As comemorações do cinquentenário da revolução do 25 de Abril arrancam já no próximo dia 3 de Maio, data em que se assinala o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, onde se vai discutir “aquilo que foi mais emblemático com a chegada da democracia, que é a liberdade de expressão e seu uso”, refere Acácio de Sousa.
Do lápis azul, da censura ao algoritmo é o tema do primeiro ciclo de conversas de Abril. “Vamos ter em Leiria José Carlos de Vasconcelos, Anabela Neves e Anselmo Crespo. Três personalidades notáveis do jornalismo em Portugal, que vão discutir o jornalismo ontem e hoje”, revela o coordenador pela programação.
Também a 13 de Maio de 2023, a Fundação Francisco Manuel dos Santos vem debater a Leiria “Cinco Décadas de Democracia, o que mudou?”, com o politólogo António da Costa Pinto.
Segundo Acácio de Sousa, serão também recolhidos testemunhos nas freguesias de quem viveu na época do 25 de abril de 1974, referências que serão depois trabalhadas cientificamente e editadas em vídeo. “Esta recolha de memórias parece-me muito importante”, destaca ainda.
O programa centra-se na “festa do povo”, que vem à rua e oferece uma programação alargada, ao longo de um ano, chamativo o concelho de Leiria a lembrar o contributo de quem combateu a ditadura e reflectir sobre os valores da democracia.
“Atendo que, segundo é dito, apenas um quarto da população atual tinha mais de 16 anos em 1974, é necessário de alguma forma reavivar o significado dos dados sem ser em tom nostálgico, mas, sobretudo, trazer os valores da democracia às novas gerações, voltar a discutir e refletir sobre eles, não esquecendo a memória, que tem de ser guardada e mostrada”, sublinha Acácio de Sousa.
Segundo o coordenador da programação, vão participar nos vários eventos instituições e os tecidos associativos, culturais e sociais de Leiria, bem como as freguesias do concelho de Leiria.
“Vai ser um programa multifacetado entre o que serão conversas, debates, exposições, artes performativas, teatro, bailado, dança, cinema até à festa final. Abril era uma festa do povo e vai haver uma festa do povo com a recriação de Leiria há 50 anos em abril de 2024”, explicou.
Estão previstas várias mesas redondas, já com a confirmação da presença de personalidades como Henrique Neto, Joaquim Vieira, Alberto Costa, José Augusto Esteves, Pezarat Correia, Maria Inácia Rezola e Adelino Gomes.
Também “Leiria no caminho de Abril” mostrará o contributo de Leiria para a democracia, vindo desse passado até ao presente, percebendo “quem fez Abril”, refere uma nota de imprensa.
O debate sobre “Democracia e a Sociedade” será dinamizado pela Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria, abordando ao que era, antes e depois, a economia, o mundo empresarial, os direitos laborais e formas de intervenção cívica.
Serão, ainda, feitos trabalhos com as escolas e a imprensa sobre formas de participação juvenil antes de 1974.
Será pintado um grande mural em Leiria, a forma de expressão artística mais representativa do 25 de abril, com a colaboração da comissão nacional para as comemorações dos 50 anos do 25 de abril.
Participar é “contribuir para a consolidação da democracia”
Presente na apresentação do programa, Maria Inácia Rezola, comissária executiva da Estrutura de Missão para as Comemorações do 50.º aniversário do 25 e Abril, confessou-se “muito interessada e entusiasmada” com o programa anunciado, antevendo “umas grandes e dignas comemorações do 50 anos da democracia” em Leiria, cidade de onde é natural.
A historiadora, convidada pelo Presidente da República para liderar aquela estrutura de Missão, salientou que o “dinamismo” relevado em Leiria em torno da efeméride se estende a todo o País. “É surpreendente percebermos o dinamismo, o entusiasmo e o empenho que está a existir em torno dos 50 anos do 25 de abril”, disse.
“Porque o País mudou radicalmente e porque mudou graças ao 25 de Abril, é fundamental recordar e celebrar a revolução. Ao evocarmos essa viragem histórica e o que o 25 de Abril representa, pretendemos celebrar a conquista e a construção da democracia, reflectindo sobre o passado, mas também perspectivando o futuro”, afirmou a Maria Inácia Rezola, que espera que a “evocação e o conhecimento do passado contribua para uma sociedade mais participativa, mais plural e mais democrática.
Para a historiadora, “os 50 anos da democracia portuguesa devem e tem de ser um catalisador para uma consciência colectiva para uma cidadania mais forte”, com o “legado” da revolução a “alimentar a prática democrática hoje”
“Participar nestas comemorações é a nossa forma de contribuir para a consolidação da democracia”, defendeu.
Por seu lado, o presidente da câmara sublinhou que programa oficial do município “não está fechado” e pode acolher outras iniciativas propostas pela “rede social e cultural” do concelho. “Este é um momento de participação e envolvimento da comunidade”, realçou Gonçalo Lopes, que destacou a “diversidade” da programação.
O autarca referiu ainda a preocupação de estender as iniciativas às escolas. “É um momento também de educação”, disse.