Mais do que o vento, tem sido a chuva “devastadora” do ciclone Freddy a espalhar a destruição no Malawi. “Chove de forma intensa e quase ininterruptamente desde sexta-feira”, conta Pedro Crespo, engenheiro natural de Porto de Mós, que está no Malawi, onde que trabalha para uma empresa que presta apoio à companhia de caminhos-de-ferro do país.
Desde sexta-feira, que Pedro tem estado praticamente fechado em casa. “Há recomendação para que as pessoas não saiam e as escolas estiveram fechadas ontem e hoje”, relata
Enquanto fala como o JORNAL DE LEIRIA, via whatsapp, dá conta que, depois de uma “pequena trégua” registada ao início desta tarde, a chuva voltou a cair intensamente em Blantyre, cidade localizada no Sul do Malawi e que é a capital económica do país, onde, segundo informação prestada pelo comissário do Departamento de Gestão de Catástrofes, Charles Kalemba, já foram registadas 85 mortes.
“Com tanta chuva, os solos começaram a ceder e, como as construções são precárias, foram arrastadas”, salienta o engenheiro, frisando que a situação é particularmente grave nos bairros à volta da cidade.
A par das habitações, o ciclone Freddy, que a Organização Meteorológica Mundial já veio admitir que poderá ser o “mais duradouro” da história, também tem provocado estragos na infra-estruturas. “Há estradas alagadas e pontes, ferroviárias e rodoviárias, que ficaram intransitáveis, em muitos casos, devido a aluimentos de terras onde estavam assentes”, conta Pedro Crespo.
Segundo dados recolhidos pela agência Lusa, o ciclone Freddy realizou uma das trajectórias mais longas nas últimas décadas, percorrendo mais de 10.000 quilómetros desde que se formou no norte da Austrália, no dia 4 de Fevereiro, e cruzou o oceano Índico até ao sul do continente africano.
O ciclone atingiu pela primeira vez a costa leste de Madagáscar em 21 de Fevereiro e, depois de atingir Moçambique, regressou à ilha a 5 de Março, onde quase 300.000 pessoas foram afectadas e 17 morreram, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas. No final da semana passada, chegou ao Malawi.
Município de Leiria expressa solidariedade a Quelimane
A Câmara de Leiria emitiu, esta tarde, uma nota de solidariedade para com a população de Quelimane, município moçambicano geminado com Leiria, fortemente atingido pelo ciclone Freddy, que “causou várias vítimas mortais e deixou um rasto de profunda destruição naquela região”. Em comunicado, o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, “endereça, na pessoa do presidente do Município de Quelimane, Manuel de Araújo, uma mensagem de ânimo à população” e manifesta disponibilidade para “apoiar naquilo que for possível”.