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Home Opinião

Depois de Guilherme Stephens – anotações à margem da História

João Gouveia Tomé, Militar da Armada aposentado por João Gouveia Tomé, Militar da Armada aposentado
Fevereiro 3, 2023
em Opinião
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Numa rota já sondada pela historiografia e na qual Guilherme Stephens emerge como alma mater da comunidade vidreira, importa proceder à recolha de fragmentos ainda perdidos no mar imenso da História e relacionados com a temática. 

O historiador Jorge Custódio, na Conferência Internacional do Vidro que decorreu recentemente na Marinha Grande, classificou a Fábrica de Vidros Stephens como “Um conjunto monumental que é memória e identidade da cidade da Marinha Grande, e que está para esta como o Castelo para Leiria ou a Torre de Belém para Lisboa”. 

Visite-se pois esse complexo onde Stephens no segundo quartel do séc. XVIII instalou uma fábrica de vidros, um teatro, sim um teatro e ainda uma quinta. 

Logo que se passa o portão, saltam à vista as platibandas triangulares nos 3 edifícios que enquadram o jardim, e também o portal do seu sóbrio palacete onde se destacam as 2 colunas que decoram e distinguem a entrada de um templo maçónico. Não restam dúvidas sobre o simbolismo do ambiente arquitectónico que envolve o visitante. 

Escave-se depois um pouco no espaço/tempo da arqueologia e da antropologia . A Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande guarda em si um conjunto de vestígios que configuram uma realidade socioeconómica inédita, ancorada num modelo de produção industrial disruptivo, totalmente inovador e super avançado para a sua época. 

A exposição dos 250 anos da Real Fábrica dos Vidros, o último trabalho em vida do ilustre marinhense Norberto Barroca, arquitecto, historiador de arte, homem do teatro e da cultura, um erudito apaixonado pela sua terra, trouxe à tona outras pérolas. 

Esta exposição, a rever brevemente na Casa Museu que receberá o seu espólio, assinala o início do fabrico do vidro em 16 de Outubro de 1769 para o que“ …Stephens contratou 7 mestres, 5 ajudantes e 3 aprendizes”. Uma inequívoca simbologia maçónica. 

Na Real Fábrica, o trabalho era retribuído com salários justos. Talvez por isso, sempre comparado por cima, em relação às outras profissões. Mais espantoso ainda para a época, foram os sistemas de apoio social e de saúde que beneficiaram os vidreiros, ao mesmo tempo que eram alfabetizados. 

O teatro construído dentro de um campus industrial será ainda hoje uma inovação. Foi lá que no séc. XVIII os vidreiros levaram à cena “Olympia” uma peça de Voltaire, também ele maçom e uma das luzes da Revolução Francesa. 

O modelo de organização produtiva, centrado na Obra onde o mestre, sábio e discreto apoiado pelos seus ajudantes e aprendizes liderava, fez escola na indústria do vidro. A disciplina hierárquica e o hermetismo ritualístico das obragens são qualidades que nos chegam pelo testemunho de quem ouviu os mais velhos vidreiros e radicam na antiga tradição das Corporações de Ofícios inglesas da Idade Média tardia, associadas aos primórdios da Maçonaria. 

Os vidreiros tornaram a Marinha Grande o centro de um operariado avançado, associado ao saber e ao poder. Cultos, disciplinados e com ideais de liberdade e de justiça social que Stephens lhes transmitiu, integraram mais tarde a vanguarda das grandes lutas operárias que tiveram o ponto mais alto na revolta do 18 de Janeiro de 1934.

Depois de 1827 e durante cerca de 100 anos, com o desaparecimento dos Stephens, a fábrica agonizou até à gestão de Acácio Calazans Duarte que promoveu o seu “renascimento”, seguindo os mesmos cânones dos fundadores. A fábrica conheceu então a sua segunda época de ouro. Júlio Pereira e João Vicente antigos vidreiros da Fábrica Escola destacaram em entrevista ao JORNAL DE LEIRIA, a competência e o humanismo reconhecidos a este administrador, também ele um maçom. 

É evidente que Stephens deixou uma valiosíssima herança imaterial aos marinhenses. Moldou sociologicamente uma comunidade e influenciou o pensamento de gerações seguintes que muito se destacaram no combate pela cultura e pela liberdade e na luta por uma sociedade mais igualitária. Porém, o pensamento politicamente correcto não tem dedicado atenção à magnífica influência maçónica em todo este processo. 

A narrativa histórica oficial está incompleta. Siga-se a sugestão do Norberto Barroca, que na sua obra “Palco de Memórias” alerta: “Este livro poderá ser um ponto de partida para estudos mais aprofundados do que aqui iniciei”. 

Jorge Custódio, observou ao JORNAL DE LEIRIA, que “A Marinha Grande identificou a fábrica como sendo a sua matriz, o seu berço” e que “a memória e a identidade da comunidade marinhense reside na Fábrica Stephens”. A fábrica, a imago mundi da comunidade marinhense. 

Um ideal nunca se preenche na plenitude. Aponta um caminho. A rota da utopia. Utopia que iluminou Stephens, ao criar, educar e cultivar uma comunidade de tipo novo, antecipando de facto, no espaço e no tempo as palavras de ordem que a Revolução Francesa iria cunhar mais tarde: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 

Que fantástica histórica a da Marinha Grande! Aprofunde-se o estudo, celebre-se o maçom Guilherme Stephens, e o seu sublime legado. 

O que seria hoje a Marinha Grande se não tivesse nascido neste berço maçónico? 

Etiquetas: arteescolainovaçãoJoão Gouveia TomélutaMarinha GrandeNorberto BarrocaofíciosoperárioopiniãoStephenstradiçãovidreirosvidro
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