Tem vindo a ganhar cada vez mais popularidade entre os amantes dos desportos de combate, mas não só. De miúdos a graúdos, são muitos os atletas que nos últimos anos têm aderido ao kempo, uma arte marcial que se distingue pelas técnicas de defesa pessoal e permite desenvolver o auto-controlo e auto-estima dos praticantes.
Em Leiria, a modalidade é já um fenómeno e, na Associação Desportiva Piranha World Fighters, em Monte Real, podemos encontrar praticantes dos 4 aos 43 anos.
“O kempo tem vindo a ganhar uma grande notoriedade. Muitos chegam por influência de familiares e amigos, e a expectativa é continuarmos a crescer em número de praticantes”, afirma o fundador Marco Carvalho, que actualmente treina 70 atletas, 19 dos quais crianças.
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“Ver os mais pequenos a praticar é engraçado. Eu levo este desporto muito a sério, mas com eles não posso levar assim tanto, porque ainda estão numa fase de aprendizagem”, refere o atleta e treinador de 34 anos.
Foi em Abril de 2017 que iniciou a aventura de dar a modalidade de kempo no Dinamite Warriors Factory, clube de Joel Cruz, na Marinha Grande. Dois anos depois abriu também sessões de treinos no Grupo Desportivo de Monte Real, tendo terminado a modalidade na cidade do vidro.
Único treinador certificado na associação desportiva, Marco Carvalho tem contado com o apoio dos atletas mais graduados. “São uma grande ajuda. Muito em breve precisamos de mais treinadores e temos trabalhado para isso”, assegura.
Um dos futuros treinadores da associação será João André, de 24 anos, que começou a dar os primeiros passos na modalidade em 2019. A disciplina e o desenvolvimento da auto-estima são, para o atleta, duas das características que distinguem o kempo.
“Algo que costumo dizer aos mais novos é que não gosto apenas de vencer, gosto também de perder. Eu com as vitórias não aprendo nada. Mas quando erro, aprendo e melhoro. São as derrotas que nos levam às vitórias. Aqui procuramos educar as nossas crianças para isso”, salienta.
Outro dos grandes apoios de Marco Carvalho é Ricardo Gonçalves, de 33 anos, que conheceu o atleta e treinador leiriense ainda no kickboxing, tendo-o depois acompanhado até ao kempo. “A grande diferença entre as duas modalidades é que no kickboxing o combate é mais físico, enquanto no kempo conseguimos jogar mais”, explica.
Ricardo Gonçalves tem neste momento as competições em stand- -by, assegurando apoio aos restantes atletas. “É uma modalidade que está em forte crescimento e em breve teremos de arranjar um novo local para treinar.”
Uma equipa de campeões
A Associação Desportiva Piranha World Fighters de Leiria sagrou-se em Fevereiro, pela primeira vez, campeã regional Centro e Sul de kempo. Um feito histórico que Marco Carvalho considera ser “um sinal que o trabalho está a começar a dar frutos”.
“Significa que os atletas estão a evoluir, o que me deixa ainda mais orgulhoso”, refere o treinador, que no último fim-de-semana levou uma comitiva a Espanha, para a primeira participação numa competição internacional.
Dos 20 atletas, apenas um não conseguiu atingir o pódio. Foram conquistadas 14 medalhas de ouro, quatro de prata, quatro de bronze e um cinturão, assim como um troféu de 3.º lugar por equipas.
Um dos próximos grandes objectivos da equipa é o campeonato nacional, que decorre em Julho, na Guarda. “É difícil, porque há muitas equipas boas, mas não é impossível”, realça Marco Carvalho, que pretende “levar o nome de Leiria ainda mais longe”.
Para já, os olhos estão postos nas competições que decorrem antes do campeonato nacional. “O nosso propósito é dar sempre o melhor. Ganhar todos gostamos. Mas o que peço primeiramente aos atletas é que mostrem o que aprenderam. Se o fizerem, têm o resultado final que é a vitória.”
“É uma família”
Começou a praticar kickboxing aos três anos, na Marinha Grande, por influência familiar. No ano passado, após uns meses de paragem, decidiu deixar o kickboxing e aventurar-se no kempo. “Já não quis sair mais daqui”, afirma Bárbara Miranda, de 16 anos.
O que mais a cativou foi o ambiente entre os colegas de equipa, que são “uma família”. “Não há distinções entre rapazes e raparigas. Somos todos atletas e somos muito unidos”, realça a jovem marinhense.
Sobre o futuro, garante pretender “continuar a trabalhar e a melhorar”. “Quero ganhar as competições onde participo. O Marco dá-nos um enorme apoio nisso. É o primeiro a dizer para não termos receio e para darmos o nosso melhor em qualquer prova”, refere.
Emília Oliveira, de 12 anos, é outro dos exemplos de jovens que, ao experimentarem o kempo, nunca mais o largaram. Foi na escola primária que conheceu Marco Carvalho, na altura o seu professor de ginástica.
“Já tinha feito natação e hip-hop, mas não gostei tanto. Do kempo gosto bastante e, quando ganho uma prova, sinto-me muito feliz e orgulhosa”, afirma Emília, que ambiciona continuar a dar cartas na modalidade que pratica há cinco anos.