A União dos Agricultores do Distrito de Leiria (UADL) está a ponderar avançar para manifestações em vários concelhos da região, caso a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, não dê respostas aos problemas “graves” que os sectores da agricultura e pecuária sentem.
“Não colocamos de parte voltar para as ruas. Não podemos ficar a ver passar os comboios”, afirma António Ferraria, presidente da Mesa da Assembleia da UADL.
Para já, a organização vai avançar com pedidos de reunião com vários presidentes de câmara da região, com a organização de um plenário na sua sede, em São Silvestre, Serro Ventoso (Porto de Mós), para onde foi convidada a ministra, e acções em Santiago da Guarda (Ansião), Louriçal (Pombal) e Alvorninha (Caldas da Rainha).
Neste momento, o presidente da Mesa da Assembleia da UADL calcula que o sector esteja a produzir apenas 13% das necessidades nacionais de consumo agrícola. Há menos de cinco anos a produção era de 46%.
Uma queda que o responsável atribui a uma conjunção de factores. “A inacção do Ministério da Agricultura, a falta de apoios do Estado perante o aumento do preço dos combustíveis, dos adubos e do gasóleo, entre outros”, que não foi acompanhado pelo aumento dos preços pagos ao produtor.
“Os apoios são destinados aos grandes produtores, que perfazem menos de 20% do total. Os pequenos vêem-se a braços com uma cada vez maior burocracia, mais do que nos tempos do IFADAP. Isso prejudicou muito a agricultura familiar”, afirma António Ferraria, adiantando que, embora a célebre “bazuca” não tenha dinheiro para o sector primário, “ele terá de vir de algum lado”.
Esta semana, a UADL vai proceder a um sufrágio para eleger uma nova Direcção, na sua sede em Serro Ventoso. Do lado da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a luta é contra a extinção das Direçcões Regionais de Agricultura (DRA) e a sua integração nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
A partir do dia 26 deste mês, estão programados protestos e a primeira acção será em Mirandela. Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP, em nota, acusa o ministério de ter perdido “peso político” ao ficar sem as florestas e por ser “incapaz de se bater por apoios ao sector na pandemia”.
Foi “inoperante na execução do Portugal 2020 com mais de 1.200 milhões de euros por executar, ausente em apoios durante a seca severa que o País atravessou, anuncia pagamentos e reiteradamente incumpre” e ainda não colocou à disposição “apoios financeiros decorrentes da guerra na Ucrânia e já aprovados por Bruxelas”.