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Utentes da Oásis – Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social e da Cercilei – Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Crianças Inadaptadas de Leiria foram convidados a integrar um projecto da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria, no âmbito da sua pós-graduação em Desporto e Actividade Física Adaptados, que visa proporcionar aulas de exercício físico e desporto em meio escolar.
“A pós-graduação não faz sentido como um elemento isolado. Era importante associar-lhe projectos comunitários. Já temos outros com crianças e este era um que precisávamos de fazer junto das instituições da região. Começámos para já com estas duas, mas a ideia será estender no futuro a outras”, explica Raul Antunes, um dos coordenadores do projecto e da pós-graduação.
Animação, alegria e superação foram constatadas pelo JORNAL DE LEIRIA, que assistiu a um breve momento da aula de exercício físico no ginásio da ESECS com o grupo de utentes da Oásis. Uma vez por semana, cada instituição desloca-se à escola superior. “Trazemo-los à nossa escola, ao nosso contexto, porque acreditamos que este é o caminho mais lógico da inclusão”, afirma o docente.
Durante cerca de uma hora e meia, mais de uma dezena de utentes são sujeitos a diversos estímulos. “Para a população com deficiência intelectual é muito importante a questão das cores, dos materiais diversificados e de terem contacto com materiais que frequentemente não interagem com eles”, diz Raul Antunes, que admite poder incluir a prática de voleibol ou basquetebol nestas aulas de exercício físico.
Para o professor, a resposta deve ser o mais próximo possível do contexto da ESECS, “para que possam conhecer e interagir com outras pessoas”.
“Na semana passada, sentimos claramente que a satisfação deles é muito grande. O prazer e a satisfação que retiram disto é uma variável fundamental”, destaca o coordenador, ao informar que o projecto vai avaliar o impacto que o desporto e a actividade física têm na vida da pessoa com deficiência e na “dinâmica da intervenção que têm nas instituições”.
“O exercício e o desporto são fundamentais para a pessoa com deficiência. Associado a estes benefícios físicos há os benefícios psicológicos e sociais. O fundamental é perceber o que vão conseguir fazer e de que forma é que vamos potenciar isso”, adianta.
Sentem-se iguais Bruno Mourinha, director técnico do Centro de Actividades para a Capacitação e Inclusão da Oásis, afirma que esta é uma resposta que não existe na comunidade. “Vamos à piscina ou ao pavilhão, mas o contacto é com o nosso grupo. Nunca conseguimos incluir-nos com os outros. Aqui estão muito felizes porque se sentem ‘aceites’ e iguais”, sublinha.
Este responsável acrescenta que, após esta actividade, os utentes “ficam completamente diferentes”.
“Portam-se melhor, ficam mais assertivos e com maior motivação. Eles pedem- -nos sempre mais e mais e temos de lhes dar o que pedem.”
Na ESECS, a aula decorreu entre os utentes com deficiência intelectual diminuída, entre outras comorbilidades, e os alunos da licenciatura de Desporto e Bem-Estar, que possuem no seu currículo uma cadeira de actividade física adaptada.
“Procuramos que os alunos desenvolvam o gosto em trabalhar nesta área. É um winwin para os utentes da instituição, mas também para os estudantes, que têm uma possibilidade de contactar com uma realidade que, muitas vezes, não conhecem e na qual não se vêem a trabalhar. Mas, depois de experimentarem sai dali o gosto”, avança Raul Antunes.
Segundo o docente, a participação dos estudantes “tem sido muito positiva” e “até têm demonstrado outro tipo de competências de saber ser e saber estar que não observamos noutras aulas”.
