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Home Opinião

A que vos cheira o Natal?

Cláudia Camponez, psicóloga educacional por Cláudia Camponez, psicóloga educacional
Dezembro 20, 2022
em Opinião
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Sem memória seriamos ocos, desprovidos de orientação. Se pensarmos bem, tudo o que somos, sentimos e sabemos depende do que fomos guardando ao longo da vida e são os sistemas sensoriais, em conjunto com a memória, que nos permitem ser nós e não outra pessoa qualquer.

Somos um acumular de experiências, como livros que contam histórias e à semelhança de um computador, temos incorporados ficheiros que nem sabemos ter guardado (eu, por exemplo, sem disso ter bem noção, tenho metade das letras do Bryan Adams armazenadas no meu hipocampo). No entanto, toda esta coleção de imagens e conhecimentos se acaba quando o livro se fecha. Tudo finda, com exceção da memória que de nós fica nos outros. 

Às vezes, lembro-me que dentro desta Cláudia que agora vocês lêem, morou já uma Cláudia pequenina que adoecia sempre que molhava os pés fora de época. Que também cá morou uma Cláudia que corria depois de jantar para atender um telefone que tocava longe de casa, o 93135. Lembro-me ainda da Cláudia que escrevia à máquina os trabalhos escolares e da Cláudia que reconhecia no som do maçarico a sentença do suíno da família, e de tantas outras Cláudias que por cá passaram e cá cabem. Agora, uma espécie de força resultante dessas raparigas do passado fazem de mim quem sou e são essas memórias que me alicerçam o caminho. No entanto, o passar do tempo danifica as memórias, humidifica-as e enferruja-as. Como gavetas há muito tempo fechadas empenam, também o que passou tende a  entorpecer.  

Tenho pena que assim seja. Não sou acumuladora compulsiva, mas no que toca a lembranças passadas, gostava de as ter mais presentes e nítidas. Sempre me enamorei pelo passado. É fiel, real e não falha. E se faz parte de quem somos, parece-me que devia estar mais perto e mais acessível. Mas há quem diga que só esquecendo se consegue lembrar… Valem-nos, por isso, os tradicionais auxiliares de memória para recuperar episódios mais longínquos. Ainda há pouco, por exemplo, dei com um diário de 1994 e muito do que lá estava não existe já no meu arquivo. Não me lembro daquelas idas ao cinema nem de ter passado tanto tempo com os meus sobrinhos mais velhos. De facto, nem tudo perdura, nem mesmo eventos pessoais que hoje, pelo menos, considero terem sido relevantes. Por outro lado, nem tudo merece ficar retido, muitos dias são mais do mesmo e há que reciclar e deixar espaço para o que há-de vir. 

No entanto, como adoro revolver o passado, adoro também aquela espécie de condicionamento pavloviano, mas neste caso associada a um estímulo olfativo. Aqueles short cuts que abrem caminho a memórias julgadas esquecidas ou há anos inertes. A memória olfativa fascina-me. Tão primitiva, mas tão poderosa e duradora. Como é que um cheiro é capaz de trazer à tona memórias há anos adormecidas e muitas vezes julgadas inexistentes?

A que vos cheira o Natal? A mim cheira-me a musgo e a tangerinas. Cheira-me a calendários de parede acabados de imprimir e a bolo-rei transpirado dentro da embalagem. A partir daqui, consigo voltar a ver como era. Revisito e recupero, de uma forma muito próxima do original, as circunstâncias do que vivi e as emoções experimentadas. Os aromas abrem caminho a histórias antigas e permitem aceder a lugares fechados a sete chaves.

Talvez assim fale porque o passado não me dói ou porque o aceito tal como foi. Ou então porque sinto o tempo a correr depressa demais, não sei.

Etiquetas: Cláudia Camponez
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