Ainda que Portugal mostre alguma evolução nesta matéria, tornando- se no sexto país do mundo com mais mulheres empresárias (32,2%), segundo o Índice de Mulheres Empreendedoras da Mastercard publicado no ano passado, o facto é que o campo dos negócios continua a ser maioritariamente liderado por homens.
Na semana em que se assinala o Dia Internacional da Mulher, fomos ao encontro de empresárias de diferentes sectores, que connosco partilharam motivações, dificuldades e mais-valias de negócios conjugados no feminino.
Márcia Pedrosa, de 41 anos, da Batalha, é um exemplo de organização e polivalência, já que tem ao seu encargo um conjunto diversificado de negócios. Concluiu o ensino secundário, onde frequentou o curso de Artes, mas cedo percebeu que o seu rumo profissional iria prender-se aos negócios. “Aos 17 anos conheci o meu marido, que vinha da área da restauração, e desde então desenvolvemos tudo o resto”, conta. Além do restaurante, com serviços de take away e de catering, o casal tem ainda um espaço de alojamento local e um [LER_MAIS]quiosque dedicado à venda de jornais, gifts e pagamentos de serviços, que, no conjunto, empregam uma equipa de 11 pessoas.
Mais recentemente, em sociedade com uma esteticista, Márcia abriu também um salão de beleza, onde foram criados mais dois postos de trabalho. Mãe de duas crianças de 7 e de 12 anos, a empresária admite que, face ao volume de trabalho, só lhe é possível dar conta de tudo, porque “o marido acompanha, sabe da exigência do trabalho e ajuda”. Responsável pela área da gestão e dos recursos humanos, Márcia refere que é sobretudo consigo que as pessoas vão ter quando é preciso alguma coisa. E considera que o seu trabalho é reconhecido. “Quem me conhece, tem-me como uma pessoa lutadora”. Mas não há rosas sem espinhos e “gerir a sensibilidade de tantas pessoas é o mais difícil de fazer”, admite.
Sobre o contributo das mulheres nas empresas, Márcia não tem dúvidas de que são uma mais-valia, por serem “multifacetadas, capazes de se adaptar a várias funções”. Nos seus negócios, os números falam por si e a equipa é na esmagadora maioria composta por senhoras.
Carla Carreira, de 48 anos, integra desde 1997 a administração da Macolis (empresa de Leiria, dedicada à climatização e a sistemas de conforto). Realça que a entrada no negócio de família se deu por gosto e não por imposição. Carla já ajudava desde tenra idade na empresa, durante as férias escolares. Como gostava tanto de escola como de trabalhar na Macolis, acabou por se licenciar em Gestão de Empresas durante a noite para ter tempo de se dedicar ao negócio durante o dia.
Tinha apenas 23 anos quando, após a cisão com a sociedade anterior, o seu pai a integrou a si, ao irmão e à mãe na administração da empresa. A Carla cabe a área financeira, controlo e gestão, a coordenação dos recursos humanos e da comunicação desta organização que emprega 70 pessoas em Portugal e mais oito colaboradores em França.
“É um desafio diário, onde a experiência, o suporte familiar, a organização e tranquilidade são fundamentais”, salienta a administradora da Macolis, que também é mãe. “Já existe algum reconhecimento das mulheres empresárias, mas ainda há algum preconceito, por vezes vindo até da parte de outras mulheres. Temos de mostrar o nosso valor e acreditar nas nossas capacidades para ir transformando isso”, defende Carla Carreira, que reconhece nas mulheres características como “polivalência, sensibilidade, capacidade de organização e de escuta activa”. A equipa da Macolis é de resto composta por 20 mulheres.
“Nada se consegue sozinho”