Operador de câmara há mais de duas décadas, está no ‘epicentro’ do Mundial de Futebol do Catar e aproveita para aguçar a curiosidade dos familiares e amigos que estão por cá.
Natural de Moçambique, mas leiriense assumido e com “base instalada nos Marinheiros”, como diz, Rogério Sabino, de 48 anos, está a assistir a tudo em primeira mão, enquanto comanda uma das grandes máquinas do canal Alkass Sports durante os jogos.
“Tenho acesso à imprensa daí e à de cá e é engraçado ver que a Europa está toda a ‘bater’ nisto, às vezes até cai no exagero, e o Catar escreve que é o melhor Mundial de sempre”, atira, numa chamada realizada num dos curtos intervalos que tem por estes dias.
Numa loucura entre “not allowed, a única coisa que sabem dizer” e “acessos cortados que custaram milhões”, tem feito quilómetros de material às costas para chegar aos relvados que todos vimos nas televisões.
Sem medo de apontar o dedo à “grande carga horária” e à “falta de organização” de trabalho naquele país, conta que já fez a cobertura televisiva de grandes eventos desportivos, mas garante que este Mundial tem outra dimensão.
“Eles estão histéricos com isto”, confidencia entre risos. A única diferença, aponta, é “a falta de multidões nas ruas”. “Talvez porque futebol é um desporto de massas, que por norma não são ricas, e aqui é tudo caro”, afirma, exemplificando com as “noites em tendas que rondam as 200 libras” e a “cerveja que custa 14 euros”.
Ciente da polémica instalada à volta do país, conta que “durante este mês os cataris vão ter um comportamento diferente e até a polícia está mais simpática”, sem dúvidas de que “quando o Mundial acabar vai voltar a ser tudo igual”.
Emigrado no Catar há sete anos, depois de uma primeira experiência de apenas dois anos, acrescenta ainda que ser português é vantajoso, “por causa do Ronaldo”, mas não esconde que “é preciso engolir muitos sapos”.
“Isto é um país difícil, a religião tem muito peso e o dinheiro compra tudo, os valores são diferentes de tudo o que aprendi”, sublinha, lamentando ter de sair de um “País fantástico” para procurar novas oportunidades.
“Mas sei que tudo isto tem um tempo de duração e só penso no dia em que me vou embora”, conclui.