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Rastos

Alexandra Azambuja, publicitária por Alexandra Azambuja, publicitária
Dezembro 29, 2022
em Opinião
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Na vida deixamos um rasto. Às vezes são pegadas fundas, escuras e cheias de lâminas, outras vezes apenas linhas brandas, macias, com calcanhares cheios de estrelas cadentes.

Tudo o que fazemos fica. Na memória e na vida dos outros. E como fazemos, assim recebemos. Esta velha verdade – como pode ser ignorada ? – apanha-nos ao longo da vida, na esquina, de forma surpreendente e inesperada, como uma lei natural e inexorável, que independe do estatuto, do tempo, do poder.

E é assim que vejo gente outrora poderosa, prepotente, cheia das certezas do mundo, soçobrar, alquebrada pela devolução daquilo que deram aos outros: nada. Nenhuma generosidade, nenhum afecto desinteressado, nenhuma atenção, nenhum detalhe, nenhum esforço genuíno pelos outros, nada. 

Na minha pequena e nada relevante estatística pessoal, contam-se pelos dedos de duas mãos as muito boas pessoas, como gente de uma tribo perdida que vagueia num mar de gente mesquinha e egoísta, almas perdidas à procura do dialecto comum, uma espécie de código secreto cheio de pequenos nadas.

Ciente de que só aprendemos com a nossa própria experiência, há no entanto algumas coisas que nos dizem, que podem mudar-nos. Guardo algumas que ouvi há muitos anos:

– “Diz o que sentes, não o que pensas.”

– “Faz o que sentes que está certo, mesmo que o mundo inteiro diga o contrário.”

– “Às pessoas vis não é necessário empurrar para o precipício. Elas próprias se encarregam de cair.”

– “Há uma justiça rara e certa no mundo: pode demorar uma vida inteira a chegar. Mas chega.”

Vem isto a propósito do final do ano que se aproxima e dos balanços que tantos fazemos em fim de ciclo.

Vivemos tempos extraordinariamente estranhos. 

A mudança de tantos paradigmas que pareciam imutáveis na nossa geração – o clima com 4 previsíveis estações do ano, a bem aventurança do consumo com uma linha deslizante no horizonte chamada crescimento económico, a que gostamos de chamar modelo capitalista,  a energia barata e inesgotável vinda do petróleo, o triunfo imbatível das democracias, tudo quanto demos como certo está agora em causa numa resposta simples da Natureza: “assim como fizeres, assim acharás”.

E deixo-vos a pequena e insignificante história de uma mulher doente, velha e pobre que conheço, e que me contava, acerca de uma família rica da cidade, a quem serviu como empregada há mais de 30 anos:

– A Dona J?, era uma jóia, minha senhora. Fazia-me sempre sentar e almoçar na mesa dela.

– E os filhos?

– Olhe, o mais novo já era cínico em criança, achava que a festa de Natal que o pai dava com presentes aos empregados era um desperdício. O mais velho não, era muito bom para mim e fazia-me sempre rir.

E fico a pensar nas pegadas luminosas que perduram no tempo e que fazem, passada uma vida inteira, alguém contar-me os detalhes íntimos e insignificantes da vida doméstica de gente que conheço, e é então que sei que afinal, mesmo quando não sabemos, deixamos realmente um rasto.

Cabe a nós decidir, como serão as pegadas que vamos deixar em 2023.

 

Etiquetas: Alexandra azambujaambientecapitalismodemocraciadesperdíciogeraçãonaturezaopiniãopobreprepotente
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