A possível inclusão de Ourém na futura Unidade de Saúde Local (USL) de Leiria está a deixar apreensivos utentes e profissionais dos centros de saúde do concelho.
A preocupação foi expressa na última reunião de câmara, onde estiveram presentes cerca de 50 munícipes, que questionaram o executivo sobre as implicações da constituição da nova unidade na prestação de serviços à população.
Na ocasião, foi referido que há casos de médicos a pedir a cessação de funções da Unidade de Saúde Familiar de Ourém, alegadamente por não pretenderam integrar a USL.
Assegurando que ainda não há decisão tomada sobre a inclusão de Ourém na futura USL de Leiria, o presidente da câmara, Luís Albuquerque, garantiu, no entanto, que, se tal acontecer, “nenhum serviço será encerrado” e que o concelho “ficará a prestar os mesmos cuidados de saúde” à população.
“Estamos ainda numa fase de estudo para podermos integrar ou não a USL de Leiria”, disse o autarca, sublinhando, contudo, que é intenção do Governo criar novas estruturas desta natureza, incluindo uma no Médio Tejo, que abrangeria também Ourém. Nesse caso, “o nosso hospital de referência voltará a ser Abrantes”, advertiu o presidente da câmara.
A criação da USL de Leiria resulta de um despacho do director executivo do Serviço Nacional de Saúde, que, em Dezembro, determinou a constituição de um grupo de trabalho com a missão de elaborar o plano de negócios da futura ULS.
Entre outros aspectos, esse plano irá definir a área de influência directa e indirecta da futura ULS, assim como a análise do perfil assistencial e os meios técnicos e humanos dos ACES e entidades hospitalares a integrá-la.
Nesta fase, está já definido que os municípios de Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande não vão integrar a ULS e que “continuam como estão até agora, a drenar [os utentes] para os hospitais de Coimbra”.
O que é uma Unidade Local de Saúde?
Segundo a legislação, uma ULS é uma entidade pública empresarial de capitais exclusivamente detidos pelo Estado, dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Reúne numa única entidade e sob a alçada de uma mesma gestão, diferentes níveis de cuidados (Cuidados de Saúde Primários, Cuidados Hospitalares, Urgência, Emergência e Cuidados Intensivos, Cuidados Paliativos e Saúde Pública). Tem como objectivo criar, através de uma prestação e gestão integrada de todos os serviços e níveis de cuidados, uma via para melhorar a interligação dos cuidados de saúde primários com os cuidados hospitalares.
