Quase seis milhões de euros (ME), a investir de forma faseada até 2035, é a estimativa de custos para a execução do plano de drenagem pluvial da cidade de Leiria, que, entre outros objectivos, pretende prevenir a ocorrência de inundações e “antecipar” o impacto das alterações climáticas.
O estudo foi apresentado, esta terça-feira, em reunião de câmara, com a solução recomendada a apontar para a manutenção do caneiro que atravessa a zona baixa da cidade, evitando, dessa forma, ‘esventrar’ a avenida Heróis de Angola, como chegou a estar previsto.
De acordo com a análise feita pela equipa técnica, que está também a trabalhar em soluções para a cidade de Lisboa e que foi responsável pela intervenção efectuada em Águeda, a solução preconizada tem um desempenho hidráulico e resiliência a fenómenos de inundação “similar” à opção que passava pela substituição do caneiro, com a vantagem dos custos serem menores: “3,2 ME em vez de 7,2 ME”. A esses valores, somam 1,4 ME de intervenções comuns às duas soluções e quase outro tanto para a envolvente à zona do estádio.
Sistema de aviso
Entre as soluções propostas pelo estudo está a instalação de um sistema de monitorização e aviso de inundação, a construção de dois diques entre as pontes do Arrabalde e do IC2 e a instalação de uma estação elevatória com electro- -bombas, no largo do Papa, que permita “escoar água do caneiro” e “mitigar extravasamentos a montante”.
A solução recomendada no plano aposta na manutenção e reabilitação do caneiro, a fazer “pelo seu interior”, intervenção complementada com o “desvio da bacia dos Capuchos” para o colector da Rua Dr. João Soares” e a criação de condutas “a meia encosta”, para conduzir a água da chuva “directamente para o rio”.
Desta forma, irá “libertar-se a zona baixa da cidade dos caudais da zona alta”, fazendo com que a carga do caneiro fique “muito aliviada”, passando a “metade”, explica José Saldanha de Matos, reprensentante da Hidra, empresa que fez o estudo.
O especialista em ambiente e hidráulica revela que está também prevista a instalação de dispositivos de controlo de caudal, que permitirão que o sistema de drenagem, ainda unitário em muitas zonas da cidade, com as águas residuais e pluviais juntas, “só descarregue para o rio quando a diluição das águas residuais atingir os valores recomendados”.
O estudo, encomendado em Abril de 2021, incluiu “campanhas de campo”, para a caracterização do escoamento do sistema, a aplicação de um modelo hidráulico para avaliação do desempenho da rede, a simulação das várias soluções preconizadas e a análise comparativa das mesmas.
“A situação actual mostra que praticamente todos os pontos do sistema têm problemas”, salientou Filipa Ferreira, da equipa técnica da Hidra, apontando o assoreamento e obstrução de colectores e a ineficiência dos dispositivos de intercessão do escoamento superficial como algumas das lacunas do sistema.
“Adiar é complicar”, pode ler-se nas conclusões do estudo, que sublinha que a nova directiva de águas residuais “dá ênfase à contaminação por pluviais urbanos e exige monitorização e planos até 2030”.