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Home Opinião

Mudanças

Ricardo Graça, fotojornalista por Ricardo Graça, fotojornalista
Abril 11, 2022
em Opinião
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Não sei se sentes o mesmo, eu detesto mudanças. Talvez seja eu a ser uma carcaça velha mas parece-me que o povo não gosta de mudanças porque está cansado de levar com elas. São anos e anos e décadas e gerações e gerações disto. Há sempre qualquer coisa em mudança. Mesmo sem a pedir, estamos sempre enfiados numa. E se estiveres no lado pobre da barricada elas, claramente, não se apresentam com boa imprensa. Sendo isentos na análise, digo-te que é capaz de ser muita mudança para um povo só. Já dizia aquela lady que cantava ao lado do amigo com o orgão à tiracol:  Foram Pandemias, guerras e mil epopeias. Foram oceanos de dor.  Até o mundo era um mundo novo, na canção. Dá a ideia que nunca estamos satisfeitos com o que havia anteriormente, parece que tudo isto precisa sempre de mais uma camada de drama.  Ou de mudança, se preferires. 

Há sempre alguém de quem gostamos que morre ou está a encaminhar-se para tamanha estupidez. Às vezes, quando a coisa aperta,  até somos nós, vê lá tu. São cancros, acidentes cardiovasculares, de carro, de mota… é a tensão a subir, os triglicéridos aos gritos, as artroses a não permitirem um verdadeiro unboxing do kamasutra.  As mudanças são tramadas, é o que é. Quem é que gosta de mudar de amores? Ou de emprego? Só quem não está bem. E quem pensa nos que estão bem? Temos de ser nós. As meteorológicas fazem sempre tão mal aos ossos. As dos preços fazem ulceras no estomago.  As de sexo, principalmente sem aviso prévio, são traumatizantes. O médio centro que até estava a jogar bem é expulso e obriga a equipa a reposicionar-se tácticamente é mais uma mudança nas aspirações da equipa que fica sem quem resguarde as segundas bolas… São raras as mudanças que são para melhor, é o que te digo. 

E eu estas ainda tolero, piores, piores, são as mudanças de casa. Essas é que ninguém merece. Acontece que é num mambo desses que estou enfiado neste momento. Atrás de mim está uma casa com uma depressão nervosa, tourette em ácidos e feita em escombros de fanicos.  E convenhamos, julgo que podemos  concordar com isto, ninguém gosta de carregar as costas para a cova a alombar quilogramas a perder de vista por escadas apertadas, ou fazer buracos no lombo em bicos de papagaio afiados e viver sem chão. E quando te digo viver sem chão não me refiro a merdas chagófreitatéricas, é mesmo sem soalho à vista. São sacos, molduras, móveis, papeis, chávenas, caixinhas, dossiês, mantas, coisinhas e pechichés. É o caos! Tenho duas casas que não valem uma e um gato que passa as tardes a lamber sacos de plástico de desgosto numa espécie de Ucrânia só que com mais destruição. É neste cenário que vivo de momento.

Mas mesmo as mudanças de casa ainda são um bocadinho como ó outro, para mim. Horrível é a escolha das coisas que vamos levar para a casa nova. Como qualquer escolha. Deixar coisas para trás, mesmo coisas de que não queremos saber ou que não usamos desde o tempo em que havia pruridos em ser assumidamente parvo, pode ser muito duro.  Os desenhos dos miúdos. O primeiro relógio. O fio de miçangas que aquela miúda nos deu depois das nossas mãos andarem por dentro das cuecas um do do outro num festival de verão. O cabo USB do teu primeiro computador ainda por desembrulhar. O livro que o amigo escreveu sobre o pelourinho da aldeia onde nasceu. A camisa que usaste no crisma. São tudo coisas que podem ser difíceis de abandonar, há nisto tudo uma voz que diz: Olha que isso ainda pode dar jeito. Essa voz é o diabo. E, se fores incauto, acabas a carregar isso para mais um destino. Acabas por chegar carregado de insignificâncias que ocupam muito espaço na vida nova que vais abraçar. E isso, tu sabes, é um perigo. 

Destralhar, tirar peso e abrir espaço, é o segredo. O minimalismo é a solução. Bem sei que cada um tem o seu minimalismo, o seu caminho, a sua capacidade de seguir em frente sem pensar nos objectos que deixou para trás mas, se pensares bem, e não sendo eu um verdadeiro cientista, parece-me que todas as evidências apontam para que quando chega a nossa hora, não levemos nada para o lado de lá, seja o lado de lá o que for. Aliás, nos máximos dos máximos, levamos só o que andámos por aqui a fazer. Por uma questão de logística no transporte, quando a morte nos leva, a bagagem se não for vazia, que é o mais provável, leva memórias, aprendizagens, momentos e vivências, tudo o resto fica no cais de embarque ou em reuniões de herdeiros com advogados.

Olha, pois é, mais uma! a mudança de vivo para morto, ora aí está mais uma mudança que é uma verdadeira chatice, não achas?

 

 

Etiquetas: Ao deus Dará
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