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Menino perde popularidade para o Pai Natal na festa que ainda é da família

Daniela Franco Sousa e JSD por Daniela Franco Sousa e JSD
Dezembro 22, 2022
em Abertura
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Menino perde popularidade para o Pai Natal na festa que ainda é da família
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O significado da quadra natalícia tem vindo a alterar-se com as novas gerações. Para os mais pequenos, o Pai Natal passou a ser o homem da festa, aquele por quem se espera com entusiasmo desde que se acorda no dia 24 de Dezembro.

Já o Menino parece estar relegado para um segundo ou terceiro plano. Junto da árvore, são cada vez menos os que constroem um presépio. E menos ainda são aqueles que deixam o quentinho das suas casas para marcar presença na Missa do Galo. Celebrar a família, à volta de uma mesa, que ainda se quer farta, tornou- se, para a maioria, mais importante do que assinalar, do ponto de vista religioso, o nascimento de Jesus.

Pai Natal, a superestrela da noite
A noite de Consoada é sempre aguardada com muito entusiasmo por parte do Vasco Julião, de 7 anos. Ao fim do dia, começa a juntar-se um grupo de cerca de 20 pessoas, entre avós, pais, filhos, irmãos, primos e tios, dos quais meia dúzia são crianças.

Com tanta miudagem, é sempre um serão animado, que ultimamente tem lugar, na Marinha Grande, em casa da tia, onde há mais espaço. É também o momento para todos se reverem, já que essa oportunidade não surge todos os dias, explicam Maria Ivone e Bruno Julião, pais do Vasco.

Antes de se sentarem à mesa, adultos de um lado e criançada do outro, já Vasco anda a ajudar e a provar o que se confecciona na cozinha. “Gosto mais de doces e de bolachas com desenhos”, conta o menino.

Depois do jantar, brinca-se, conversa-se e come-se mais um bocadinho até à meia-noite, momento que é tão ansiado pelos mais novos para desembrulhar os presentes. “Lembro- me que uma vez o Pai Natal entrou em casa e virou os tachos todos”, recorda o Vasco. “Vi-lhe uma coisinha branca na cara e até fez ‘Ho! Ho! Ho!’”

E para que serve isto do Natal? “É quando celebramos com a família. É para estarmos todos juntos”, entende Vasco, confidenciando que, do Menino Jesus, não sabe assim tanto.

Além da árvore enfeitada, o presépio ainda tem lugar nesta família, com a avó a incentivar as gerações mais novas a manter viva a tradição.

Mas é, sem dúvida, o Pai Natal a figura mais amada pela criançada. Vasco todos os anos lhe escreve uma carta. Desta vez, não foi diferente. Um projector, uma estação de comboios, um carro e um jogo para escavar ossos de dinossauro fazem parte dos seus pedidos. “O que detesto mais no Natal é receber roupa”, confidencia o rapazinho, em jeito de recado.

Grande dose de amor e de consumo
A mãe, o pai, a mana, os tios, os primos e os avós fazem parte do grupo de 15 ou 16 pessoas que costumam juntar-se na noite da Consoada em casa de uma prima, conta Vicente Carlos, de 8 anos.

E, em toda esta família, estão presentes apenas três crianças, cuja chegada veio transformar, e para melhor, a data festiva. “Com eles é muito mais intenso. Aliás, é com eles que o Natal faz mais sentido”, considera Eurico Carlos, pai do Vicente e da pequena Júlia, de 2 anos.

E para ti, o que é isto do Natal? “É estar com a família”, esclarece Vicente, que diz gostar particularmente de aproveitar o momento para brincar com a prima e para comer lasanha. Mesmo quando o pai assegura que o prato nunca fez parte da ementa de Natal…

Isto sem falar nos presentes, que o jovem já se encarregou de pedir ao famoso senhor de vermelho e de barba branca. “Este ano, pedi umas sapatilhas e uma bola do Mundial”, adianta o rapazinho, que garante já ter visto o Pai Natal.

“Em minha casa, quando era pequeno, esperávamos pela manhã de 25 de Dezembro para desembrulhar os presentes. Agora abrimos na Consoada”, compara Eurico. “Para eles, o Natal é praticamente só prendas”, conta Ângela Ferreira, mãe do Vicente e da Júlia, admitindo que as crianças têm hoje uma perspectiva mais consumista da quadra. “Lembro-me de ter presentes no aniversário e no Natal. Agora eles têm todo o ano, assim como têm os doces”, acrescenta Eurico. E, nesta data, têm ainda mais.

Nesta casa, mantém-se a tradição do pinheiro enfeitado, mas não se faz presépio. A questão religiosa não está muito presente, reconhece Eurico, embora essa vertente acabe por ser explorada na escola, onde Vicente aprende canções e costumes associados à quadra, conta o pai.

Sem missa, sem presépio, mas com bolo-rei sempre presente
“Não ajudo na cozinha, mas vou provando”, assume Afonso Jorge, de 12 anos, que costuma passar a noite de Consoada em casa da avó, onde se juntam habitualmente “sete ou oito adultos e três crianças”. E a celebração de Natal continua sempre no dia seguinte, com a outra parte da família, acrescenta o rapaz, para quem a quadra significa exactamente isso: “estar em família”.

Também ele reconhece ter mais afinidade com o Pai Natal do que com o Menino Jesus. Afinal, é dele que espera receber um novo teclado para o computador e umas chuteiras.

Carla Silva, a mãe, e Carlos Jorge, o pai, também contam que, com o desaparecimento das gerações mais velhas tendem a desaparecer as tradições de cariz religioso. O casal não vai à Missa do Galo e o presépio, que os seus pais costumavam fazer, também foi costume que, entretanto, se perdeu.

“Para nós, Natal é família e é ver a alegria das crianças ao abrir as prendas”, notam Carla e Carlos, reconhecendo, contudo, que contentar os mais novos é cada vez mais difícil. “Já não iam gostar muito de receber um par de meias como nós recebíamos”, observa a mãe.

De pedra e cal nesta família, mantém- se a tradição de proporcionar uma mesa mais rica e doce no jantar da Consoada, onde não faltam as filhós, a mousse de chocolate ou o bolo-rei escangalhado, com o prazer de confeccionar quase tudo em casa.

Uma tangerina, um tostão e “uma carta de envergonhação”
No luminoso átrio da Biblioteca Municipal de Pombal, várias senhoras estão a acabar mais uma sessão do Projecto Avós em Rede/Cultivar Histórias. As conversas são difíceis de apanhar; voam em todas as direcções. Um dos temas é a quadra que atravessamos e a comparação entre os tempos passados e a actualidade é inevitável.

No Portugal dos anos 40 e 50, não havia muito com o que se celebrar e, por isso, pela partilha do pouco e pela originalidade a que isso obrigava, aquele dia especial tinha mais luz, calor, riso, coração cheio e um tronco que ardia durante toda a noite e cujos restos eram usados ou para acender o lume no ano seguinte ou para atirar no fogo para afastar a trovoada, invocando Santa Bárbara.

Era sentimento melancólico que, nos tempos difíceis por que passamos, voltará, certamente, a sentir-se em muitos lares.

Anatilde Gomes, 70 anos, recorda que, nos anos da infância as tradições natalícias eram parcas, porém com o passar dos anos e à medida que crescia, o Natal começou a ser celebrado da maneira a que a maioria dos cristãos se habituou. E foi assim que a noite de Consoada passou a contar com as inseparáveis e tradicionais couves com bacalhau.

“E ainda se amassavam as filhós e deixávamos a massa a levedar pela noite”, conta. A mãe, ainda antes de se ver lá fora as cores pálidas da alvorada, levantava-se, acendia o fogão e confeccionava a iguaria natalícia. Era assim que, quase por magia, de manhã, a mesa da cozinha, em casa de Anatilde apresentava-se repleta de filhós, já descansadas após uma passagem por papel pardo, para retirar o excesso de óleo e polvilhadas com açúcar e canela, mas ainda quentes e muito doces.

“Acordávamos com o barulho e íamos ver a nossa mãe a fazê-las”, recorda. As prendas continuaram ausentes do Natal até uma Consoada, quando Anatilde já era “mais crescidinha”, com os irmãos, tentou a sorte. Deixaram o calçado de todos os dias a repousar junto ao lar quente da lareira. A nova tradição, que envolve meias e o Pai Natal, ainda não havia chegado a Portugal. De manhã, saltaram da cama e correram a ver se havia novas do Menino Jesus, que, dizia-se na época, deixava ofertas dentro dos sapatinhos.

“Nesse ano, o meu pai, coitadinho, não esperava por aquilo e improvisou. Deixou uma tangerina no sapato da minha irmã, um tostão no meu e, ao meu irmão, deixou uma carta que tinha recebido da professora primária.

Ele tinha conseguido entrar no secundário e ficou mal no primeiro ano. Ela escreveu-lhe essa carta para o envergonhar, e, lá, dizia que não podia ser, que ‘um rapaz tão inteligente’ não podia ter aquele resultado na escola.” A irmã, que tinha jeito para a música, fez logo ali uma cantiga com o sucedido: “O Menino Jesus à minha irmã deu uma tangerina, a mim, um tostão e, ao meu irmão, uma carta de envergonhação!”

A vida levou-a a emigrar para França e as ceias natalícias tornaram-se mais requintadas. Juntava os amigos e passou a haver trocas de prendas, luzes e pinheiro de Natal.

Quatro quilómetros a pé, para a Missa do Galo
“Quando eu era criança, havia umas belhozes [outra das designações das filhós] e fazia-se a festa na aldeia de Santorum, no Dia de Natal, com missa e andores. Depois passávamos o dia com os meus pais. Nunca conheci a noite da Consoada antes de casar”, diz Esmeralda Martins, 67 anos, natural do mesmo concelho.

Desfiando um pouco mais as recordações, conta que só quando emigrou para o frio Inverno da Alemanha, conheceu essas reuniões familiares e de amigos que acontecem de 24 para 25 de Dezembro. “Foi aí que conheci a noite de Natal com bacalhau e, no dia seguinte, com ‘roupa velha’.

E, para as minhas crianças, já havia presentes levados por um Pai Natal.” Já Gracinda Costa, veio da aldeia de Pingarelhos, na freguesia da Almagreira, também em Pombal, conta que esteve emigrada 42 anos, em Lyon, na França. “Os Pingarelos já estão no GPS!”, brinca. Na aldeia, o Natal passava-se à lareira, aquecendo pés, mãos e nariz no calor de uma sólida fogueira. “A minha mãe fazia merendeiras doces e metia- lhes passas e pinhões, e havia também velhozes de abóbora [ainda outra das designações das filhós].”

Antes de o galo cantar, à meia-noite, Gracinda e os pais percorriam a pé os quatro quilómetros que separavam o seu lar da igreja para assistirem à missa. “No final, beijava-se o Menino Jesus. Havia frio como tudo, mas o povo insistia a fazer aquela distância a pé!” A ida à Missa do Galo é uma tradição que, ainda hoje, não quebrou.

Etiquetas: consoadaidososMissa do Galonatalpresentestradição
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