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O Hospital de Santo André, do Centro Hospitalar de Leiria, é a única unidade pública do País a realizar a cirurgia endoscópica transaxilar da tiróide.
O JORNAL DE LEIRIA acompanhou a intervenção inovadora a uma jovem de 28 anos, com um tumor maligno da tiróide.
Dois furinhos na axila e um na zona da areola permitiram a introdução de tubos chamados trocares que permitem introduzir uma microcâmara de alta resolução ao interior do corpo e instrumentos altamente delicados.
A lente é os olhos do cirurgião Jaime Vilaça, que vê todo o interior como se estivesse in loco. Com um trabalho de alta precisão vai abrindo caminho até chegar ao tumor, retirá-lo para um saco ainda dentro do corpo, puxado pelos trocater. Pelo caminho usa-se um sensor para identificar o nervo da corda vocal e assegurar o melhor dos resultados.
Foram quase hora e meia de trabalho minucioso. “Isto é um tipo de cirurgia minimamente invasiva, que traz vantagens inequívocas para os doentes, desde logo uma óptima recuperação e um resultado estético fantástico”, assume Jaime Vilaça, o pioneiro desta cirurgia em Portugal, com mais de 200 cirurgias realizadas no privado.
Na cirurgia convencional à tiróide é feita uma incisão aberta directamente no pescoço, deixando bem visível uma cicatriz. “O que tratamos foi um pequeno tumor maligno da tiróide, com a remoção parcial da tiróide. Falando num contexto de uma mulher de 28 anos ou de um homem jovem, com uma vida activa e laboral, têm grande benefício em ter uma recuperação rápida, pouca dor, sem cicatriz”, reforça o cirurgião.
Jaime Vilaça compara as técnicas endoscópicas e as tradicionais a “um músico que domina a pauta mas que quer aprender um outro instrumento”. “Um violino nada tem a ver com o piano. A técnica é toda ela diferente ainda que a melodia possa ser a mesma.”
Hoje assinala-se o Dia Mundial da Tiróide, uma glândula que causa problemas a muitas pessoas. Salvato Feijó, director clínico do Centro Hospitalar de Leiria, adianta que, “no último ano, o serviço de endocrinologia do CHL fez cerca de 650 punções tiroideias”.
“Temos muitos doentes com patologia tiroideia na região e esta é uma técnica que vai forçosamente ter muito maior expressão”, admite.
Os benefícios desta técnica endoscópica não são apenas estéticos. Jaime Vilaça destaca a “imagem amplificada, com uma iluminação optimizada, que permite ver muito bem todas as estruturas nobres que preciso preservar nesta operação, nomeadamente o nervo que enerva a corda vocal e é fundamental a sua preservação para a pessoa manter o seu desempenho da voz”.
Jaime Vilaça iniciou estas intervenções no ano de 2014, no sector privado. Desde Setembro que realiza a cirurgia endoscópica transaxilar da tiróide no hospital de Leiria.
“Já temos cerca de duas dezenas de casos tratados aqui e os resultados têm sido muito apreciados pelos nossos doentes. Parece-nos que o SNS precisa desta modernidade. O nosso hospital está muito empenhado em trazer inovação e educação ao âmbito da cirurgia com estes avanços, que podem trazer uma melhoria muito grande para a recuperação dos doentes e para o seu resultado final”, afirma. Segundo Salvato Feijó, este é mais “um investimento que o CHL tem feito na diferenciação e na inovação e a criar condições para atrair capacidade técnica e novos elementos para preencher o quadro hospitalar com técnicas inovadoras”.
