A instalação de um parque híbrido em Fanhais (Nazaré), destinado a alimentar uma unidade de produção de hidrogénio verde, projectada para servir indústrias da região, poderá ser “inviável”, adianta a Rega Energy ao nosso jornal. A empresa informa também que está à procura de uma localização alternativa, tendo já identificado vários terrenos mais próximos da Marinha Grande.
Admitindo que podem não estar reunidas condições para que o parque se instale na Nazaré, ainda assim, a Rega Energy acedeu a apresentar a projecto numa Assembleia Municipal extraordinária, que se realizou terça-feira, na sede da Liga dos Amigos de Fanhais, após o fecho desta edição.
João Rosa Santos, responsável pela área de desenvolvimento de negócio da Rega Energy, empresa que lidera o consórcio do projecto Nazaré Green Hydrogen Valley, explica que se a criação [LER_MAIS]de um parque híbrido (energia eólica e solar) em Fanhais encontrar algum obstáculo por parte das autoridades, a empresa não insistirá nesta opção e procurará outras soluções, já estudadas.
Mesmo que o parecer da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa de Vale do Tejo fosse favorável, para avançar em Fanhais a obra iria carecer de alteração ao Plano Director Municipal. Não há garantia que a alteração seja aprovada ou, mesmo sendo, nada garante que esse processo seja tão célere quanto exigem os timings do projecto, salienta João Rosa Santos.
Nessa medida, a solução passou por procurar localizações alternativas, mais próximas da Marinha Grande, para onde, de resto, está prevista desde início a instalação do electrolisador.
Segundo João Rosa Santos, o projecto precisa de 100 a 200 hectares para ser instalado. A Rega Energy admite ter que localizar os parques solar e eólico em áreas diferentes, pelo que, neste momento, estuda diferentes localizações. Esta duplicidade de fontes (sol e vento) garantiria maior armazenamento de energia, capaz de assegurar fornecimento constante, e a preços mais competitivos, a indústrias de vidro, cerâmica e cimento, dos concelhos da Marinha Grande, Leiria e Alcobaça, realça João Rosa Santos.
O arranque do fornecimento está previsto para Julho de 2025, prazo “muito desafiante” depois desta alteração do projecto. Mas, havendo mais terrenos disponíveis nesta área, a empresa tem condições de iniciar a adjudicação das obras em Setembro, acredita o responsável.
Recorde-se que o projecto representa um investimento de cerca de 150 milhões de euros, que pretende criar 140 empregos e ter impacto em 1700. Visa descarbonizar indústrias da região, através da substituição de fontes de energia, como gás natural, por hidrogénio verde.
Segundo o projecto inicial, na Marinha Grande seria instalado o electrolisador abastecido por energia produzida no parque híbrido da Nazaré, onde o objectivo era instalar 62 hectares de painéis fotovoltaicos e sete turbinas eólicas numa área de 220 hectares, parte dos quais ocupados com pinhal, em Fanhais, o que tem merecido contestação junto da comunidade.