquias informais que se estabelecem de forma automática nos elevadores.

O alfa do elevador é a pessoa que ao entrar assume de imediato o domínio do painel de controle e seleciona o andar de todos os passageiros. Ainda não foi inventado um equipamento mais eficaz para o estabelecimento de hierarquias ou lideranças.

Proponho que se utilize este método – uma espécie de lift suffrage – para a escolha de novas lideranças, seja nos clubes de futebol, partidos, listas de deputados, eleições autárquicas, legislativas, presidenciais, nas NATOs, FMIs e ONUs e Troikas da vida.

Proponho um exercício simples: selecionem um conjunto aleatório de apelidos, por exemplo, Costa, Rebelo de Sousa, Lagarde, Netanyahu, Putin, Jinping, Trump, Biden, Leyen, Guterres, Zelensky.

Metem-nos aos pares no elevador. Ganha o último a sair.

O trauma

Comecei a desenvolver esta teoria na noite do dia 24 de dezembro de 2013, na sequência de um episódio traumático que mudou para sempre a forma como encaro o Pai Natal. Foi o fim da magia.

Depois de uma tradicional consoada na Bajouca, dirigi-me a um prédio algures na Quinta da Maligueira.

Segui todos os preceitos, chamei o elevador e esperei tranquilamente.

Para meu grande espanto, quando as portas se abriram, dei de caras com um jovem, ruborizado, de calças na mão, barbas brancas, casaco vermelho vestido e barrete na cabeça.

Era ele, o Pai Natal, repito, literalmente de calças na mão, a vestir à pressa a farda natalícia.

Subimos em silêncio, constrangidos, até ao andar onde o meu companheiro de viagem se despediu.

Apesar das barbas, não pude deixar de constatar que o Pai Natal é a cara chapada do vizinho do… (prefiro não revelar o andar).

Segui atordoado até ao meu apartamento, com um único pensamento a toldar-me o espírito: O Pai Natal não usa ceroulas.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990

Etiquetas: conto de natalconto. textoculturajoão paulo silvaLeirialiteraturanatalopiniãoViver
Previous Post

Natal, um dia (quase) como qualquer outro

Próxima publicação

Sílvia Garcia, administradora da Agência Nacional de Inovação: “Estamos no bom caminho, no que toca a criar um ‘Portugal berçário de startups’”

Próxima publicação
Sílvia Garcia, administradora da Agência Nacional de Inovação: “Estamos no bom caminho, no que toca a criar um ‘Portugal berçário de startups’”

Sílvia Garcia, administradora da Agência Nacional de Inovação: “Estamos no bom caminho, no que toca a criar um ‘Portugal berçário de startups’”

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.