“Não haverá hesitação por parte da Polícia de Segurança Pública em promover o encerramento de estabelecimentos onde se verifiquem alterações de ordem que provoquem a instabilidade e a paz social da cidade”. A advertência foi deixada pelo comandante distrital da PSP numa reunião realizada no final da semana passada, que contou com proprietários e representantes de 17 estabelecimento de diversão nocturna da cidade de Leiria.
Do encontro, saiu ainda o anúncio da realização de acções de fiscalização aos bares e discotecas, envolvendo polícia, câmara e ASAE. Os empresários ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA concordam com o reforço das inspecções, mas pedem também mais polícia nas ruas da cidade.
“Tem de haver mais prevenção. A presença de polícia é dissuasora. Não podemos agir apenas em reacção aos acontecimentos. Temos de os prevenir”, defende Filipe Oliveira, gerente do Filipes Bar, localizado no ‘Terreiro’, que considera “positivo” o reforço da fiscalização, “se for para ajudar a corrigir o que está menos bem e não apenas uma caça à multa”.
Também António Rocha, do Pátio do Barão, concorda com a intensificação das acções inspectivas. “Já devia ter sido há muito, para garantir que todos cumprem as mesmas regras. Não pode é ser mais um pretexto para ‘atacar’ os mesmos de sempre, ou seja, os bares da zona do Terreiro”, afirma o empresário.
Aceitando que seja necessária mais fiscalização, Carlos Brites, proprietário do Praça Caffé, lamenta o “alarido” criado em torno da noite de Leiria “a partir de um caso específico, que já estava identificado e que, segundo informação da polícia, já se arrasta desde 2019”, numa alusão à discoteca Mandarim, onde, de acordo com dados citados pelo Correio da Manhã, houve 28 ocorrências registadas pela PSP nos últimos três anos.
“Somos todos colocados no mesmo saco”, critica Carlos Brites, apontando também o dedo à falta de policiamento. “Não se vêem agentes fardados na cidade à sexta-feira ou ao sábado à noite. E quando há problemas nos espaços, a polícia demora a responder”, acrescenta, considerando que o reforço de fiscalização agora anunciado “não é mais do que pôr um penso numa amputação”.
Por seu lado, Vasco Ferreira, proprietário de vários espaços na cidade, entende que os problemas de segurança que se têm registado “não têm que ver com a noite em si, mas com o contexto social”. “Os empresários estão a ser usados como bodes expiatórios para um problema que é mais amplo”, acrescenta.
A reunião, que juntou representantes da PSP, da câmara e dos estabelecimentos de diversão noctuna, aconteceu na sequência de incidentes na noite, com agressões no exterior da discoteca Mandarim, que causaram “algum alarme social”, explicou o superintendente José Figueira, numa conferência de imprensa após a reunião, na qual o comandante distrital garantiu que Leiria “é uma cidade segura e tranquila”.