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Paulo Jacob: “Na área da reabilitação, é a arte que pode abrir as mentes e abanar as estruturas”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Junho 25, 2023
em Entrevista
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Paulo Jacob: “Na área da reabilitação, é a arte que pode abrir as mentes e abanar as estruturas”
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Paulo Jacob começou por recusar a ideia de trabalhar com pessoas com deficiência, e, entretanto, está há 22 anos na APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, onde desempenha as funções de professor de educação musical e coordena o departamento de música. Pós-graduado em Musicoterapia, na APCC é responsável pelos grupos 5ª Punkada e Ligados às Máquinas. Também tem trabalho realizado com jovens e crianças com autismo, em contexto de musicoterapia. Foi colaborador do Serviço Educativo da Casa da Música.

Foto de Ricardo Graça.

Como é que os 5ª Punkada acabaram no estádio de Coimbra a tocar com os Coldplay?
Foi uma história maluca, com uma série de desenvolvimentos e retrocessos. Esta ideia, de promover um encontro entre as duas bandas, partiu do nosso presidente da direcção da APCC [Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra]. Longe estávamos nós de pensar que poderíamos, eventualmente, tocar em conjunto. Tentámos agilizar a coisa com o presidente da Câmara de Coimbra, que se disponibilizou logo. Havia várias pessoas a fazer alguma pressão e a tentar ajudar. Entretanto, na última semana antes dos espectáculos dos Coldplay, a comunicação da APCC fez uma publicação.

Nas redes sociais.
Uma coisa muito normal. Olá, Coldplay, somos os 5ª Punkada e deveríamos encontrar-nos para pôr a conversa em dia. E as pessoas começaram a partilhar aquilo. Havia, de facto, uma energia muito positiva. Eu, pessoalmente, não estava à espera que fosse possível. Mas, no domingo, às sete e meia da manhã, recebi a notícia de que íamos tocar com os Coldplay. O presidente da Câmara conseguiu desbloquear a situação, porque esteve, na noite anterior, numa festa privada, em que estavam também os Coldplay, e ele aproveitou a deixa e falou com o Chris Martin. Mostrou-lhe o vídeo do “Blues da Quinta”, que é o primeiro single do disco Somos Punks ou Não?, ele viu uns segundos e passou-se. Chamou logo a manager e disse “faz tudo para meter este pessoal connosco amanhã a tocar”.

A banda surgiu na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra e tem um percurso de quase 30 anos. Ir a palco com o Chris Martin é uma vitória?
Acaba por ser uma validação externa de um trabalho que é bom. Fazemos música, pomos as pessoas a dançar. Pegando na nossa máxima, que é criar uma espécie de revolução, efectivamente não há, praticamente, bandas com pessoas com deficiência a tocar em Portugal. Há poucas e as que tocam não saem muito do circuito inter-institucional. Portanto, queremos ver se conseguimos abrir aqui caminho para outras bandas. E há bandas muito boas e muito válidas.

Para o Paulo, que é guitarrista dos 5ª Punkada, além de musicoterapeuta, o que significou esta oportunidade?
Os 5ª Punkada são um projecto musical em que a vertente de aquisição de competências – ou seja, a parte educativa – e a parte recreativa se juntam. Isso é feito com uma consciência terapêutica, digamos. Mexeu bastante comigo. Foi especial. Nós temos o departamento de música estruturado em três respostas diferenciadas: pessoas que queriam formalmente aprender música, pessoas que apenas queriam usufruir da música, e a última resposta, a nível terapêutico.

Estamos muito longe de uma plena participação, no palco e na plateia?
Não diria anos luz, mas… Tem que ver com o processo daquilo que se chama inclusão. Prefiro falar em participação, porque é isso que pode ajudar pessoas com deficiência a ganharem competências para participar socialmente, assim como pode ajudar a facilitar o processo de percepção daquilo que é a pessoa com deficiência, da parte do senso comum. Ainda há esta ideia desvalorizante da imagem da pessoa com deficiência, e o caminho, e o grande futuro, na área da reabilitação, é, de facto, a arte, que pode abrir as mentes e abanar as estruturas, os paradigmas.

O momento dos 5ª Punkada com os Coldplay vai acelerar a mudança?
Deve ter ajudado algumas pessoas a perceber a pessoa com deficiência de uma forma diferente. Tudo depende das experiências. Se forem positivas, à partida tornar-se-ão significativas. Se forem más, também se podem tornar significativas, pelo lado contrário. Mas eu acredito que a arte pode ser um recurso para essa tal revolução. Seja a pintura, seja a música, seja o teatro, são formas de trabalhar as questões que têm que ver com a partilha e com os afectos. Portanto, acredito que esse momento pode ter ajudado. Como outros que já passaram. O facto de termos, no ano passado, estado nos Prémios Play, nomeados para melhor videoclipe, o que obrigou a produção a repensar toda a questão que tem que ver com a acessibilidade.

Entretanto, outro projecto da casa, a orquestra Ligados às Máquinas, vai actuar em Leiria, no festival Nascentes, já nesta semana.
Os 5ª Punkada são um grupo pop rock constituído por utentes da APCC. Duas das pessoas têm paralisia cerebral, portanto, têm algum comprometimento a nível neuromotor, não a nível cognitivo. Os restantes elementos têm défice intelectual, mas, em termos motores, são autónomos. Os Ligados às Máquinas são um projecto completamente diferente. Estamos a falar de uma orquestra de samples, de amostras musicais, constituído por nove pessoas em cadeira de rodas com alterações neuromotoras muito graves.

Uma delas é a teclista dos 5ª Punkada.
A Fátima Pinho, que utiliza um teclado USB, portanto, consegue ter mais sons que pode disparar. Os restantes elementos, cada um deles tem um switch que é personalizado à sua componente funcional motora. Uns disparam através do lábio, outros a partir dos dedos, outro através da cabeça. É aproveitar aquilo que cada um pode dar para poder dar a possibilidade de participar no acto criador de fazer música em grupo.

Em Leiria, vão apresentar um concerto que se baseia em samples criados por artistas.
Também. A Orquestra e o Coro Gulbenkian, Samuel Úria, Rita Redshoes, os Mano a Mano, Lavoisier… tenho difiiculdade em nomear as pessoas todas. Foram convidadas a gravar o que quisessem. O Salvador Sobral foi logo dos primeiros a gravar, gravou dois minutos de música que deram azo a 14 samples.

De que modo é que os vossos elementos contribuem para o resultado final?
A partir da escolha. Vamos ouvir e há alguém que diz “isso era fixe para fazer um sample, isso era fixe para fazer um loop”. Então, agarramos num programa de edição de som, eu projecto na parede, toda a gente vê e vamos samplando. E, a partir do momento em que já temos coisas para fazer uma composição, vamos experimentar, vamos juntando.

É um projecto único no Mundo?
Que eu tenha conhecimento, é. Existem grupos ou ensembles, mas são muito diferentes. Por exemplo, a Paraorchestra, do maestro inglês Charles Hazlewood, mas é um grupo completamente diferente.

Os Ligados às Máquinas são um exemplo de inclusão?
De participação. A inclusão é um processo biunívoco, não depende só de nós. Nós damos o nosso contributo, portanto, participamos. Artística, musical e socialmente. Acredito que quanto mais participação social houver, quer da parte dos Ligados às Máquinas quer da parte dos 5ª Punkada, estaremos a abrir pequenas brechas que poderão ajudar a abrir um bocadinho a consciência lá de fora, do senso comum. A inclusão faz-se através de um entendimento mútuo, de respeito, de questões que têm que ver não só com a igualdade mas também com a equidade.

A música e a arte abrem possibilidades.
Cada um tem aquilo a que nós em terapia chamamos identidade sonoro-musical. Diferente. Todos nós. Acaba por ser uma espécie de impressão musical, mas através da música e dos sons, através do mundo sonoro. É uma área educativa, da saúde. A ideia não é fazer música, na musicoterapia, a ideia é utilizar a música para trabalhar componentes não musicais, seja no domínio cognitivo, seja no domínio físico-motor, no domínio psicoafectivo, psicoemocional. A música mexe connosco a todos esses níveis.

Como é que esses projectos foram recebidos nas instituições?
Praticamente, todos os anos, sai uma fornada de musicoterapeutas. Há cada vez mais gente a trabalhar.

Há ainda muros para derrubar nos centros de reabilitação?
Os 5ª Punkada são o elemento que desencadeou, não só o interesse, mas também o carinho e o suporte que as sucessivas direcções deram ao longo dos anos. Não só a música. Podia falar de pintura, de escultura. Temos departamentos de artes, na APCC, que têm, de facto, o suporte da direcção. Sei que há instituições, e há grupos que fazem parte dessas instituições, que não têm, se calhar, o mesmo suporte que nós temos. E, de facto, é uma pena, é quase uma vergonha, uma pessoa que está à frente de uma direcção, não ter esta sensibilidade e não ver que, de facto, a arte é o futuro na reabilitação.

O olhar da sociedade sobre pessoas que têm outras necessidades, também tem de mudar?
Obrigatoriamente. Olhar para o outro é estarmos a olhar também para nós. Fazemos todos parte da mesma bola azul chamada Planeta Terra, estamos todos aqui, e, se a Humanidade quiser ter algum futuro, esse é o caminho.

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