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Paulo Moreiras: “Leiria é uma cidade que acredita muito em milagres”

admin por admin
Março 12, 2023
em Entrevista
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Paulo Moreiras: “Leiria é uma cidade que acredita muito em milagres”
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Ao seu primeiro romance, A Demanda de D. Fuas Bragatela, de 2002, seguiram-se Os Dias de Saturno, O Ouro dos Corcundas e, agora, A Vida Airada de Dom Perdigote… qual é a maior dificuldade de escrever romances históricos? É a pesquisa, é o tom ou o discurso de época?
Direi que o mais moroso é talvez a pesquisa, mas não considero essa etapa como uma dificuldade. Para mim, aliás, é uma das partes do processo que mais gozo me dá, porque sou muito curioso e adoro aprender. Além disso, uma boa pesquisa ajuda bastante a estruturar o romance e a sugerir diferentes caminhos.

Quando fala do seu mais recente livro escuta-se o orgulho na sua voz. É o seu “filho” mais complexo?
Embora não pensado, este romance foi desejado durante muito tempo. O último havia sido escrito em 2011, ou seja, há 12 anos. Neste intervalo de tempo, senti que já não seria capaz de escrever um novo romance. É certo que, em cada novo trabalho, sinto sempre que é a primeira vez, mas agora foi diferente. Sinto que corri uma maratona e que venci a prova. É o meu triunfo pessoal. Ainda por cima, amadureci bastante enquanto escritor e isso veio enriquecer o romance. Nota-se uma escrita madura, com mais níveis de profundidade e intertextualidade, mantendo ao mesmo tempo as características que me distinguem: a linguagem e a pilhéria.

Quem é D. Perdigote, o protagonista do novo livro?
Dom Perdigote é um espadachim nascido em Olivença, precisamente no ano em que o rei Felipe toma as rédeas do trono português, 1580, e que busca cumprir o seu destino. Contudo, ele não é português, nem espanhol, é ibérico. Este romance é uma espécie de declaração de amor à cultura e à literatura espanholas, que tanta influência tiveram em mim, daí as muitas referências literárias e artísticas existentes ao longo do livro.

Como se lembrou de embrulhar na narrativa personagens como o escritor Cervantes ou o pintor El Greco?
O romance decorre num arco temporal que vai de 1580 até 1605, data de nascimento do príncipe. É nesse ano que, em Valladolid, sede da Corte espanhola, se realiza o baptizado real e é nessa cidade que vive Miguel de Cervantes e Francisco de Quevedo. Além disso, foi também nesse ano que se publicou o Dom Quixote, o grande romance da literatura mundial. Já o El Greco é uma surpresa, aliás, relacionada com um dos seus quadros mais famosos, El caballero de la mano en el pecho, que se encontra no Museu do Prado, em Madrid.

“Leiria é uma cidade que acredita muito em milagres, ou seja, cria utopias mas esquece que tem pés de barro. Em Leiria, é sempre tudo à grande”
Paulo Moreiras

O tom picaresco, que já havia utilizado na escrita de D. Fuas Bragatela, e as personagens nobres e de aparência, ladrões, damas, rameiras e velhacarias, são uma forma de lidar e chamar a atenção para o estado a que chegou a sociedade, a partir de um cenário, supostamente, do passado?
Quando engendro um romance não tenho essas pretensões de chamar a atenção para nada. Apenas me preocupo em contar uma história. Claro que depois, ao estudar a época dou-lhe uma densidade histórica que, por vezes, encontra eco no presente, servindo de alerta para a compreensão dos erros do passado. Como diz o outro, a História acaba sempre por se repetir. Mas não é algo que faça de forma consciente. O picaresco é a maneira como melhor exprimo as minhas ideias, o meu gosto pela linguagem e a pilhéria que me corre no sangue. O resto é tudo fantasia.

Paulo Moreiras, além de escritor é um gastrónomo de gosto refinado, e, por vezes, reúne ambas as qualidades em obras imprescindíveis para o leitor conhecedor, como o BI da Cereja e da Ginja, o BI do Palito, o BI do Tremoço, BI da Perdiz ou o BI da Morcela. O que é que ainda o atrai à cozinha?
A curiosidade de descobrir sabores, aromas, texturas e, acima de tudo, de demonstrar o meu respeito e amor pelos outros, ao cozinhar uma refeição para os meus convidados. Alimentar o outro, é uma demonstração de afecto muito profunda. As horas que dedico a cozinhar uma refeição para, depois, em conjunto, a partilhar com os meus amigos ou familiares é uma dádiva e um prazer. E os livros têm-me trazido isso, amigos com quem partilhar a mesa. É o melhor que se leva desta vida.

A “portugalidade”, seja lá o que isso for, está em ponto de fusão, com a chegada de pessoas vindas de outras culturas?
Nós somos o outro e o outro somos nós. Sempre fomos assim. Portugal e a sua “portugalidade” são constituídos a partir de um bocadinho de outras culturas sem as quais não seríamos os mesmos. Eu próprio, sou fruto de muitas culturas e sinto-me mais rico por isso. O saldo será sempre positivo, pois não podemos viver numa ilha nem isso será o mais salutar para o nosso futuro. Seremos sempre mais e melhores, integrando outras culturas. Não seríamos os mesmos se, por aqui, não tivessem andado os fenícios, os gregos, os romanos, os mouros, entre tantos outros povos que nos habitaram. Há que combater os discursos de ódio e de intolerância. A Literatura serve para isso. Para demonstrar o ridículo e a vergonha dos comportamentos obtusos.

“Por muito que se pinte o macaco, ele não deixa de ser um macaco e a Cultura em Portugal, infelizmente, é o parente mais pobre desse circo”
Paulo Moreiras

Leiria apostou muito em ser Capital Europeia da Cultura 2027, mas não foi escolhida. O que acredita que iremos ver em Évora 2027?
A mim, não me interessam esses títulos pomposos. A mim, interessa- me antes que a Cultura seja vivida e assumida plenamente, sem necessitar desses estratagemas. Por muito que se pinte o macaco, ele não deixa de ser um macaco e a Cultura em Portugal, infelizmente, é o parente mais pobre desse circo. Para criar, é preciso existirem estruturas adequadas, é preciso pensamento crítico e saber planear a médio-longo prazo. O usufruto da Cultura decorre da Educação. Sem Educação, é difícil aproximar as pessoas da Cultura.

Nasceu em 1969, na então Lourenço Marques, em Moçambique, mas, em 1974, veio para Portugal. Como foi que acabou a viver na região (Pombal)?
Foi pelo amor à minha mulher que vim viver para a região.E foi aqui que decidi viver a minha vida, criar as minhas filhas e dedicar-me à escrita. Queria mudar de vida e queria que as minhas filhas crescessem num ambiente de proximidade com a terra, tal como vivi a minha infância, na aldeia da minha mãe, no Douro. Se aqui irei acabar, isso já é outra história.

Qual é a característica mais marcante de Pombal?
A força de acreditar na mudança, na crença em triunfar mesmo na adversidade, por isso, Pombal, é um concelho onde a emigração foi tão acentuada que deixou traços na sua identidade.

E de Leiria?
Não sei se foi por cá andar a rainha D. Isabel com as suas rosas, mas Leiria é uma cidade que acredita muito em milagres, ou seja, cria utopias mas esquece que tem pés de barro. Em Leiria, é sempre tudo à grande, mas depois, bem vistas as coisas não bate a bota com a perdigota.

Costuma referir o papel que a sua mãe teve no seu amor pela arte de criar personagens, cenários e situações da vida, através da palavra. O que ela fez para o incentivar, seria possível num mundo dominado pela “alegoria da caverna” que são as redes sociais, e o avanço da Inteligência Artificial?
Não sei se isso seria possível com estas coisas das redes sociais ou da IA, porque seguramente seria outro, muito diferente de quem sou. Eu brincava na rua, andava descalço e isso são tudo coisas que já pertencem ao passado. Mas agora, o que sei é que sou fruto das histórias que a minha mãe me contava e foi com ela, ao ouvi-la, que aprendi a cozinhar. Tive a sorte e o privilégio de vir de uma família onde as pessoas se juntavam à roda da mesa e contavam histórias, como a minha avó, o meu pai ou os meus tios. Tudo isso é a minha herança e o meu património, ao qual regresso sempre quando estou a escrever. Sou feliz por ter tido uma infância feliz e que me deu muita imaginação.

As suas filhas seguem-lhe as pegadas nas letras?
Não. E ainda bem. Mas, felizmente, as minhas filhas tornaram-se boas leitoras. São umas mulheres fantásticas, inteligentes e cheias de humor. Saem à mãe.

Os seus sonhos de ser poeta e desenhador ainda estão vivos?
Todos os dias desenho, nem que seja um rabisco, para entreter a mente. E, todos os dias, vivo a minha poesia, nesta pertinência de estar vivo e de querer escrever romances para divertir os outros, porque os sonhos também se realizam.

Perfil
O escritor que começou na BD

Paulo Moreiras nasceu em 1969, em Lourenço Marques, actual Maputo, capital de Moçambique.

Em Outubro de 1974, já com a independência da antiga colónia no horizonte, recorda, “aterrou em Portugal”.

Explica que quis ser desenhador, cientista, inventor, marinheiro ou antropólogo. Não foi nada disso. Admite que “se perdeu muitas vezes e achou-se outras tantas” e que “erra mais do que acerta”, mas que não deixa de ser feliz por isso. Começou na banda desenhada e, ainda hoje, todos os dias rabisca algo.

 
Navegou pela poesia e até que o primeiro romance, A Demanda de D. Fuas Bragatela, de 2002, o encontrou no caminho. Seguiram-se Os Dias de Saturno, em 2009, e O Ouro dos Corcundas, em 2011.
 
N’O Caminho do Burro, de 2021, reuniu uma selecção daqueles que diz serem os seus “melhores contos”.
 
Escreveu sobre gastronomia, com destaque para o Elogio da Ginja, em 2006, e Pão & Vinho – mil e uma histórias de comer e beber, em 2014.
 
A Vida Airada de Dom Perdigote é o seu novo romance.
Etiquetas: a demanda de d. fuas bragatelaA Vida Airada de Dom Perdigotebdcervantesculturad. felipeD. fuasD. Fuas bragatelael grecoentrevistaespañaespanhaLeirialeiria acredita em milagresmeirinhasO Ouro dos CorcundasOs Dias de SaturnoPaulo Moreiraspés de barropicarescopoesiaPombalportugalromance
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